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CLIPPPING SEMANAL DO OBSERVATÓRIO INTERNACIONAL DA FUNDAÇÃO LAURO CAMPOS

Nesta edição do Clipping Semanal do Observatório Internacional, as notícias e artigos destacados dizem respeito aos seguintes temas: manifestações dos ‘coletes amarelos na França’, caravana dos migrantes centro-americanos, protestos dos indígenas mapuche no Chile, pedido de asilo do ex-presidente peruano Alan García na embaixada uruguaia, recuo da reforma do sistema judicial na Polônia, afagos de Trump ao príncipe saudita, crise humanitária no Iêmen, aquecimento global, eleições municipais em Taiwan.

Uma excelente leitura a todos e até a próxima semana!

Charles Rosa – Observatório Internacional FLC


Notícias e manchetes da imprensa mundial

PROTESTOS DOS “CASACOS AMARELOS” NA FRANÇA

Associated Press (24/11): Manifestantes franceses enfurecidos com os impostos sobre os combustíveis se chocam com a polícia na França” (em inglês)

A polícia francesa disparou gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar manifestantes em Paris neste sábado, quando milhares de pessoas se reuniram na capital e em outros lugares e organizaram bloqueios de estradas para desabafar a raiva contra o aumento dos impostos sobre combustíveis. Milhares de policiais foram mobilizados em todo o país para conter o oitavo dia de manifestações que começaram como protestos contra os impostos, mas se transformaram em uma revolta contra o presidente Emmanuel Macron e o elitismo da classe dominante da França. Duas pessoas foram mortas desde 17 de novembro em tragédias relacionadas a protestos.

Caravana de imigrantes da América Central

The New Yorker (19/11): “A crise real que enfrenta a caravana de migrantes em Tijuana” (em inglês), por Eric Lach

O que acontecerá com a caravana de migrantes à medida que seus membros chegarem, mais deles todos os dias, em Tijuana, no México, do outro lado da fronteira de San Diego? Autoridades aduaneiras americanas em San Diego estão atualmente processando apenas cerca de cem pedidos de asilo por dia. (Fazer os requerentes de asilo se sentar e esperar no lado mexicano da fronteira tem sido uma tática da administração Trump há meses.) Mesmo antes de os membros da caravana começarem a chegar, a fila para entrar na América para reivindicar asilo de Tijuana era de cerca de três mil pessoas. Agora, alguns milhares de membros da caravana estão na cidade, com vários milhares mais próximos deles. Caravanas menores que surgiram na esteira da primeira caravana também estão indo para o norte. É possível que dez mil migrantes estejam em breve em Tijuana, uma cidade de 1,6 milhão de habitantes, sem empregos, sobrecarregando o sistema de abrigos da cidade, enfrentando a perspectiva de uma espera de meses para ultrapassar a fronteira. Neste final de semana, centenas de moradores locais se reuniram para protestar contra a presença dos migrantes na cidade. Enquanto isso, em Washington, Donald Trump continua a proferir demagogias sobre os migrantes. Sua administração continua a tomar medidas para piorar as coisas, não melhor, na fronteira. E, no dia 1º de dezembro, um novo presidente – Andrés Manuel López Obrador – assumirá o cargo no México. A situação é volátil e sem precedentes históricos.

El País (23/11): “Trump intensifica ameaças à caravana de migrantes (em espanhol)

Donald Trump volta a intensificar sua mensagem para a caravana de migrantes centro-americanos, que estão, depois de uma marcha de mais de 4.000 quilômetros, às portas dos Estados Unidos, onde se dispõem a pedir asilo. Os centro-americanos que chegam aos pontos de fronteira dos EUA em busca de asilo deverão esperar no México enquanto as autoridades do país tramitam seu pedido, de acordo com as novas medidas que pretende implementar o presidente, segundo uma informação publicada pelo The Washington Post. Aqueles que não puderem demonstrar um “medo razoável” de serem perseguidos no México não poderão entrar nos Estados Unidos, apontam os documentos internos do Departamento de Segurança Nacional obtidos pelo jornal norte-americano.

Renúncia de governador chileno após morte de indígena mapuche

Página 12 (22/11): “Caiu o governador de Araucanía“, (em espanhol)

Luis Mayol renunciou dias depois de que a comunidade mapuche denunciasse o fuzilamento do jovem Catrillanca por razões políticas. O ministro do Interior do Chile será interpelado no Congresso por sua responsabilidade no crime. Catrillanca, de 24 anos, morreu de um tiro nas costas em 14 de novembro último enquanto conduzia um trator na comunidade de Temucuicui, na região de La Araucanía.

Corrupção no Peru

La Vanguardia (20/11): “Acusado de corrupção, o ex-presidente Alan García pede asilo na embaixada do Uruguai” (em espanhol)

A petição de asilo do ex-presidente peruano Alan García ao Uruguai abriu hoje uma crise internacional por conta da corrupção da empresa brasileira Odebrecht no país, e das investigações da Justiça para perseguir os casos que afetam seus líderes políticos. García, que desde ontem tem uma ordem de proibição de saída do país por 18 meses enquanto é investigado por supostos delitos de colusão agravada e lavagem de ativos, decidiu se tornar o primeiro ex-mandatário peruano investigado pelos subornos da Odebrecht a solicitar um asilo a outro país.

