Nesta edição do Clipping Semanal, os destaques ficam por conta das atribulações comerciais entre os EUA e a China, o desarranjo da economia turca em pé de guerra com a Casa Branca, o avanço organizativo da esquerda estadunidense dentro do Partido Democrata, a condenação bilionário da Monsanto num tribunal da Califórnia, as primeiras iniciativas de participação popular de Lopez Obrador no México, a preocupante questão imigratória envolvendo as crises políticas na Nicarágua e na Venezuela, as recentes medidas do governo Maduro para controlar a super-inflação em seu país, a tomada de posse de Mario Benítez no Paraguai, o fim da intervenção financeira dos organismos internacionais na Grécia, as eleições controversas no Mali e o massacre de crianças no Iêmen.
Uma boa leitura e até a próxima edição!
Charles Rosa – Observatório Internacional
Conflito Comercial entre EUA e China
The Guardian (19/08): “Editorial -Desconforto em casa e no exterior” (em inglês)
Este não foi o verão mais fácil para Xi Jinping e seu país. As tarifas de Donald Trump abalaram os nervos em Pequim, já instáveis pela desaceleração da economia. O Ministério das Finanças e o Banco Central tiveram uma discussão aberta sobre a política fiscal. Há reclamações de que a liderança provocou problemas com sua descarada projeção de poder; era complacente demais com os riscos da ação comercial dos EUA; e está lutando para responder. Mas mesmo se as negociações comerciais progredirem quando retomarem esta semana, a questão é um canal para frustrações e também para a causa imediata.
Forbes (19/08): “Guerra comercial com a China: onde estamos agora?” (em inglês)
As tarifas de Trump estão fazendo o remapeamento das cadeias de fornecimento globais. Fabricantes baseados na China, que já estavam contemplando a realocação /,estão fazendo isso antes do planejado. A pressão tarifária de Trump também está causando certa tensão no Partido Comunista Chinês, com Xi não sendo mais o líder óbvio nessa guerra comercial. O premier da China, Li Keqiang, subiu da obscuridade da tarde para falar sobre política comercial, sugerindo que Xi não quer que o fardo seja colocado sobre seus ombros.
Crise na Turquia
Publico (14/08): “Braço-de-ferro entre Erdogan e Trump mantém Ancara no centro de um terremoto financeiro” (em português)
Recep Tayyip Erdogan não cede. Com a lira turca a cair a pique e a economia do país a enfrentar um cenário de colapso, o Presidente da Turquia recusa curvar-se perante Donald Trump e insiste no apelo à resistência contra a “guerra económica” de Washington, a quem acusa de ter espetado uma “faca nas costas” de Ancara. Enquanto aguarda por mais “ataques”, Erdogan ordenou a intervenção do banco central na economia e abriu os braços a “novos aliados”, piscando o olho à Rússia, à China e ao Qatar. O todo-poderoso Presidente turco – reeleito para o cargo em Junho, no final de um processo de transformação política assente numa vaga de repressão sem precedentes – reafirmou esta segunda-feira que a queda da lira é o resultado de uma “conspiração”. Garantiu que a moeda turca vai regressar rapidamente a “níveis racionais”, pese a disseminação de notícias “enganadoras” sobre o seu desempenho nos últimos dias. A lira já caiu este ano cerca de 40% face ao dólar.
Clarin (19/08): “Desconcerto e inação, as duas chaves da crise turca“, (em espanhol)
A lira turca caiu mais de 40% nos últimos 6 meses, e o governo do presidente Recep Erdogan necessita US$218 bilhões para financiar o déficit em conta corrente (6% del PBI) no próximo ano. Além dos requerimentos financeiros da dívida das empresas turcas no exterior (os bancos devem enfrentar pagamentos na ordem de US$76 bilhões). Turquia conta com reservas por US$130,875 bilhões (maio de 2018), numa economia de US$900 bilhões e uma população de 81 milhões de habitantes. O PIB turco cresceu 7% nos últimos 10 anos, com uma renda per capita que se expandiu 3.5% ao ano (US$ 18 000 anuais em 2017), com uma inflação de 16% no ano, a partir do aumento de 5% que experimentou em 2016.
