Clipping do Observatório Internacional (24/03/2019)

CLIPPING SEMANAL DO OBSERVATÓRIO INTERNACIONAL DA FUNDAÇÃO LAURO CAMPOS

Na edição do Clipping Semanal apresentada a seguir, reunimos alguns principais destaques do noticiário internacional dos últimos dias: a conclusão do relatório Mueller que investiga supostas ligações entre a eleição de Donald Trump e o serviço secreto russo, as recentes declarações do presidente norte-americano mudando o entendimento do país sobre a ocupação ilegal de Israel na região das Colinas de Golã, o desastre ocasionado pelo ciclone Idai em Moçambique, Malawi e Zimbábue, a apreensão nos mercados mundiais quanto a uma possível desaceleração global, a promessa de Daniel Ortega em libertar opositores políticos num prazo de 90 dias, a criação de um novo bloco regional na América do Sul pelos governos conservadores da região, os protestos em Santiago contra a presença de Jair Bolsonaro no Chile, a continuidade das tensões entre governo e oposição na Venezuela, os multitudinários protestos na Argélia, a derrota do Estado Islâmico na Síria, as primeiras eleições na Tailândia desde o golpe militar de 2014, a crise do Brexit no Reino Unido e os 100 dias de protesto contra o presidente da Sérvia.

Na segunda parte deste trabalho, selecionamos alguns artigos e entrevistas que abordam alguns dos temas que a esquerda mundial vem discutindo no último período: as movimentações dos socialistas dos EUA para as próximas eleições, o aumento das contradições econômicas do capitalismo global, o impacto da mudança climática nos países mais vulneráveis, a derrocada da economia argentina e as raízes do massacre islamofóbico ocorrido na Nova Zelândia na semana passada.

Desejamos a todos uma excelente leitura e até a próxima edição!

Charles Rosa – 24/03

Notícias e artigos da imprensa mundial

Relatório Mueller

LA Times (22/03): “Mueller entrega investigação sobre relações de Trump com a Rússia mas não recomenda investigações adicionais” (em inglês)

A decisão do procurador especial de concluir a investigação sem diligências adicionais provavelmente resulte em relativo alívio para o presidente e seu círculo íntimo depois de quase dois anos sob o encargo do ex-diretor do FBI. Mueller indiciou 34 pessoas, a maior quantidade de um procurador especial desde Watergate. Incluem mais de duas dezenas de russos e vários dos principais ajudantes de Trump, inclusive seu assessor de segurança nacional e seu chefe de campanha.

Trump e Colinas de Golã

CNN (21/03): “Trump busca reconhecer a soberania de Israel sobre as Colinas de Golã

Nesta quinta-feira, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, anulou a antiga política de seu país em relação às Colinas de Golã, ocupados por Israel, e anunciou que “é hora” de que EUA “reconheça plenamente a Soberania de Israel” sobre a região. (…) O anúncio outorga ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, uma importante vitória em política exterior, a menos de três semanas antes de que os israelense se dirijam às urnas para decidir se deve permanecer no poder.

France 24 (22/03): “Aliados e adversários do regime sírio condenam as palavras sobre Golã” (em francês)

A declaração do presidente dos EUA, Donald Trump, a favor do reconhecimento da soberania de Israel sobre as Colinas de Golã, um território estratégico sírio anexado em 1981, provocou uma avalanche de reações em todo o mundo. (…) O regime de Damasco se comprometeu a recuperar as Colinas de Golã por “todos os meios possíveis”. A coalizão dos principais grupos de oposição sírios no exílio denunciou o anúncio do presidente estadunidense, um dos poucos casos em que sua posição é similar a do regime.

Esquerda norte-americana

CNN (21/02): “Ocasio-Cortez, ‘a segundo política mais falada na América’, exalta capa da Time” (em inglês)

A deputada Alexandria Ocasio-Cortez apareceu na capa da edição desta semana da revista Time, consolidando ainda mais o status de deputada caloura como figura nacional. A manchete adornando a capa, emparelhada ao lado de uma tomada de Ocasio-Cortez, apelidou-a de “O Fenômeno”. Na matéria assinada pela correspondente nacional da Time, Charlotte Alter, Ocasio-Cortez fala sobre sua crescente celebridade, dizendo que “não pode ir a qualquer lugar em público e ser apenas uma pessoa sem muita gente observando tudo o que faço”.

