Nesta edição do Clipping Semanal, os links selecionados pelo Observatório Internacional abordam a crise humanitária aberta nos EUA após Trump determinar a separação de famílias imigrantes indocumentadas, através de sua política de “tolerância zero” com imigrantes e refugiados sem papéis. Imagens de crianças enjauladas pedindo por seus pais no sul do Texas comoveram o mundo e se somaram a uma série de medidas xenofóbicas que a extrema-direita populista vem promovendo não só nos EUA como no continente europeu. Na Itália, o ministro do Interior, Matteo Salvini (líder da Liga Norte), começa a planejar a deportação de milhares de refugiados residentes na península itálica, ao passo que na Alemanha, Merkel é pressionada por seus aliados à direita a restringir ainda mais as regras de recepção de imigrantes.
Na América Latina, o destaque fica por conta das eleições colombianas, que reconduziram a direita uribista à presidência do país. Enquanto isso, no México o candidato outsider López Obrador abre uma grande vantagem nas pesquisas a menos de 10 dias do pleito eleitoral. Na Argentina, o FMI libera um pacote de ajuda financeira, condicionada a um ajuste neoliberal ainda maior por parte de Macri.
Sobre estas notícias globais e muitas outras, nossos leitores podem acessar abaixo alguns artigos e reportagens dos principais meios de comunicação do mundo. Na segunda parte, selecionamos artigos que tratam destes mesmos assuntos com uma perspectiva à esquerda.
Charles Rosa – Observatório Internacional
ARTIGOS E NOTÍCIAS DE SITES INTERNACIONAIS
Crise humanitária nos EUA de Trump
THE GUARDIAN (18/06): “Editorial – Política de imigração de Trump: odiosa e errada” (em inglês)
“Não é apenas a atual crueldade que deve nos assustar. As separações fronteiriças são obviamente imorais e inconcebíveis. As crianças são arrancadas dos braços de suas mães; elas choram pelos pais sem resposta; elas estão enjauladas. Mesmo quando o sofrimento imediato das 2.000 detidas já passou, muitas serão afetadas na vida pelo trauma. Para algumas, as divisões serão permanentes. Os pais estão sendo deportados sem seus filhos. No mês passado, um pai se matou após a separação de sua família. No entanto, à medida que o custo humano se torna mais acentuado, o ritmo das separações aumenta.”
CNN (19/06):”Por que Trump insiste em separar as famílias na fronteira?“, por Stephen Collinson (em inglês)
“Ainda assim, Trump pode acreditar que ele tem motivos políticos para manter suas medidas. Uma nova pesquisa da CNN na segunda-feira mostrou que, enquanto o presidente tinha uma taxa de desaprovação de 59% sobre a imigração, 58% dos republicanos apoiaram a nova política para famílias de imigrantes indocumentados na fronteira sul. E 81% dos entrevistados que aprovam Trump também atribuem notas altas à sua política de imigração. Dado que esta é uma presidência quase exclusivamente enraizada em esforços para garantir a base de Trump, não seria surpreendente se o presidente examinasse tais números e decidisse que seus próprios interesses políticos – distintos dos do Partido Republicano – não sugiram nenhuma correção.”
BBC MUNDO (21/06): “Crianças separadas dos pais: o que significa o recuo de Trump com a separação das crianças de suas famílias” (em espanhol)
“Para um presidente como Donald Trump, que reivindica o lema “nunca te rendas”, o recuo em sua política de separar famílias imigrantes detidas na fronteira dos Estados Unidos supõe uma concessão especial. Emparedado politicamente pela indignação generalizada que causou o apartamento forçoso de milhares de pais e crianças, Trump assinou nesta quarta-feira uma ordem executiva para acabar com esse procedimento que até um dia antes qualificava como inevitável. “Trata-se de manter famílias juntas enquanto nos asseguramos de ter uma fronteira forte”, sustentou o mandatário ao anunciar a decisão na Casa Branca. Trump procurou limitar o alcance de seu recuo, advertindo que mantém a “tolerância zero” que implica processar penalmente imigrantes adultos que cruzam sem papéis a fronteira com o México, em sua maioria latino-americanos”.