Crescimento dos socialistas nos EUA
The Guardian (19/08): “Democratas dos EUA lutam para dar sentido a onda socialista“, por Anne McElvoy (em inglês)
Uma nova pesquisa Gallup concluiu que o apoio ao capitalismo como sistema caiu para menos de 50% entre os democratas pela primeira vez no pós-guerra. Em uma análise da Newsweek, o comentarista Peter Roff avaliou que a força motriz era que “os democratas estão perdendo a fé no capitalismo, não se apegando mais ao socialismo”. Os ganhadores instantâneos, no entanto, são candidatos capazes de canalizar essas insatisfações de forma mais ruidosa e envolver os eleitores mais jovens, não convencidos pelas mensagens de “esperança” e “mudança” nos cartazes de Obama de seus pais. O mais proeminente deles é Alexandria Ocasio-Cortez, que venceu uma importante eleição primária do Partido Democrata de Nova York, derrotando um titular estabelecido no Bronx-Queens. Isso coloca a questão que os predecessores de centro menos gostam de enfatizar: se somos tão grandes, por que estamos perdendo para a velha esquerda e Trump?
Folha (19/08): “Democratas à esquerda tentam ganhar espaço nos EUA” (em português)
O havaiano Kaniela Ing, 29, acha importante levar moradia a todos os 1,43 milhão de habitantes do arquipélago, onde um apartamento com vista para o mar pode custar US$ 7 milhões. Com um discurso com acenos socialistas no país que se orgulha de ser o mais capitalista do mundo, o político é mais um dos que tentam surfar na onda de renovação que movimenta o Partido Democrata desde que o senador Bernie Sanders disputou a indicação à presidência com Hillary Clinton, em 2016. Durante a campanha, Sanders defendeu temas como emprego com garantia federal para trabalhadores americanos e saúde para todos. As propostas atraíram eleitores saturados de ouvir o partido falar sempre dos tradicionais temas de aborto e casamento entre pessoas do mesmo sexo. Nas eleições legislativas de 2018, associar sua imagem à de Sanders é quase pré-requisito para atrair o público conquistado pelo senador.
Lopez Obrador
El País (17/08): “López Obrador submeterá a referendo um novo aeroporto na Cidade do México” (em espanhol)
Andrés Manuel López Obrador, presidente eleito do México, submeterá a consulta popular a construção do novo aeroporto da Cidade do México. O político anunciou nesta sexta-feira que os mexicanos escolherão entre seguir a construção do aeródromo nas proximidades do lago Texcoco (30 quilômetros da capital) ou começar com a ampliação da base militar de Santa Lucía (a 50 quilômetros da cidade) para que funcione paralelamente com o aeroporto Benito Juárez, atualmente em operação.
Crise na América Central
El Espectador (19/08): “Manifestação xenofóbica contra nicaraguenses na Costa Rica” (em espanhol)
Uma inédita e violenta manifestação xenofóbica contra dois nicaraguenses acendeu os alarmes na Costa Rica, um país em que ao menos 8% de sua população é imigrante e que historicamente deu assistência a pessoas que fogem de seus países. A manifestação, que poucos esperavam ter apoio das centenas de pessoas que se somaram, acabou em distúrbios, insultos e agressões contra os nicaraguenses, além de deixar um saldo de 44 detidos e confrontos com bombas e armas brancas.
Hiper-inflação na Venezuela
BBC Mundo (20/08): “A Venezuela do bolívar soberano: em que consiste o plano de Nicolás Maduro contra a hiper-inflação e o que opinam os que pensam que ela vai piorar” (em espanhol)
Para o governo de Nicolás Maduro a causa da hiper-inflação é a “guerra econômica” impulsionada pelos Estados Unidos, “as máfias colombianas” e a “oligarquia”, atores aos quais acusa de práticas de contrabando e especulação para inflar os preços e obter um lucro desmesurado. Mas opositores e analistas de tendência liberal creem que a causa é a má gestão econômica de Maduro, e destacam que o que interessa a qualquer empresa é vender seus produtos, não um mercado colapsado na qual a maioria não pode comprar quase nada por seu alto custo. BBC Mundo tentou esclarecer em que consistem as mudanças econômicas anunciadas e suas perspectivas de êxito na luta por conter os preços.