The Guardian (22/03): “Democratic Socialists of America apoia Bernie: ‘A melhor oportunidade para derrotar Trump’” (em inglês)

O Democratic Socialists of America (DSA) endossaram oficialmente Bernie Sanders para presidente, com a organização colocando sua crescente influência política na campanha do senador de Vermont com vistas à eleição de 2020. A equipe de liderança do Comitê Político Nacional da DSA votou por apoiar Sanders durante uma reunião na noite de quinta-feira, depois que a maioria dos membros se comprometeu com o apoio. O apoio da DSA será mais uma vantagem para Sanders, que rapidamente superou a maioria de seus rivais pela indicação democrata. DSA apoiou Sanders em 2016 e ajudou os candidatos de esquerda Alexandria Ocasio-Cortez e Rashida Tlaib a vencer as eleições no Congresso em 2018.

Ciclone Idai em Moçambique

The Guardian (21/03) “Ciclone Idai mostra a realidade mortal da mudança climática na África” (em inglês)

Enquanto uma semana de debates climáticos ocorria em Gana, os países de Moçambique, Malawi e Zimbábue contam os custos do ciclone Idai, que arrasou povoados e cidades, ceifando centenas de vidas e deixando um rastro de destruição. Para um continente já devastado pelos efeitos da crise climática, Idai é outro lembrete terrível do poder destrutivo do tipo de tormenta que se tornará mais comum à medida que o mundo se esquenta.

Publico.pt (22/03): “Quando a Europa envia ajuda para Moçambique, não é um favor. É indenização“, entrevista com José Eduardo Agualusa (em português)

(…) Países como Moçambique não contribuíram para o aquecimento global. Não têm indústria, não têm agricultura intensiva, etc. Acho que com países como os EUA ou a China não se põe a questão de ajudar Moçambique; é quase uma indenização. Esses países têm obrigação de reparar o que fizeram. Moçambique é uma vítima neste contexto, uma vítima absoluta. Isto tem de ser parte da discussão. Não estamos a falar de ajuda. Portugal não faz o favor de ajudar Moçambique. Portugal tem obrigação de reparar os danos que causou. Mas muito mais obrigação tem a China, que até está presente em Moçambique.

Irish Times (23/03): “O desastre de Moçambique expõe os duplos padrões ocidentais“, por Ruadhán Mac Cormaic (em inglês)

É certo que as notícias de Moçambique tardaram em penetrar na consciência ocidental porque ocorreu na África subsaariana. No Ocidente, uma onda de frio em Chigado em janeiro atraiu mais comentários. A ideia de que os padrões duplos se aplicam a África não é nova, mas também surgiu a semana anterior após o acidente do avião Boeing fora da capital da Etiópia, Addis Abeba.

Criação de novo bloco regional na América do Sul

The Economist (21/03): “Por que o Prosul não é o caminho de unir a América do Sul?“,  (em inglês)

Prosul é um signo do clima político em mudança na América do Sul. Depois de um período de hegemonia à esquerda, de vários capítulos, a região se inclinou para a direita nas últimas eleições. No entanto, longe de ser uma resposta à desunião regional, Prosul parece uma reafirmação do problema: na América Latina, as instituições regionais se transformaram em reféns da ideologia e dos alinhamentos políticos efêmeros. Raramente trabalham para desenvolver uma cooperação que redundaria no interesse duradouro de todos os seus membros.

Protestos contra presença de Bolsonaro em Santiago

Emol (22/03): “Marcha contra presença de pdte. Bolsonaro no Chile finaliza com incidentes e detidos” (em espanhol)

Com ao menos dez detidos e incidentes finalizou uma manifestação convocada por diversas organizações sociais para rechaçar a presença no país de Jair Bolsonaro. (…) Cabe mencionar que durante esta manhã um grupo de deputados da Frente Ampla entregou uma carta no Palácio de Governo, solicitando o Presidente Sebastian Piñera que declare pessoa non grata a Bolsonaro e que suspenda todas as atividades oficiais em seu nome, como o almoço que está programado às 13:00 horas de manhã sábado, ao qual os presidentes do Congresso Nacional desistiram de ir.

