Clipping do Observatório Internacional (06/09/2019)

Nesta edição do Clipping do Observatório Internacional, os destaques são a retumbante derrota da estratégia de Boris Johnson para o Brexit, a formação de um novo governo na Itália sem a participação da extrema-direita, a retirada do projeto de lei de extradição em Hong Kong depois de meses de protestos massivos, novas marchas na Argentina contra a política austeritária de Macri e a impunidade dos assassinos de Ayotzinapa no México.

NOTÍCIAS E ARTIGOS DA IMPRENSA INTERNACIONAL

Derrota de Boris Johnson no Reino Unido

El País (04/09): “O Parlamento freia o Brexit sem acordo que perseguia Johnson” (em espanhol)

Boris Johnson comprovou já que a política não é somente um concurso de popularidade. O primeiro-ministro foi nesta quarta-feira incapaz de dissimular sua irritação ante o acosso sem quartel que lhe está submetendo o Parlamento, 327 deputados, frente a 299, apoiaram a lei que lhe obriga a conseguir um acordo do Brexit ou, se não, voltar a adiar sua data. O trabalhismo não caiu na armadilha de respaldar um adiantamento eleitoral imediato, como propunha Downing Street, para sair do bloqueio. Johnson chamou Jeremy Corbyn de “galinha”, “amigo de Caracas” e se referiu a suas propostas econômicas como “uma merda e um fracasso”.

NY Times (04/09): “Os parlamentares do Reino Unido desafiam Johnson nas eleições e dão outro golpe no Brexit” (em inglês)

O primeiro-ministro Boris Johnson foi golpeado de novo na terça-feira quando os legisladores de seu próprio partido e a oposição pressionaram para deter seu plano de abandonar a União Europeia sem chegar a um acordo, e depois rejeitaram sua petição de novas eleições. No final de outro dia tumultuoso no Parlamento, o governo de Johnson havia sido destroçado por não menos que três derrotas.

The Economist (03/09): “A pesada derrota de Boris Johnson no Brexit” (em inglês)

Depois de um ruidoso e frequentemente estridente debate emergencial sobre o Brexit, os deputados britânicos impuseram uma surpreendente derrota ao governo de Boris Johnson neste 3 de setembro. Isso permitirá a introdução de um projeto de lei para evitar que a Grã-Bretanha abandone a União Europeia sem nenhum acordo em 31 de outubro. Em contrapartida, o projeto de lei declara que, se o primeiro-ministro não chegou a um acordo com a UE para 19 de outubro, deveria pedir a prorrogação do prazo do Brexit, inicialmente até 31 de janeiro de 2020.

Nova coalizão governamental na Itália

DW (04/09): “Novo governo italiano formado, aliando M5S e a centro-esquerda” (em inglês)

O novo governo de Giuseppe Conte é uma coalizão entre aliados pouco prováveis: o anti-establishment Movimento 5 Estrelas e o Partido Democrático (centro-esquerda). A aliança vem seguida à saída do partido de Matteo Salvini (La Lega, extrema-direita).

Eleições regionais na Itália

The Guardian (01/09): “O partido AfD (Alternativa para Alemanha) obtém importantes vitórias, mas não consegue derrubar os partidos mainstream” (em inglês)

El partido anti-inmigrante Alternative für Deutschland logró grandes avances en dos elecciones estatales cruciales en Alemania el domingo, aumentando significativamente su apoyo, pero no logrando expulsar a los partidos mayoritarios.

Crise na Argentina

La Vanguardia (04/09): “Protestos na Argentina pedem a declaração a emergência alimentar pela crise” (em espanhol)

A Argentina viveu nesta quarta-feira uma nova jornada de protestos pela delicada situação econômica que atravessa o país, na qual várias organizações sociais trasladaram a reclamação de uma lei de “emergência alimentar” ao Governo e ao Congresso da Nação. Desde a primeira hora, as ruas concêntricas de Buenos Aires amanheceram cortadas por milhares de pessoas que confluíam até dois pontos: o Ministério de Desenvolvimento Social e a sede do Poder Legislativo, onde um grupo de deputados opositores recebeu representantes sociais para ‘coordenar a campanha para a aprovação da lei”.