NEWSWEEK (20/06): “A política de ‘tolerância-zero’ e o corte de impostos estão destruindo a economia dos EUA”, por Bill Saporito
“Tome a imigração. Nos termos mais amplos, nossa economia necessita de crescimento da população para alimentar o PIB. A matemática é simples. O gasto do consumidor representa quase 70% do PIB: quanto mais consumidores, mais consumo. No entanto, a população cresce a menos de 1% anualmente. Se detida a imigração, através de uma política de “tolerância-zero” com as pessoas que ingressam ilegalmente no país, o crescimento se torna limitado, formam-se menos lares, vendem-se menos bens e se criam menos postos de trabalho. A taxa de natalidade nos EUA está num mínimo histórico, segundo os Centros para Controle e Prevenção de Doenças, o que significa que não estamos produzindo suficientes trabalhadores para substituir os baby boomers que agora se aposentam. E em seus anos de aposentadoria, o gasto dos baby boomers diminui até que cessa”.
Guerra comercial entre EUA e China
EL PAÍS (19/06): “Trump ameaça China com mais tarifas e inflama duelo comercial” (em português)
“Mais lenha na fogueira. Donald Trump divulgou na noite desta segunda-feira, dia 18, um comunicado em que ameaça impor uma nova rodada tarifária à China, desta vez com uma alíquota de 10% sobre produtos importados num valor de 200 bilhões de dólares (750 bilhões de reais) por ano, intensificando a escalada entre as duas maiores potências econômicas. Os EUA aprovaram na sexta-feira a taxação de 25% sobre cerca de mil produtos chineses cujas importações somam 50 bilhões de dólares. O Governo chinês respondeu na mesma moeda. Agora, Washington volta a golpear. Se o olho por olho não parar, a guerra sacudirá a economia global.”
THE INDEPENDENT (22/06): “Donald Trump ameaça a UE com tarifas de 20¢ sobre carros europeus em grande escalada da guerra comercial” (em inglês)
Donald Trump ameaçou impor 20 por cento de tarifas sobre carros europeus, em um movimento que pode aumentar a nascente guerra comercial entre os EUA e seus aliados. O presidente norte-americano emitiu a advertência na sexta-feira, enquanto a União Européia impunha tarifas sobre a disseminação de produtos norte-americanos, desde o uísque Bourbon até motocicletas e cartas de baralho. A UE impôs as acusações de “reequilíbrio” em resposta à nova política de Trump de aplicar 20% de tarifas ao aço e ao alumínio europeus. O presidente dos EUA disse acreditar que a UE trata as mercadorias dos EUA de forma “muito injusta”.
Vitória da direita nas eleições colombiana
BBC (18/06): “Iván Duque será presidente depois de derrotar Gustavo Petro“, (em espanhol)
“O candidato do partido uribista Centro Democrático se impôs neste domingo com um apoio sem precedentes no segundo turno contra Gustavo Petro. Segundo dados da Controladoria Nacional e com 99,92 % das mesas contabilizadas, Iván Duque obteve 53,98% dos votos frente a 41,81% conseguido por Gustavo Petro.”
FINANCIAL TIMES (17/06): “Iván Duque vence na Colômbia“, (em inglês)
“Uribe liderará seu partido, Centro Democrático, no parlamento, o que deverá garantir uma maioria ativa para Duque que lhe permita aprovar algumas de suas propostas. “A grande pergunta é qual será a relação entre esses dois homens”, disse Yann Basset, cientista política da Universidade de Rosário em Bogotá. “Duque não pode ser um títere de Uribe, mas ao mesmo tempo não pode se dar o luxo de trai-lo. Terá esses dois inimigos potenciais pendentes em cima dele como presidente e terá de levá-los em conta cada vez que tomar uma decisão. Economicamente, Duque é ortodoxo. Prometeu cortar impostos corporativos, reduzir a burocracia, frear a evasão fiscal e reduzir a incerteza legal para investidores estrangeiros que buscam ingressar nos setores petroleiros e mineradores do país”.