Detenção de auxiliar de Guaidó na Venezuela

RFI (22/03): “O chefe de gabinete de Guaidó, Roberto Marrero, é detido e acusado de terrorismo” (em espanhol)

Marrero, advogado de 49 anos, foi preso na madrugada pelo Serviço de Inteligência (Sebin) em sua residência de Caracas, acusado de integrar uma “célula terrorista” que planejava atentados, assegurou o ministro do Interior e Justiça, Néstor Reverol, na televisão estatal. Mais tarde, Maduro, sem nomear a Marrero, referiu-se à “captura de um grupo terrorista” que planejava atacar unidades militares, hospitais e estações de metrô com mercenários de Colômbia e América Central”. E advertiu que não “recuará no combate aos grupos terroristas, para levá-los à cárcere”.

El Comercio (22/03): “Estados Unidos bloqueia banco importante de Maduro por detenção de braço direito de Guaidó” (em espanhol)

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos sancionou nesta sexta-feira o Banco Nacional de Desenvolvimento da Venezuela (Bandes), assim como suas filiais no Uruguai e Bolívia e as entidades locais Banco da Venezuela e o Banco Bicentenário. Segundo um comunicado, a decisão foi adotada “em resposta à prisão ilegal” de Roberto Marrero, o chefe de gabinete do presidente encarregado da Venezuela, Juan Guaidó.

Derrocada da economia argentina

Pagina 12 (22/03): “Forte derrapagem da economia macrista” (em espanhol)

O Produto Interno Bruto (PIB) sofreu no quarto trimestre de 2018 uma queda de 6,2% frente ao mesmo período de 2017, com o qual zerou o ano com uma queda de 2,5%. O resultado do quarto trimestre é o mais negativo desde o segundo trimestre de 2009, em plena eclosão da crise das hipotecas subprime.

Referendo em defesa da água no Equador

El País (22/03): “A defesa da água vai às urnas no Equador“, (em espanhol)

Girón, um povado do sul do Equador votará neste domingo (24/03) em referendo se está ou não de acordo com o projeto minerador Loma Larga, que se instala parcialmente em seu território. Trata-da primeira consulta popular ambiental vinculante que será realizado na história do país. Apesar da forte divisão entre os habitantes, tudo apontará que ganhará o “não”. Os 15 000 eleitores de Girón deverão decidir se querem que seja levada a cabo a exploração, que pretende extrair 62 toneladas de ouro, 377 toneladas de prata e 40 000 toneladas de cobre de um filão concessionada à empresa canadense INV Metals. Para isso deverão responder esta pergunta: “Você está de acordo com que se realizem atividades mineradoras nos pântanos e fontes do Sistema Hidrológico Quimsacocha?”.

Crise política no Haiti

RT (21/03): “O primeiro-ministro do Haiti renuncia depois de ser impugnado pelo impugnado pelo Congresso” (em espanhol)

A Câmara de Deputados impugnou em 18 de março Jean-Henry Céant, a quem responsabiliza pela crise socioeconômica que no último 7 de fevereiro desatou violentos protestos contra o governo, organizadas por uma oposição que pede a renúncia do presidente. (…) A situação econômica do Haiti piorou nos últimos meses pela depreciação da moeda, o gourde, no país mais pobre da América Latina. Segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, os protestos que começaram em 7 de fevereiro e se estenderam por grande parte desse mês deixaram 26 falecidos e 77 pessoas feridas. Em 8 de março, o Fundo Monetário Internacional disse que acordou com o Governo do país caribenho a concessão de um empréstimo por 229 milhões de dólares a três anos com 0% de juros, para superar a situação atual.

Promessa de Daniel Ortega

BBC Mundo (21/03): “O governo da Nicarágua promete liberar todos os opositores presos num prazo de 90 dias e retomar o diálogo” (em espanhol)

O governo de Daniel Ortega prometeu na quarta-feira num comunicado que libertará todos os opositores presos num prazo de 90 dias numa tentativa de retomar as conversas com a oposição na Nicarágua. Em contrapartida. Ortega pede que se levantem as sanções que tanto os Estados Unidos como a União Europeia impuseram a seu governo. Estima-se que desde que começaram os protestos em abril do ano passado, mais de 700 pessoas foram detidas.

