Clipping do Observatório Internacional (08/04/2019)

CLIPPING SEMANAL DO OBSERVATÓRIO INTERNACIONAL DA FUNDAÇÃO LAURO CAMPOS – 08/04

Nesta edição do Clipping Semanal da Fundação Lauro Campos, os principais temas pela  imprensa internacional reunidos aqui foram os seguintes: as manifestações na Argélia contra o regime político após a queda de Bouteflika, novos protestos no Sudão, a vitória da esquerda norte-americana nas eleições municipais de Chicago, as eleições em Israel, a demissão da cúpula militar do Uruguai por insubordinação, protestos nas ruas da Argentina contra as políticas neoliberais de Macri, a rebelião indígena no Colômbia, a libertação de presos políticos na Nicarágua, os novos capítulos do Brexit e a institucionalização da homofobia em Brunei.

Na segunda parte deste trabalho, destacamos como assuntos debatidos em sites da esquerda internacional: as exigências do movimento de massas argelino, a luta palestina pelo seu direito à terra ocupada, as raízes da vitória socialista em Chicago, as demandas dos indígenas da Colômbia contra o governo Duque, o problema das dívidas dos países subdesenvolvidos e a relação entre neoliberalismo e corrosão das democracias ocidentais.

Desejamos a todos uma excelente leitura!

Charles Rosa – Observatório Internacional


Rebelião na Argélia

El País (05/04): “As ruas da Argélia miram agora contra o regime que amparou Buteflika”  (em espanhol)

Centenas de milhares de argelinos voltaram a sair às ruas pela sétima sexta-feira consecutiva, o primeiro depois da demissão de Abdelaziz Buteflika, na última terça-feira. A contestação indica uma prova de fogo para o chefe de Estado Maior, Ahmed Gaid Salah, de 79 anos. O general forçou a demissão de Buteflika em nome do povo esgrimindo a Constituição. Mas a Constituição poderia deixar a transição nas autoridades de sempre. E o povo voltou a rechaçar nesta sexta-feira um caminho que parece conhecer muito bem. Agora toca ao chefe do Exército demonstrar em que lado da história quer se situar.

Manifestações no Sudão

The Guardian (06/04): “Milhares voltam às ruas em protestos contra o governo por todo o Sudão” (em inglês)

Milhares de manifestantes participaram de novas marchas contra o governo em todo o Sudão, segundo os organizadores. A Associação de Profissionais do Sudão liderou os apelos para o fim do regime de três décadas de Omar al-Bashir, logo após os protestos começarem em 19 de dezembro devido à alta nos preços e a uma economia fracassada.

Conflito na Líbia

Al-Jazeera (06/04): “Milícia avança sobre capital da Líbia” (em inglês)

Os aviões de combate têm como alvo forças sob o comando do general dissidente da Líbia, Khalifa Haftar, em uma tentativa de deter seu ataque militar à capital, Trípoli, que ameaça desestabilizar ainda mais o país. Enquanto os confrontos continuavam nos arredores de Trípoli, no sábado, grupos de defesa dos direitos humanos alertaram que civis sofrendo possíveis abusos se os combates aumentassem, juntando-se a um coro de potências internacionais pedindo a suspensão de todas as hostilidades.

Eleições em Israel

Haaretz (06/04): “Netanyahu diz que anexará Cirjordânia se for reeleito” (em inglês)

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse ao Canal 12 News, no sábado, que vai começar a estender a soberania israelense sobre a Cisjordânia se for reeleito primeiro-ministro nas eleições de 9 de abril. Ainda não está claro se Netanyahu estava se referindo a toda a Cisjordânia, ou apenas a partes dela.

Guerra no Iêmen

The Guardian (04/04): “Guerra no Iêmen: Congresso vota a favor de finalizar assistência militar dos EUA para a Arábia Saudita” (em inglês)

O Congresso deu aprovação final a uma resolução para acabar com a assistência militar americana à guerra da Arábia Saudita no Iêmen, em uma tentativa sem precedentes de restringir o poder do presidente de ir à guerra e uma repreensão arrebatadora à política externa de Donald Trump.