Restrição à entrada de venezuelanos no Peru e no Equador
Publico (19/08): “Vizinhos da Venezuela apertam fronteiras aos que fogem da miséria” (em português)
A crise humanitária na Venezuela, que segundo a ONU já levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país, está a levar o Equador, o Peru, o Brasil e a Colômbia a digladiarem-se com as consequências do êxodo. Este fim-de-semana, o Brasil foi palco de ataques a campos de “migrantes”, como são ali referidos os que fogem da miséria no seu país. MAIS POPULARES Asia Argento, voz das denúncias MeToo, pagou a jovem actor que a acusou de violação Morreu PQP, o maior industrial do país Galamba critica vídeo de Centeno sobre a Grécia: “É lamentável” A crise econômica na Venezuela deverá agravar-se ainda mais com a criação de uma única taxa de câmbio do bolívar, indexada à Petro (a criptomoeda venezuelana), a partir de segunda-feira. As consequências práticas dessa medida são uma desvalorização imediata de 96%, e os especialistas dizem que a galopante hiperinflação vai agravar-se ainda mais. PUB O Presidente Nicolás Maduro anunciou ao mesmo tempo um aumento de 3000% do salário mínimo — apesar de o valor impressionar, a verdade é que não é suficiente para garantir sequer uma alimentação suficiente. O preço da gasolina, que é altamente subsidiado, vai também subir. A economia venezuelana, dependente de exportações de petróleo e praticamente sem capacidade produtiva industrial, está em colapso. E os milhões de pessoas em fuga levaram o Equador e o Peru a anunciar esta semana que vão apertar as regras de entrada de venezuelanos no país.
Novo presidente do Paraguai
Pagina 12 (16/08): “Assumiu Mario Abdo e houve protestos” (em espanhol)
Mario Abdo Benítes, do direitista Partido Colorado, assumiu ontem a presidência do Paraguai em meio de protestos nas ruas. O agora chefe de Estado prometeu lutar contra a corrupção, o crime organizado e contra as carências em educação em saúde, enquanto que na política exterior lançou fortes críticas aos governos da Venezuela e da Nicarágua. Abdo Benítez, de 46 anos, é filho do ex-secretário privado do ditador Alfredo Stroessner e os paraguaios não se esquecem deste detalhe. Enquanto ocorria a cerimônia de posse e o novo presidente recordava que seu pai havia ensinado como transitar na política, eram realizadas intervenções urbanas para recordar os crimes da ditadura.
Fim do resgate financeiro na Grécia
El País (20/08): “Grécia fica livre hoje dos resgates mas seguirá prisioneira da dívida”
O Fundo Monetário Internacional admite a médio prazo a inquietude pela dívida grega desaparece, mas adverte que ao observar o problema com luzes longas, as incertezas se acumulam. O Executivo liderado pelo Syriza comprometeu-se a cumprir com um superávit primário (antes do pagamento dos juros) de 3,5% do PIB até 2022, e superior a 2% até o ano de 2060, numas cifras sem precedentes. “As premissas econômicas para que a dívida seja sustentável em longo prazo vão explodir. Quando tivermos uma crise, veremos isso. Durante um certo tempo, o tema grego ficará anestesiado. Mas é o que em inglês chamam kicking the can down the road: uma fuga para frente. E será imprescindível uma quitação da dívida,” avisa Ángel Talavera, de Oxford Economics. Nesse caso, existem riscos para o contribuinte europeu, que possui cerca de 75% da dívida.
Jeremy Corbyn no Reino Unido
The Guardian (20/08): “Somente o Labour do Jeremy Corbyn pode reimaginar uma União Europeia que funcione para todos“, por Hilary Wainwright (em inglês)
Esse espírito de debate criativo já é evidente nos processos de baixo para cima que estão alimentando as novas políticas econômicas do Partido Trabalhista. O primeiro estágio para o desenvolvimento de um novo relacionamento com a Europa, depois de eliminar os destroços dos planos do Brexit de Theresa May, deve envolver discussões e debates em todo o Partido Trabalhista e Momentum e seus aliados na esquerda européia. Uma nova política, baseada na crença nas capacidades extraordinárias das pessoas comuns, requer a ruptura da suposição de que as pessoas só podem dizer sim ou não às propostas da classe política. O futuro relacionamento da Grã-Bretanha com a Europa deve ser discutido nas reuniões de bairro e cidade em toda a Grã-Bretanha. Para construir uma Europa para as maiorias sociais, as maiorias sociais devem estar ativamente envolvidas em sua criação.