Protestos na Argélia

Al Jazeera (22/03): “Os argelinos protestam pela quinta sexta-feira consecutiva contra o líder enfermo” (em inglês)

Dezenas de milhares de argelinos tomaram uma vez as ruas da capital para exigir que o presidente  Abdelaziz Bouteflika enfermo renuncie imediatamente. Em meio à crescente pressão, Bouteflila abandonou em 11 de março sua tentativa de buscar um quinto mandato à frente da Argélia, um importante exportador de petróleo. Seu anúncio de que não buscaria outro termo causou celebrações instantâneas. Mas a alegria dos manifestantes durou pouco, já que o presidente também anunciou que as eleições programadas para 18 de abril seriam adiadas e declarou sua intenção de presidir um período de transição, ambas as medidas que levaram aos críticos a acusar o senhor de 82 anos de tentar prolongar seu domínio de duas décadas.

Derrota do Estado Islâmico na Síria

NY Times (23/03): “ISIS perde seu último território na Síria. Mas os ataques continuam” (em inglês)

O Estado Islâmico perdeu sua última posição na Síria no sábado, depois de anos de luta. Mas o grupo terrorista continua sendo uma ameaça séria e violenta. Muitos de seus principais líderes ainda estão vivos. E continua a realizar ataques, incluindo um em janeiro que matou 15 pessoas, incluindo quatro americanos, do lado de fora de um restaurante shawarma na cidade de Manbij, na Síria. Após um período de relativa calma no início do ano passado, a coalizão liderada pelos Estados Unidos aumentou os ataques contra o Estado Islâmico na Síria desde agosto. Em quase todas as métricas, o Estado Islâmico está no seu ponto mais baixo nos quase cinco anos desde que declarou seu califado.

Economia Mundial

The Guardian (22/03): “Os mercados sofrem forte queda enquanto se intensifica o medo de uma desaceleração global

Os mercados financeiros em todo o mundo caíram bruscamente em meio a crescentes temores de uma desaceleração na economia global, depois de que a produção industrial na eurozona caiu à taxa mais rápida em quase seis anos. As perdas de sexta-feira nas bolsas de valores da Europa e Wall Street se produziram depois de que os índices sugerirem que o crescimento econômico em todo o bloco da moeda única europeia se manteve fraco no primeiro trimestre de 2019, o que reduziu as esperanças de uma retomada após um final fraco no ano passado. Os economistas dizem que as más leituras da produção industrial provavelmente refletiram uma desaceleração na China e na economia mundial, o que a aumenta a possibilidade de que o crescimento para o restante de 2019 seja menor do que o esperado.

BBC Mundo (23/02): “Por que a Itália é a primeira grande economia mundial que respalda a Nova Rota da Seda da China (e por que gera preocupação no Ocidente)?” (em espanhol)

Os níveis de dívida que as nações africanas e do sul da Ásia têm com a China geraram preocupação no Ocidente, mas se construíram estradas e ferrovias que de outro modo não existiriam. (…) Itália, no entanto, será a primeira potência europeia e membro do Grupo dos Sete (G&), que reúne as 7 democracias mais industrializadas, em tomar o dinheiro oferecido pela China.

 

Brexit

 

The Guardian (23/03): “Um milhão de pessoas comparecem à marcha contra o Brexit enquanto os Tories planejam derrubar May

Em uma das maiores manifestações da história britânica, uma multidão estimada em mais de um milhão de pessoas ontem marchou pacificamente pelo centro de Londres para exigir que os membros do Parlamento lhes concedessem um novo referendo sobre o Brexit. A manifestação “Coloque nas mãos do povo”, que incluiu manifestantes de todos os cantos do Reino Unido e muitos cidadãos da UE que vivem aqui, ocorreu em meio a uma extraordinária agitação política e crescentes pedidos para que a primeira-ministra Theresa May renuncie. Alguns ministros de gabinete estão considerando seu número dois, David Lidington, como substituto provisório para ela, embora, ele sofra resistência dos Brexiters por ser favorável à permanência na UE.