Vitória da esquerda em Chicago

Chicago Tribune (03/04): “Socialistas democráticos: Não mais negócios como antes” (em inglês)

Chicago é conhecida há muito tempo como uma cidade democrata. Após as eleições de terça-feira, também deve ser conhecida como uma cidade democrática socialista: Chicago terá em breve mais membros do Conselho da Cidade socialista do que qualquer cidade importante dos EUA na história moderna.

Queda da cúpula militar do Uruguai

El País (02/04): “Cúpula militar uruguaia cai após revelação de crimes da ditadura” (em português)

O ministro da Defesa do Uruguai, Jorge Menéndez, seu vice-ministro e três generais, entre eles o novo chefe do Exército, José González, foram destituídos nesta segunda-feira pelo presidente Tabaré Vázquez, em um novo episódio de uma crise institucional com poucos precedentes no país sul-americano, que também coincide com o ano eleitoral. O destino dos membros de alto escalão do Governo e dos militares foi decidido após um novo escândalo relacionado a um caso de violação dos direitos humanos cometido durante a ditadura uruguaia (1973-1985).

Protestos na Argentina

La Jornada (05/04): “Multidão golpeada pela crise protesta na Argentina” (em espanhol)

Uma marcha convocada pelos sindicatos argentinos mostrou a grave crise social e econômica que ocorre no país num ano eleitoral, e num momento em que a figura de Mauricio Macri caiu a seus menores númenos, mas não quer dar espaço a outros candidatos da Alianza Cambiemos, o qual está criando dificuldades internas.

FRANCE24 (06/04): “Argentina: o FMI desembolsou 10,8 bilhões de dólares e pediu ‘prudência’ na execução dos gastos” (em espanhol)

O Fundo Monetário Internacional aprovou o terceiro pagamento do crédito que o Governo de Mauricio Macri acordou com o organismo financeiro. A soma total ultrapassa os 57 bilhões de dólares que ajudariam a tratar a crise econômica do país austral.

Protestos indígenas na Colômbia

El País (06/04): “Uma onda de protestos indígenas coloca em xeque o governo colombiano” (em espanhol)

Há três semanas começou uma onda de mobilizações indígenas que derivou numa preocupante crise no departamento de Cauca, onde os cortes da estrada Panamericana isolaram o sudoeste do restante do país. Os nativos demandam, no substancial, um aumento do investimento contemplado no Plano Nacional de Desenvolvimento, o roteiro do período presidencial.

Libertação de presos políticos na Nicarágua

El Comercio (05/04): “Governo de Daniel Ortega afirma ter libertado mais 200 presos políticos” (em espanhol)

O governo do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, acordou nesta quinta-feira liberar a todos os opositores detidos num máximo de 90 dias e discutir “imediatamente” uma reforma do sistema eleitoral, o que permitiu retomar o diálogo com a oposição, suspenso depois da repressão contra manifestantes no fim de semana passado.

Impasse do Brexit

EFE (06/04): “Estanca a negociação sobre o Brexit entre o Governo e a oposição” (em espanhol)

A negociação para desenhar um acordo do Brexit que conte com o respaldo da oposição trabalhista no Reino Unido ficou estancada, entre reprovações à primeira-ministra, a conservadora Theresa May, por não aceitar mudanças em seu plano.

Homofobia em Brunei

BBC (03/04): “Brunei, o país onde gays agora podem ser apedrejados até a morte” (em português)

O Brunei introduziu novas leis islâmicas, transformando o sexo gay em crime punível com o apedrejamento até a morte. A nova legislação, que entra em vigor nesta quarta-feira, também abrange uma série de outros crimes e punições, incluindo amputação em caso de roubo. A iniciativa do pequeno país do sudeste asiático foi amplamente condenada pela comunidade internacional.


ARTIGOS E DEBATES DA ESQUERDA INTERNACIONAL

Rebelião argelina

Portal da Esquerda em Movimento (05/04): “Por uma assembleia constituinte e soberana, a luta continua!“, por Partido Socialista dos Trabalhadores – Argélia (em português)

Para o PST, a revolta das massas populares contra o regime, iniciada em 22 de fevereiro de 2019, põe em questão todo o sistema, suas instituições e sua constituição. Nenhum remendo, nenhum subterfúgio de transição, nenhum homem providencial pode substituir a vontade do povo, fonte de toda legitimidade democrática.