Autoritarismo na Europa

El País (22/11): “Governo da Polônia recua e altera reforma judicial reprovada pela UE” (em espanhol)

O Governo polonês acabou recuando da polêmica reforma do Supremo Tribunal do país. O partido ultraconservador Lei e Justiça (PiS), que controla o Executivo, apresentou nesta quarta-feira, 21, ao Sejm (Parlamento) uma sétima emenda à lei, com a finalidade de reincorporar os 27 magistrados aposentados compulsoriamente em julho, conforme exigiu há pouco mais de um mês o Tribunal de Justiça da União Europeia. Com 215 votos a favor e 161 contra, a emenda foi aprovada de forma expressa graças à maioria parlamentar do PiS. O Governo precisou de apenas quatro horas para recuar de uma de suas medidas mais controversas.

Aproximação de Trump com a Arábia Saudita

The Atlantic (20/11): “A brutal verdade por trás do caso de amor entre Trump e a Arábia Saudita” (em inglês), por Graeme Wood

E aqui está a verdade brutal por trás deste amoral amoroso: MbS fez o que a América pediu. Quatorze anos se passaram desde o filme risível Fahrenheit 11/9 de Michael Moore – tempo suficiente para apagar da memória coletiva dos Estados Unidos a queixa contra a Arábia Saudita que formava a coluna tortuosa daquele pseudodocumentário. A Arábia Saudita contribuiu com 15 dos 19 sequestradores em 11 de setembro; encorajou o jihadismo enquanto professava ser um aliado americano; ela distorceu a política americana ao exercer influência sobre a família Bush e os vários escravos corporativos de sua indústria petrolífera.

Crise humanitária no Iêmen

NY Times (23/11): “Calculam que 85 000 crianças poderiam ter morrido de fome no Iêmen” (em espanhol)

A ONG Save The Children calcula que seja provável a morte de cerca de 85 000 crianças por inanição desde que os bombardeios começaram em 2015. Os especialistas sustentam que o Iêmen se converteu na pior crise humanitária do mundo, e catorze de milhões de pessoas poderiam estar à beira da inanição, de acordo com as Nações Unidas.

Aquecimento Global

BBC (22/11): “Mudança climática: Concentração de gases de efeito estufa atingem novo recorde em 22017” (em inglês)

Concentrações de gases-chave na atmosfera que estão elevando a temperatura global atingiram um novo recorde em 2017. Em seu boletim anual sobre o efeito estufa, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) diz que não há sinais de reversão nesta tendência crescente. Os níveis de dióxido de carbono atingiram 405 partes por milhão (ppm) em 2017, um nível não visto em 3-5 milhões de anos. Os pesquisadores também observam o ressurgimento de um gás proibido chamado CFC-11.

Vitória dos ativistas ambientais na África do Sul

The Guardian (22/11): “Comunidade sul-africana vence batalha judicial sobre direitos de mineração” (em inglês)

Ativistas ambientais na África do Sul obtiveram uma vitória legal histórica depois que o tribunal superior ordenou que o governo obtivesse o consentimento prévio da comunidade antes de conceder os direitos de mineração. O julgamento representa uma grande vitória para os ativistas em Xolobeni, uma comunidade em Pondoland, que esteve envolvida em uma luta prolongada e às vezes violenta contra uma mina de titânio proposta. Seus advogados disseram ao tribunal que o departamento de recursos minerais ofereceu uma concessão de mineração para a empresa australiana Transworld Energy and Mineral Resources sem o prévio consentimento informado dos moradores locais. O projeto proposto visava gerar receitas anuais de £ 140 milhões para a vida útil de 25 anos do poço a céu aberto, que produziria zircônio, rutilo e titânio para laptops, bicicletas, tacos de golfe, relógios e brocas.

 

Eleições municipais em Taiwan

El País (25/11): “Duro golpe eleitoral para os partidários da independência de Taiwan na China” (em espanhol)

Sem paliativos. O Governo sinocético da presidenta de Taiwan Tsai Ing-wen sofreu neste sábado uma duríssima derrota em eleições municipais que se esboçavam como uma antecipação das presidenciais a ocorrer em menos de um ano. Depois de perder as principais prefeituras da ilha, inclusive a cidade bastião de seu partido, o Democrata Progressista (DPP), a chefe de Estado demitiu-se como líder desta formação política. O grande vencedor da jornada é o partido Kuomitang (KMT), mais partidário de cultivar laços amistosos com Pequim, que considera a ilha parte inalienável de seu território.