Protestos na Sérvia

El País (23/03): “Cem dias de ira contra o presidente sérvio” (em espanhol)

Quando em 8 de dezembro passado, mais de 10 000 pessoas se manifestaram em Belgrado ao grit de “basta de camisetas ensanguentadas!” por causa da surra que alguns homens mascarados impuseram a um político opositor, o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, batizou sem querer o protesto. “Nem que houvesse cinco milhões de pessoas nas ruas”, disse, se importaria com suas reivindicações. Num país de sete milhões de habitantes, a frase saltou as redes sociais e o movimento tomou como nome  1od5miliona (1 de 5 milhões), com o qual se tornou no maior do país desde o levante que acabou com Slobodan Milosevic em 2000. Até dezenas de milhares de pessoas de pessoas saem às ruas a cada semana, mas – cem dias depois da primeira manifestação – a elevada popularidade do presidente Vucic segue intacta.

Eleições na Tailândia

El País (20/03): “Tailândia vai às urnas oito anos depois e após cinco anos de junta militar” (em espanhol)

(…) Alguns cálculos preveem que a participação pode rondar cerca de 80% entre os 50 milhões de tailandeses chamados às urnas. É o primeiro pleito que se convoca em oito anos, depois de cinco de governo de uma junta militar. Após anos de crescimento econômico relativamente frágil, de aumento das desigualdades sociais, e um constante ciclo político no qual os partidos populistas ganham as eleições e são depostos via judicial ou militar, a população, especialmente os sete milhões de novos eleitores, reclama uma mudança. Ainda não está tão claro que o consiga.

Al Jazeera (22/03): “A eleição do dia 24 não vai importar“, por David Strackfuss (em inglês)

A eleição é o último passo num jogo longo apresentado pelos golpistas, o Conselho Nacional para a Paz e a Ordem (NCPO), que derrubou o governo eleito em maio de 2014. O primeiro passo no plano foi efetivar uma constituição que enfraqueceria os maiores partidos e criaria as condições para que os governos de coalizão instáveis sejam eleitos. As emendas constitucionais de 2017 permitem que os militares tailandeses designem o Senado de 250 cadeiras em sua totalidade, que, junto com a Câmara de Deputados de 500 cadeiras, vota sobre a nomeação do primeiro-ministro.

Artigos e debates da esquerda internacional

Esquerda norte-americana

Jacobin Magazine (21/03): “Um real Green New Deal significa luta de classes“, por Keith Brower Brown, Jeremy Gong, Matt Huber, Jamie Munro (em inglês)

Para além de Bernie, a popularidade massiva de Ocasio-Cortez e Rashida Tlaib mostra uma fome generalizada pelos campeões da classe trabalhadora para desafiar os republicanas de extrema-direita e o establishment democrata por igual. Inclusive quando não ganham, os desafios eleitorais críveis da classe trabalhadora podem construir a unidade dos trabalhadores para a ação militante e a mudança política sistêmica. Em todo o país, os socialistas devem trabalhar para construir coalizões da classe trabalhadora e uma infraestrutura de organização eleitoral independente que possa prometer o final das carreiras dos legisladores federais que se opõem à GND.

Jacobin Magazine (20/03): “Ao contrário de muita gente, Bernie não ‘evoluiu’“, por Meagan Day (em inglês)

Nos anos setenta, Bernie Sanders fez um chamado a nacionalizar as principais indústrias, uma postura que a mídia quer destacar como uma piada. Mas somente demonstra quão consequente tem sido na luta contra as elites predatórias, em notável contraste com os outros candidatos democratas.

Palestina

Rebelion.org (19/03): “Nações Unidas publica contundente relatório de 250 páginas sobre abusos israelenses

Neste 18 de março, a ONU deu a conhecer seu informe final, intitulado “Report of the detailed findings of the independent international Commission of inquiry on the protests in the Occupied Palestinian Territory”: o relatório foi elaborado por Santiago Cantón (Argentina), Sara Hossain (Bangladesh) e Kaari Betty Murungi (Kenya), especialistas em direitos humanos, por solicitação do Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Capitalismo mundial

La Jornada (22/03): “Mutações do capitalismo“, por Alejandro Nadal (em espanhol)

Na atualidade não só existe um forte arrocho salarial e um problema de insuficiência para a classe trabalhadora. Também estamos na presença de uma mudança qualitativa pelo endividamento. É claro que o vínculo salarial tem um estatuto essencialmente diferente ao do crédito na reprodução social. Atualmente, graças ao crescente endividamento o capital financeiro pode se apropriar de uma parte da renda dos trabalhadores. E assim se consuma um duplo golpe contra a classe trabalhadora: estancamento salarial e extração financeira.