Eleições no México
EL PAÍS (21/06): “López Obrador tange a maioria no Congresso, segundo as pesquisas“, (em espanhol)
“A poucos dias da eleição presidencial no México, a vantagem de Andrés Manuel López Obrador nas pesquisas não deixa de crescer e, ao menos no papel, se vislumbra definitiva. O candidato pela terceira vez alcança quase 50% dos votos, segundo a última média de pesquisas; aumentou sua vantagem em até 23% pontos sobre Ricardo Anaya, que teria por volta de 27%. José Antonio Meade teria em torno de 20%. Os olhares se centram agora em ver se o apoio a López Obrador se traduz também num respaldo a seu partido, Morena e sua coalizão com o ultraconservador Encontro Social e o Partido do Trabalho, no Congresso”.
Acordo da Argentina com o FMI
CLARIN (20/06): “O FMI aprovou o empréstimo e envia os primeiros 15 bilhões de dólares” (em espanhol)
“O Diretório Executivo do Fundo Monetário Internacional aprovou formalmente nesta quarta-feira o acordo Stand by para a Argentina, pelo que se liberará o primeiro desembolso por 15 bilhões de dólares do total de 50 bilhões que serão emprestados. O restante será de caráter “precatório”, pelo que poderia ser liberado mais adiante, se as autoridades solicitam”.
EL PAIS (20/06): “Por trás da vitória feminista na Argentina, a conveniência de Macri“, por Leila Guerriero
“Esta lei é uma antiga reivindicação de feministas e partidos de esquerda. Todos os Governos democráticos se recusaram a debatê-la no Congresso: radicais, peronistas, kirchneristas. Também o de Macri. Até que neste ano o presidente abriu o caminho para sua tramitação por razões que, presumivelmente, não se relacionam com sua ideologia (diz que não a usa), e sim com motivos complexos: promover um debate de dimensões épicas capaz de ofuscar temas igualmente graves (inflação, pobreza) e se apropriar de uma agenda ainda ignorada por Governos que se disseram progressistas.”
Ex-presidente Rafael Corrêa é indiciado por suposto sequestro de opositor no Equador
BBC MUNDO (18/06): “A Justiça do Equador vincula o ex-presidente do Equador a um sequestro” (em espanhol)
“A Corte Nacional de Justiça do Equador vinculou nesta segunda-feira o ex-presidente, Rafael Correa, ao processo por sequestro do ex-deputado Fernando Balda, um dos mais destacados opositores de sua gestão. A CNJ, a máxima instância judicial do país, aponta Correa como suposto “autor mediato” do sequestro e ordenou que o ex-mandatário se apresente a cada 15 dias em Quito a partir do próximo 2 de julho”.
Senado canadense legaliza maconha para fins recreativos
THE GUARDIAN (20/06): “Canadá se torna o segundo país a legalizar o uso de cannabis” (em inglês)
O Canadá será o segundo país do mundo a legalizar totalmente a maconha, depois que o Senado aprovou uma legislação que abre caminho para que a maconha recreativa seja legalmente comprada e vendida nos próximos dois ou três meses. “Acabamos de testemunhar uma votação muito histórica que encerra 90 anos de proibição”, disse o senador Tony Dean a repórteres na terça-feira após a votação. “Isso encerra 90 anos de criminalização desnecessária e termina com um modelo de proibição que inibia e desencorajava a saúde pública e a saúde da comunidade em favor de abordagens de” apenas digas-não “que simplesmente deixavam os jovens fracassados”.