Eleições no Mali
AFP (16/08): “Keita consegue a reeleição no Mali” (em espanhol)
Com 67% dos votos, Ibrahim Boubacar Keita (IBK) foi reeleito presidente do Mali para um novo mandato de cinco anos depois de se impor no segundo turno das eleições presidenciais contra seu rival e chefe das fileiras da oposição, Soumaila Cissé, que alcançou, 32% de apoios. A proclamação de resultados se produz num contexto de especial tensão pós-eleitoral com as forças da ordem e o Exército patrulhando de maneira visível as ruas de Bamako e vigiando muito de perto os principais líderes da oposição. Cissé já anunciou que não reconhecerá o resultado da “ditadura da fraude” e instou os malinenses a se re rebelar contra esta nova vitória de IBK.
Massacre no Iêmen
El País (20/08): “Matam os adultos, morrem as crianças” (em espanhol)
Segundo os dados da UNICEF, cinco menores de idade morrem ou são feridos por dia desde março de 2015, mês no qual a Arábia Saudita, em apoio ao Governo de Abdrabbo Mansur Hadi, iniciou a ofensiva contra os Huthi, levantados com o apoio do Irã. Sunitas e xiitas, de novo no centro do teatro no Oriente Médio. Três anos e meio depois, a guerra destroçou o país: 22 milhões de imênitas, isto é, três quartas partes da população, requerem ajuda humanitária. 11 milhões são menores de idade – quase a totalidade dos que habitam o país necessitam algum tipo de ajuda, segundo as organizações humanitárias no terreno. “O conflito”, assinala Bismarck Swangin, porta-voz da UNICEF desde o Iêmen, converteu o país num inferno em vida para as crianças. Não em vão, a agência da ONU aponta o Iêmen num de seus últimos informes como “um dos piores lugares do mundo para ser criança”.
Condenação da Monsanto
Rolling Stone (15/08): “Táticas de manipulação da EPA da Monsanto reveladas em um caso de US $ 289 milhões” (em inglês)
Na sexta-feira, um júri da Califórnia descobriu que os produtos da Monsanto provavelmente causaram o câncer de Johnson e ordenou que a empresa pagasse US $ 289 milhões ao zelador do terminal. Como o primeiro de cerca de 5 mil ações semelhantes pendentes contra a Monsanto, o julgamento é um precursor de problemas para a empresa. Depois que a decisão foi anunciada, o preço das ações da empresa controladora da Monsanto, a Bayer, caiu . Mas o produto que o júri acredita ter causado o câncer de Johnson ainda está no mercado. Isso porque a EPA (Agência de Proteção Ambiental), em novembro de 2017, declarou a substância inofensiva aos seres humanos. No julgamento, a equipe jurídica da Johnson conseguiu demonstrar, por meio de e-mails internos, como a Monsanto estava envolvida na obtenção da EPA para chegar a essa conclusão.
ARTIGOS E DEBATES DA ESQUERDA INTERNACIONAL
Desigualdade nos EUA
Rebelion.org (19/08): “Em busca das raízes da ‘excepcionalidade’ da desigualdade nos EUA“, por Branko Milanovic (em espanhol)
Quando tentamos averiguar por que se produz uma menor redistribuição favorável aos ‘pobres’ nos EUA, observamos que a explicação radica em transferências sociais mais modestas e políticas de impostos diretos menos progressivos. Isso, unido a nosso achado anterior de uma desigualdade das rendas procedentes do trabalho e das rendas relativamente alta nos Estados Unidos, significa que a desigualdade econômica nos EUA é ‘excepcional’ porque (a) a desigualdade de rendas procedentes do trabalho e das rendas subjacentes é alta; (b) as transferências sociais são modestas; e (c) os impostos diretos não são suficientemente progressivos.