The Next Recession (22/03): “O fantástico mundo da Longa Depressão” (em inglês)

O mercado acionário dos EUA regressa a novos picos. Agora estamos num mundo econômico no qual parece haver uma espécie de “pleno emprego”, mas salários reais estancados (para a maioria), baixas taxas de juros e inflação e, sobretudo, baixo investimento produtivo. Entretanto, a dívida corporativa está aumentando rapidamente em todo o mundo à medida que as principais companhias emitem bônus a taxas de juros baixas para recomprar suas próprias ações e assim aumentar o preço das ações da companhia e continuar com a festa. A Longa Depressão se converteu num mundo de fantasia onde o aumento dos preços dos ativos financeiros, o baixo investimento e o crescimento da produtividade, onde quase todos podem obter um trabalho (parcial, temporal ou autônomo), mas não um padrão de vida.

Economia chinesa

Sin Permiso (11/03): “A ascensão da China como potência mundial. Entrevista com Au Loong-Yu” (em espanhol)

As ameaças do imperialismo dos EUA são reais e conhecidas na China. A Marinha estadunidense acaba de mandar dois barcos de guerra ao Estreito de Taiwan numa clara provocação a China. A esquerda estadunidense deve se opor a este militarismo para que o povo chinês entenda que ela se opõe à agenda imperialista dos EUA na questão de Taiwan – ainda que se deva reconhecer o direito de Taiwan comprar armas dos EUA. Se o povo chinês escutar esta forte voz antiimperialista da esquerda dos EUA, poderá se ganhar mais coisas para os interesses comuns contra os imperialismos dos EUA e da China.

Mudança climática

ESSF (19/03): “Um sinal de alerta – A mudança climática fará tormentas como Idai mais severas, dizem especialistas“, por Matthew Taylor (em inglês)

Mel Evans, uma ativista pelo clima de Greenpeace Reino Unido, disse que Idai era uma mais uma prova de que as pessoas menos responsáveis pela crise climática eram as que mais sofriam. “A média de emissões de CO2 de um cidadão de Moçambique, Malawi ou Zimbábue é uma pequena fração de um europeu ou estadunidense. As pessoas menos contribuem para causar a mudança climática estão na parte da frente da fila para receber seus impactos e têm muito menos recursos para se proteger de seus danos”.

Massacre na Nova Zelândia

ESSF (21/03): “Terror em Christchurch: Como isso aconteceu?“, por Byron Clark, Daphne Lawless, Tyler West, Ani White (em inglês)

Em última instância, a complacência da classe política permitiu que o fascismo crescesse e se torne séptico. No improvável caso de que mudem de rumo e tomem medidas enérgicas contra os grupos de extrema-direita, é possível que não confiemos no estado de vigilância, mas certamente não choraríamos pelos fascistas. Além de seu “antiterrorismo” desigual que deixa a extrema-direita relaxada, os partidos governistas também se envolveram em ataques populistas contra a imigração.

Viento Sur (23/03): “Terrorismo, um conceito vazio“, por Alain Gresh (em espanhol)

O problema do conceito de guerra contra o terrorismo é que dispensa totalmente a análise política e reduz a luta a um enfrentamento entre o Bem e o Mal. Se os terroristas são movidos fundamentalmente por seu ódio à liberdade ocidental, é inútil se perguntar sobre as razões pelas quais esses grupos se desenvolvem, suas motivações, seus objetivos.

Mau desempenho da economia argentina

Rebelion.org (22/03): “Muitos fundos de investimento desarmaram seu posicionamento em países como a Argentina e foram para a China – Entrevista com Eduardo Lucita” (em espanhol)

É muito rápida a queda chinesa. A Alemanha está retrocedendo e outros países também. Agora foram trazidos à luz os dados sobre o leitmotiv de Trump que era reduzir o déficit comercial, algo que não cumpriu, inclusive não só é maior com a China mas também com a UE. Ao mesmo tempo, EUA levanta as taxas de juros, então há um fortalecimento do dólar. Tudo isso faz com que haja uma fuga do dinheiro dos países emergentes para os países centrais. Pior, especialmente para a China.