OMS retira transexualidade de lista de doenças mentais
CNN (20/06): “OMS deixará de classificar pessoas transgênero como ‘doença mental‘” , (em inglês)
“A agência de saúde das Nações Unidas anunciou nesta segunda-feira em seu 11º catálogo da Classificação Internacional de Doenças (ICD) que “incongruência de gênero” – termo da organização para pessoas cuja identidade de gênero é diferente do gênero ao nascer – foi retirado do capítulo dos transtornos mentais e introduzido no capítulo de saúde sexual da organização. A mudança será apresentada na Assembléia Mundial da Saúde, o órgão legislativo da OMS, em 2019 e entrará em vigor em 1º de janeiro de 2022. A OMS disse que espera que a mudança melhore a aceitação social entre os transexuais, enquanto ainda disponibiliza importantes recursos de saúde.”
Eleições na Turquia
THE INDEPENDENT (22/06): “Enquanto Selahattim Demirtas concorre à presidência de dentro da cadeia, eleitores curdos podem ainda ser cruciais nesta eleição” (em inglês)
“A decisão de Erdogan em convocar uma eleição-relâmpago parece ter sido uma aposta arriscada a cada dia. Em vez de cumprir o amplo mandato para uma presidência imperial que ele e sua corte esperavam, a votação parece ter galvanizado seus oponentes com um senso de propósito e de impulso, além de incentivá-los a uma cooperação estratégica sem precedentes. Considera-se como um sinal do quão alterado ficou Erdogan ao ter postulado a possibilidade, pela primeira vez, de uma coalizão se sua aliança liderada pelo Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP) não consegue uma maioria parlamentar. Esta é uma clara resposta a sua postura anterior de que não só não haveria a necessidade de que seu partido seguisse esse caminho, como que uma coalizão não era permissível sob a constituição do país aprovada pelo referendo do ano passado”.
Israel pretende prender quem filmar seus soldados
EL PAIS (18/06): “Israel propõe uma ‘lei-mordaça’ contra os que gravarem a atuação de seus soldados” (em espanhol)
“O partido ultranacionalista Israel Nosso Lar, dirigido pelo ministro da Defesa, Avigdor Lieberman, propôs a nova legislação para castigar a quem fotografar ou filmar os soldados com uma pena máxima de cinco anos de prisão, caso se pretenda “desmoralizar os soldados”, que se elevará até 10 anos no caso de que se busque “derrubar a segurança do país”. As mesmas sanções penais recairão sobre quem difundir os conteúdos audiovisuais, seja através das redes sociais seja pelos meios de comunicação”.
Plano de privatizações de Macron
EL PAIS (18/06): “Macron lança a primeira onda de privatizações em dez anos na França“, (em português)
“O ritmo para transformar a economia francesa é incessante desde que Emmanuel Macron chegou à presidência, um ano atrás. Agora, recém-aprovada a reforma da companhia ferroviária SNCF, é a vez das privatizações, as maiores em uma década. Não da SNCF, que continuará sendo pública, mas de outras três empresas que, cada uma em seu campo, são de grande valor. A primeira é a Aéroports de Paris (AdP), que inclui os aeroportos da capital, Charles do Gaulle e Orly. As outras são a Française des Jeux (FdJ, de loterias e apostas), e a Engie (gás).”
Governo xenofóbo na Itália
THE GUARDIAN (22/06): “Matteo Salvini parece persuasivo – até que demonstra seus punhos racistas“, por Elena Ferrante (em inglês)
“Salvini, secretário federal da Liga – a parte mais significativa do nosso novo governo – está alinhado com o pior das tradições políticas italianas. Amplamente subestimado, usado pelos produtores de televisão para animar os debates e gerar publicidade, ele se tornou cada vez mais persuasivo, dando a aparência de um homem comum bem-humorado que compreende completamente os problemas das pessoas comuns e no momento certo bate seus punhos xenófobos e racistas. na mesa.”
REUTERS (21/06): “Novos Césares da Itália superam Donald Trump“, por Rob Cox (em inglês)
“Imigração: Tanto Trump quanto o novo governo de Roma são enfáticos em seu desejo de coibir migrantes indesejados, e entregues a gestos simbólicos, até mesmo cruéis, para provar isso. Dias em seu mandato, Salvini, cujo ministério supervisiona a imigração, se recusou a permitir que um barco com 600 migrantes atracasse em um porto italiano. Em abril, o governo dos EUA instituiu uma política na fronteira mexicana que levou a que cerca de 2.300 crianças fossem separadas de seus pais.”