Notícias e debates internacionais

Jalecos amarelos

Sin Permiso (25/11): “Os ‘coletes amarelos’ são também o produto de uma série de fracassos do movimento social“, (em espanhol), por Annick Coupé, Patrick Farbiaz, Pierre Khalfa, Aurélie Trouvé

O movimento dos “coletes amarelos” é antes de tudo um sintoma de uma crise generalizada, a da representação social e política das classes trabalhadoras. O movimento operário organizado foi durante muito tempo a força que cristalizou o descontentamento social e lhe deu um sentido, um imaginário emancipatório. O poder do neoliberalismo debilitou progressivamente sua influência na sociedade, não lhe deixando outra função que a de acompanhar a regressão social.

Portal da Esquerda em Movimento (23/11): Sobre as manifestações dos ‘coletes amarelos’ na França“, (em português), por Thais Bueno

O governo vem tentando lidar com o movimento de modo semelhante a como tratou a greve dos ferroviários (cheminots), no primeiro semestre, levando a situação em banho-maria e não recuando de sua posição. No entanto, o fato dos Coletes amarelos continuarem crescendo, mesmo sem lideranças; terem mais de 70% de apoio da população; e estarem contando com apoio de importantes centrais sindicais francesas (vide, Confederação Geral dos Trabalhadores – CGT); faz com que Macron e seu staff tenham mais dificuldade em manter uma postura rígida e inegociável.

Estados Unidos

Portal da Esquerda em Movimento (23/11): “As mudanças políticas depois das eleições de meio de mandato nos EUA“, por Pedro Fuentes (em português)

A crise da globalização neoliberal e a falta, por ora, de alternativas anticapitalistas sólidas dão condições para que a política de Trump, debilitada interiormente, siga existindo. A retenção do Senado é outro elemento que conta para que digamos que é uma importante derrota parcial que de todas as maneiras incentiva a resistência brasileira e mundial como os ultranacionalismos. O principal inimigo de todos os americanos sai mais frágil, mas ainda não morreu. Quem pode agora em condições de dar um golpe mais duro será a luta dos trabalhadores dos EUA.

The Intercept (20/11): “As eleições, os ‘fascistas crisãos’ e podridão do sistema estadunidense – Entrevista com Chris Hedges“, por Jeremy Scahill (em espanhol) 

A lição mais importante que se desprende das sociedades em dificuldades, de sociedades em processos de desintegração, é que todas as sociedades são extremamente frágeis. E que é possível que a fachada dessa sociedade se pareça frequentemente monolítica e poderosa, mas será derrubada desde dentro e aí é onde estamos nós.

Caravana de migrantes

Viento Sur (23/11): “Con la #CaravanaMigrante desde Tijuana“, por Miguel Urbán, Amelia Martínez Lobo (em espanhol)

A resposta por parte dos Estados Unidos, Trump e seu séquito de aprendizes de patriotas racistas é a militarização das fronteiras e as devoluções em massa que não são permitidas pelo Direito Internacional. Tão lamentável como esperado, sim, mas recordemos que não é uma prática tão diferente a da União Europeia, com suas valas, arames, guarda-costas assassinos e externalização das fronteiras.

Portal da Esquerda em Movimento (23/11): “As caravanas desafiam os governos do continente“, por Dan La Botz

As milhares de pessoas migrantes organizadas em caravanas que caminham rumo ao norte, partindo da América Central para os EUA passando pelo México – 4800 quilômetros – colocaram um desafio aos governos e aos povos da América do Norte. Empurradas pela pobreza e pela violência, sua longa marcha constitui uma crítica implícita aos governos da América Central, que não lhes protegem e lhes impedem de ganhar o próprio sustento. Ao mesmo tempo, pressupõem uma denúncia contra o México, posto que precisam viajar em caravanas graças à violência que enfrentam as pessoas migrantes neste país, tanto nas mãos de organizações criminosas como da política corrupta. E quando a caravana chegar à fronteira, desafiarão os EUA para que respeite suas próprias leis e os tratados internacionais, que permitem as pessoas imigrantes solicitar o estatuto de refugiado ou de asilo.

Viento Sur (23/11): “Tão longe de Deus… e dos Estados Unidos”, por Alberto Pradilla (em espanhol)

Não sabemos o que vai ocorrer com esta longa marcha, mas todos os homens, mulheres e crianças que fazem parte do êxodo já fazem parte da história. Tiraram da clandestinidade ago que ocorreu durante décadas: a fuga massiva de centro-americanos para os Estados Unidos. Antes desta caravana (e também durante, só que não os vemos), centenas de milhares de guatemaltecos, salvadorenhos e hondurenhos fizeram as malas e provaram o sonho americano. Às escondidas.

Disputa em Angola

Esquerda.net (22/11): “O Império Contra-Ataca: Dos Santos versus Lourenço“, (em português)

A conferência de imprensa de José Eduardo dos Santos deixa duas marcas fundamentais: trata-se da primeira invetiva amplamente publicitada do antigo presidente contra o novo; ataca o ponto fraco de Lourenço, onde se estão a sentir as maiores dificuldades. Artigo publicado em Maka Angola

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