Vitória da esquerda em Chicago

Jacobin Magazine (03/04): “Uma onda socialista em Chicago“, por Will Bloom (em inglês)

Os socialistas de Chicago arrasaram nas eleições municipais nesta semana, ganhando até seis membros do conselho socialista da cidade. A esquerda da cidade tem uma oportunidade histórica de retardar anos de gentrificação, brutalidade policial e austeridade.

Brexit

Sin Permiso (07/04): “Brexit do século XIX“, por Andrea Maler (em espanhol)

Apesar do intenso processo de transformação econômica e social em marcha acelerada há mais de um século, a concepção do Século XIX dos Estados segue mantendo grande vigência. O Brexit está sendo, fundamentalmente, uma negociação que tensiona os elementos que configuram esse Estado em sua concepção do XIX. A profundidade da crise política do Reino Unido deve ser compreendida com essas coordenadas; o vergonhosos espetáculo de sua elite política é somente a consequência mais visível.

Crise argentina

Rebelion.org (08/04): “Mais grave do que a Grécia e longe de Portugal“, por Claudio Katz (em espanhol)

Todos os indicadores da economia confirmam um dramático cenário com quatro possíveis desenlaces. A improvável continuidade do oficialismo implicaria um ajuste recarregado e a eventual dolarização frente a uma grande debacle. O desafogo da década passada se choca com o protagonismo credor do FMI, a adversidade comercial e a desvalorização irresoluta. O calvário da Grécia antecipa dois sofrimentos que afrontará o país, numa renegociação da dívida acordada com o FMI. As expectativas num alívio português tendem a diluir a batalha contra os financistas.

Mobilização indígena na Colômbia

Rebelion.org (06/04): “A Minga descobre outro fracasso do Estado de Direito“, por Manuel Dominguez (em espanhol)

Os indígenas puseram à mostra há 25 dias que o fracasso do Estado de Direito está presente, e que entraram em rebelião no sudoeste do país, provocada por décadas de esquecimento e de descumprimento a dezenas de pactos e acordos firmados, mas em seguida traídos. Os acordos foram por elementares assuntos para qualquer democracia, como respeito à vida, ao território, à paz e à cultura própria.

Causa Palestina

Politics for People (07/04): “A Grande Marcha do Retorno é o grito dos palestinos pedindo justiça“, por Ramzy Baroud (em espanhol)

Centenas de milhares de palestinos em Gaza não arriscaram suas vidas nem suas extremidades ao longo deste último ano somente porque necessitavam medicamentos urgentes e fornecimento de alimentos. Fizeram isso porque assumem sua centralidade em sua luta. Seus protestos são uma declaração coletiva, um grito de justiça, uma recuperação definitiva de sua narrativa como povo ainda de pé, ainda poderoso e ainda com esperança depois de 70 anos de Nakba, 50 anos de ocupação militar e 12 anos de assédio implacável.

Guerra no Iêmen

Orient XXI (03/04): “Atroz balanço de uma guerra sem fim“, por Helen Lackner (em espanhol)

O país está dividido entre as zonas liberadas e as zonas controladas pela rebelião dos houthis. Nos lugares em que domina, o movimento dos houtis exerce um controle de ferro quase exclusivo sobre as populações e os recursos, em particular desde que matou seu antigo aliado, o ex-presidente Saleh, em dezembro de 2017.

Dívidas dos países pobres

CADTM (05/04): “Romper o silêncio sobre o repúdio das dívidas odiosas“, por Eric Toussaint (em espanhol)

O discurso da mídia dominante e dos governos consiste em dizer que há excesso de dívida, muito gasto público dos Estados e, consequentemente, que se deve pagar a dívida e reduzir esses gastos públicos. No CADTM tentamos sobretudo indagar de onde vêm as dívidas, se os objetivos perseguidos através da acumulação de dívidas eram legítimos, e se foram contraídas de maneira legítima e legal.

Neoliberalismo e corrosão da democracia

Jacobin Magazine (05/04): “Como o Neoliberalismo reinventou a democracia – Entrevista com Niklas Olsen” (em inglês)

Os neoliberais queriam restringir os mecanismos da política tradicional em nome da democracia de mercado, que se centra na escolha do consumidor e o mecanismo de preços. Esta ambição se reflete  na construção de instituições internacionais que foram imunizadas contra a pressão da democracia massiva para proteger a ordem do mercado.