Hungria criminaliza ajuda a imigrantes ilegais
THE GUARDIAN (20/06): “Hungria passa leis anti-imigrantes “Pare Soros” ” (em inglês)
“O parlamento da Hungria aprovou uma série de leis que criminalizam qualquer indivíduo ou grupo que se ofereça para ajudar um imigrante clandestino a pedir asilo. A legislação restringe a capacidade de organizações não-governamentais (ONGs) para atuar em casos de asilo e foi aprovada em desafio à União Europeia e a grupos de direitos humanos. Segundo a lei, oficialmente chamada de “Stop Soros”, indivíduos ou grupos que ajudam migrantes ilegais a obter status de permanecer na Hungria estarão sujeitos a penas de prisão.”
Ministro do Interior ameaça derrubar Merkel
LE MONDE (21/06): “Crise política na Alemanha: Uma luta à direita contra Merkel” (em francês)
“Apenas três meses depois de formar um governo, Angela Merkel enfrenta uma crise que está abalando sua coalizão. O seu ministro do Interior, o ultraconservador Horst Seehofer, membro da CSU (União Social Cristã, Baviera), deu à chanceler duas semanas para endurecer a política de migração do país. Se não chegar a um acordo com os seus aliados europeus na cúpula de 28 e 29 de Junho, o Sr. Seehofer pretende fechar as fronteiras alemãs aos refugiados. Hans Stark, especialista na Alemanha contemporânea no Instituto Francês de Relações Internacionais, desvenda para o Le Monde as fontes dessa queda de braço com conseqüências imprevisíveis para a Europa”
DW (21/06): “Quase metade dos alemães quer renúncia de Merkel, diz sondagem” (em português)
“Uma sondagem divulgada nesta sexta-feira (22/06) mostrou que quase um de cada dois cidadãos da Alemanha é a favor de que a chanceler federal Angela Merkel renuncie ao cargo. A notícia vem em plena crise de governo no país devido à política migratória, e reforça os temores de que a coalizão em Berlim possa ser rompida. De acordo com a pesquisa representativa, feita pelo instituto demográfico YouGov, 43% dos entrevistados defendem a saída da chefe de governo, enquanto 42% são por sua permanência. Outros 15% não souberam ou não quiseram responder. Entre os eleitores do bloco conservador liderado por Merkel, 63% acreditam que a líder do União Democrata Cristã (CDU) deva concluir seu mandato, enquanto 27% acham que é hora de ela ceder o poder a um sucessor.”
África e os imigrantes
XINHUA (22/06): “A África deveria liderar o avanço dos direitos dos refugiados, resolver o movimento forçado” (em inglês)
“O relatório, que apontou três países africanos que são Burundi, Nigéria e Sudão do Sul como as seis situações prioritárias da Agência de Refúgio da ONU (UNHCR) em todo o mundo, indicou que “instabilidade, abusos dos direitos humanos e / ou conflitos em curso na República Centro-Africana (RCA)”. , a República Democrática do Congo (RDC), a Eritreia, o Mali, a Somália e o Sudão agravaram a situação de deslocados internos e refugiados nesses países e nas suas regiões.” O relatório também indicou que a crise de refugiados e refugiados internos da África se estenderá desde a bacia do Lago Chade, passando pela região dos Grandes Lagos até o Chifre da África, onde a África Subsaariana abriga cerca de 6,3 milhões de refugiados, um terço do mundo. população refugiada.”
DEBATES E ARTIGOS DA ESQUERDA INTERNACIONAL
Crise humanitária nos EUA
PSOL (20/06): “Nenhum ser humano é ilegal! Parar a política monstruosa de Trump!”