Municipalismo nos EUA
Rebelion.org (21/08): “Estados Unidos, terra fértil para um novo municipalismo“, por Kate Shea Beird (em espanhol)
Os debates mais apaixonantes que presenciei nos EUA se relacionavam com a questão sobre quais seriam os modelos eleitorais e organizativos mais adequados para pôr em prática o municipalismo. Estes debates partem do fato de que as leis eleitorais dificultam ou inclusive impossibilitam que se apresentem novos partidos, e que o sistema eleitoral não proporcional faz com que seja mais difícil que uma candidatura nova consiga representação. Portanto, as perguntas que se fazem giram em torno de si é estratégico, ou não, apresentar-se através das primárias do partido Democrata e sobre que tipo de relação é preciso construir com partidos ‘terceiros’ como os Democratic Socialists of America (DSA), cuja militância cresceu de 6.000 a 45.000 desde 2016, ou o Working Families Party (WFP), que leva 20 anos organizando campanhas ‘grassroots’ a nível local.
México
Rebelion.org (20/08): “Negociar com os cartéis do tráfico?“, por Ricardo Orozco
O governo eleito parte do entendido de que, nas três administrações federais, anteriores, a estrutura estatal e sua maquinaria governamental foram atores contribuintes para o agravamento das condições de violência que assolaram a população durante dezoito anos: seja porque se fez uso ativo do exercício da violência contra a cidadania por meio de instituições como no exército, na marinha e nos distintos corpos policialescos ou, em seu defeito, tanto porque Estado e governo foram omissos ante a profusão da mesma como porque Estado e governo optaram por eliminar do espaço de discussão, de planejamento e de implementação de políticas públicas para derrotar o crime organizado e os atos a ele vinculados, aos principais afetados pelo fenômeno em questão.
Complexo industrial militar dos EUA
Sin Permiso (18/08): “O império e a militarização do sistema financeiro“, por Alejandro Nadal (em espanhol)
Sabemos que o gasto militar dos Estados Unidos supera o dos 10 países seguintes nessa escala. Mas se as sanções impostas contra o Irã são suscetíveis de ter mais impacto que antes, isso não se deve ao gigantesco arsenal militar estadunidense mas à capacidade de Washington de utilizar sua hegemonia monetária na economia mundial. E embora seja certo que algum dia a supremacia do dólar chegará a seu fim, enquanto se mantiver nessa posição dominante não poderá evadir os efeitos da militarização do espaço financeiro.
Israel
Sin Permiso (18/08): “Gaza como um experimento israelense“, por Amira Hass (em espanhol)
É uma enorme prisão, o maior centro de detenção do mundo, um gueto ou um campo de concentração? Nós, os jornalistas temos que refletir sobre a forma mais adequada de descrever os horrores do bloqueio da Faixa de Gaza com a vã esperança de encontrar um termo suficientemente impactante como para deter a loucura. Igual a todos os temas relacionados com os palestinos, cada palavra escrita sobre eles será utilizada pela direita pró-colonos, que atualmente representa a maioria dos judeus israelenses, para desviar a atenção do que de verdade está se sucedendo em Gaza.
Desenvolvimento industrial da China
International Viewpoint (21/08): “Mudanças e continuidades: Quatro Décadas de Relações Industriais na China“, por Chris King-Chi Chan
No final dos anos 90 e início dos anos 2000, com as políticas mais relaxadas do Partido-Estado, ativistas trabalhistas e intelectuais na China continental começaram a estabelecer suas próprias organizações. Desta forma, a existência e organização de ONGs trabalhistas pode ser vista como emergindo de um momento histórico e político particular. Enquanto intelectuais e ativistas sociais mantiverem suas preocupações por questões trabalhistas, as medidas adotadas para apoiar a luta dos trabalhadores podem variar ao longo do tempo e do espaço. Por exemplo, oito estudantes universitários de Pequim foram detidos ou procurados pelo governo enquanto organizavam um grupo de leitura com trabalhadores em um campus universitário em Guangzhou (Chuang, 2018). Isso instigou uma enorme manifestação de apoio de estudiosos chineses e outros intelectuais. Ele ilustra que a luta em torno dos direitos trabalhistas entre os atores da sociedade civil trabalhista e o Estado está longe de estar morta. Está em curso, em desenvolvimento e em mudança. Sob um novo contexto político, novas estratégias foram criadas para apoiar os trabalhadores e resistir à pressão do Estado.