“Precisamos acabar imediatamente com esses modernos campos de concentração. Existem 49 crianças brasileiras, algumas inclusive com complexas condições de saúde, com autismo e epilepsia, na situação de encarceramento nos centros de detenção. Exigimos medidas imediatas do Itamaraty. Não é possível que o governo brasileiro receba normalmente o vice-presidente estadunidense Mike Pence no final deste mês, como se nada estivesse ocorrendo nos EUA. O Brasil se apequena perante o continente quando vê seus filhos serem tratados como pessoas de terceira classe nos EUA e não se posiciona concretamente. Exigimos o fim da política de anti-imigrantes do governo americano! E reafirmamos a necessidade do Brasil defender seus emigrados e receber bem imigrantes das diferentes partes do mundo. O PSOL e sua bancada parlamentar na Câmara dos Deputados tomarão todas as medidas cabíveis para denunciar essa situação ultrajante. É preciso dar um basta e parar a política monstruosa de Trump!”
JACOBIN MAGAZINE (21/06): “As raízes da barbárie imigratória de Trump”, por Daniel Denvir
“A análise correta da campanha de separação de crianças por Trump é emblemática de uma agulha analítica e retórica maior que a esquerda luta por enfatizar: assinalando que as terríveis políticas de Trump são frequentemente muito normais e arraigadas em normas bipartidárias estabelecidas há muito tempo, enquanto também reconhece e condena o fato de que está levando essas normas a extremos perigosos. As políticas normais evoluem de forma pior quando o faz um monstro descaradamente racista como Trump”.
Crise imigratória na Europa
VIENTO SUR (22/06): “A guerra da Itália contra os imigrantes me faz temer pelo futuro do meu país“, por Roberto Saviano (em espanhol)
“A triste verdade é que este governo tem muitos seguidores e é popular porque identifica bem seus objetivos: as categorias de pessoas sobre quem descarregar suas frustrações, os inimigos a quem atacar. Assim são as coisas, goste ou não os italianos. Mas a grande quantidade de italianos que sofrem e estão enfurecidos não vai melhorar sua situação se mobilizar contra os imigrantes. Ao contrário, nos países nos quais se asseguram direitos para todos, inclusive para as minorias, toda a comunidade desfruta dos benefícios. Levou décadas para as comunidades integrarem, mas em muito pouco tempo tudo pode colapsar como um castelo de areia, destruído pelo nacionalismo que converte todo mundo em inimigos”.
REBELION (20/06): “Nossa Antígona“, por Santiago Alba Rico (em espanhol)
“Nossos Polinices e Palinuros, africanos ou asiáticos, morrem afogados longe de casa. Nossas Antígonas, de todas as nações, reclamam o direito dos vivos e dos mortos a um corpo e a uma pólis. Nossos Creontes, europeus ou aliados, impedem seu salvamento ou perseguem os socorristas. Este conflito entre vivos e mortos cobre na realidade todos os outros conflitos: entre cuidadores e descuidados, entre jovens bárbaros e gregos senis, entre indivíduos aventureiros e sociedades fossilizadas, entre o império da lei universa e a servidão aos interesses e temores particulares. Também – como não – o conflito “histórico” entre pobres e ricos. Desde a II Guerra Mundial nunca havia existido, não, tanto cadáveres insepultos na Europa. Esse é o estado do mundo. Esse é o estado de nossa civilização. Os fantasmas sempre regressam”.
Eleições na Colômbia
PORTAL DA ESQUERDA EM MOVIMENTO (19/06): “Breves comentários sobre as eleições na Colômbia: por que ganhou Duque?“, por Israel Dutra e Pedro Fuentes (em português)
“A vitória de Duque não pode distorcer o avanço histórico de uma esquerda, mesmo moderada, capaz de provocar uma ampliação do debate entre o social e político. A Colômbia transformada num enclave do DEA, porta-aviões sul-americano dos Estados Unidos encontra-se em vias de ser questionada. Um novo governo conservador será obrigado a implantar um plano de guerra contra o povo, ressoando uma maior polarização. Novas lutas sociais se avizinham. Se não hoje, amanhã. Os tempos estão mudando. Em todo continente.”
REBELION (20/06): “A vitória pírrica da oligarquia“, por Carlos Meneses Reyes (em espanhol)
“Louvável o discurso de reconhecimento institucional do candidato Petro. Já não é o caudilho presidenciável, agora se erige no Dirigente do seu povo. Sobre o eleito Duque, quem terá de se afastar de seus comilões da camarilha corrupta tradicional, para alcançar um mínimo respeito dos governados. Eleito ou escolhido por sinistro personagem, resultou eleito em toda a acepção irregular do verbo. 8 milhões de votos de imperiosa potencialidade de atividade política nas ruas serão sua prova de fogo nos chamados primeiro cem dias de seu governo. Anunciou a Segurança para os colombianos, mas no imaginário popular significa a segurança aos latifundiários e exploradores de todas as plumagens, para continuar desfrutando dos privilégios no segundo pais mais desigual do planeta”
Eleições no México
REBELION (18/06): “Triunfa AMLO e o que segue“, por Pedro Echeverría (em espanhol)
“Se a esquerda e centro/esquerda não forem capazes de organizar um forte movimento de massas nas ruas e centros de trabalho para batalhar pelas demandas necessárias e defender o que o povo tem, López Obrador e seu partido Morena serão facilmente engolidos, tragados sem por muita resistência, pelos grandes empresários e pelo império. López Obrado, nestas últimas semanas de campanha afrouxou, deu passos atrás frente ao acosso empresarial. Aprovo-o porque são os últimos passos para ganhar a Presidência; mas se depois segue fazendo concessões à classe dominante para ganhar “sua boa vontade”, então se acabaram as “chances”. Em vez de chorar é preciso continuar as mil batalhas ainda que outros muitos já cansados prefiram e decidam descer do trem”.
PRT (20/06): “A crise do regime e as eleições de 2018” (em espanhol)
“O atual processo eleitoral nos é apresentado como um momento de reacomodação política no México. Não é que o processo eleitoral e suas campanhas provocaram a crise. É que o processo eleitoral ocorre num ponto culminante, de acumulação de agravos, da crise do regime político todo e de suas instituições político-eleitorais, incluindo os partidos institucionais. A divisão da burguesia como consequência da crise de 2008 e as mudanças econômicas globais finalmente explodem numa ruptura na oligarquia. Por outro lado as constantes mobilizações, protestos e resistências populares que embora não tenham conseguido reverter as reformas neoliberais estenderam o descrédito e a ilegitimidade do atual poder. A conjunção de tudo isso dá como resultado a crise do regime político que rompeu as bases do regime surgido do giro histórico que significou o pacto PRI-PAN, simbolizado pela aliança Salinas de Gortari-Fernández de Cevallos de 1988.”
Greve Geral na Argentina
PSOL (22/06): “Argentina a caminho da greve geral”, por Israel Dutra (em português)
“Os desdobramentos da crise cambial levam a inflação a corroer os salários. E essa contradição tem se desenvolvido, como já dito, a partir da vitória dos professores de Neuquen, recolocando para o movimento operário a possibilidade de ir além dos 15% negociados anteriormente. O próprio governo já acenou com a possibilidade do índice chegar perto de 20% de reposição, o que foi rechaçado, uma vez que a inflação do ano pode ficar na casa dos 30%. Um dos sindicatos mais fortes, apesar de sua condução burocrática, o dos caminhoneiros, conseguiu um acordo de 25%, após paralisar na semana passada e ameaçar a ir a uma greve de três dias. Várias categorias lutam neste momento.”
PROJECT SYNDICATE (21/06): “As raízes da surpreendente crise econômica argentina“, por Joseph Stiglitz e Martín Guzmán (em espanhol)
“Quando Mauricio Macri assumiu sua presidência, Argentina tinha conflitos macro-econômicos para resolver. Apesar dos mercados aplaudirem suas primeiras medidas tendentes à liberalização, os investimentos anunciados nunca chegaram ao país. Finalmente, se produziu uma crise cambial. Agora, Argentina retorna ao Fundo Monetário Internacional. No entanto, as políticas que está adotando poderiam não levar ao desenlace esperado pelo governo.”