BBC Mundo (03/09): “Crise na Argentina: 3 dados que mostram como se deteriorou a economia do país nas últimas semanas” (em espanhol)

Poucas reservas de divisas nas arcas do Banco Central e, em definitivo, pouca liquidez. Estes são dois dos principais males que assolam a economia da Argentina ciclo depois de ciclo e a mantêm à beira do abismo. Para os mercados, este abismo tem nome: default. Ou seja, o descumprimento dos compromissos financeiros adquiridos com os investidores que emprestaram dinheiro ao governo argentino.

Violência política na Colômbia

El País (03/09): “A violência em período eleitoral golpeia novamente a Colômbia” (em espanhol)

O assassinato de uma candidata à prefeitura de Suáres e outras cinco pessoas revive os piores fantasmas do passado. O Governo responsabiliza um grupo dissidente das FARC.

BBC Mundo (04/09): “FARC e o processo de paz na Colômbia: “Não sei se é o narcotráfico, mas vejo uma motivação pessoal”, disse Timochenko, líder do partido FARC, sobre a rebelião de ex-guerrilheiros (em espanhol)

Rodrigo Londoño, o ex-máximo comandante da guerrilha colombiana das FARC e conhecido pelo codinome “Timochenko”, reflete um instante sobre sua vida sem guerra e soa esgotado. (…) Os últimos dias foram especialmente movimentados para ele, depois que Iván Márquez e outros conhecidos guerrilheiros das FARC anunciaram na semana passada que retomam a luta armada na Colômbia.

Tensão na Venezuela

La Tercera (03/09): “Maduro declara alerta na fronteira com a Colômbia e ordena exercícios militares” (em espanhol)

O presidente Nicolás Maduro declarou nesta terça-feira um alerta em toda a fronteira que a Venezuela compartilha com a Colômbia e ordenou a realização de exercícios militares nessas zonas limítrofes, em vista de uma suposta intenção do país vizinho de criar um conflito entre as duas nações. Maduro lamentou o rearmamento de um grupo de dissidentes da guerrilha FARC pois, sublinhou, a Venezuela sempre quis a pacificação desse conflito que leva mais de meio século na Colômbia. A seu juízo, o governo colombiano presidido por Iván Duque “não quer a paz, quer a guerra” e por isso pediu para a Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) estar atenta nas fronteiras.

Impunidade no caso Ayotzinapa

RFI (04/09): “Caso Ayotzinapa: os pais de família denunciam um fiasco judicial” (em espanhol)

A libertação de “El Gil”, um dos principais acusados pela desaparição dos 43 estudantes de Ayotzinapa no México, causou a indignação dos familiares de desaparecidos. “Demonstra a falta de responsabilidade da Procuradoria sob o governo de Peña Nieto”, disse a RFI um dos pais dos desaparecidos.

ABC (04/09): “O Governo mexicano investigará os juízes do caso Ayotzinapa” (em espanhol)

O Governo do México anunciou nesta quarta-feira que promoverá a investigação de juízes e funcionários que cometeram falhas e omissões na investigação da desaparição dos 43 estudantes da escola de Ayotzinapa em 2014, depois da absolvição de um dos principais acusados.

Corrupção na Guatemala

Pagina 12 (03/09): “A Guatemala freia a luta contra a impunidade” (em espanhol)

Guatemala se encontra num momento político que poderia deixar uma marca profunda em sua história. Há algumas semanas houve eleições presidenciais e ali resultou eleito o conservador Alejandro Giammattei, depois derrotar Sandra Torres no segundo turno. Giammattei assumirá em janeiro do ano que vem. Até essa data, o atual presidente Jimmy Morales, seguirá no cargo continuando com uma política que põe em xeque os avanços que há uma década alcançaram na luta contra a corrupção e as estruturas criminosas.

Univision (02/09): “Detida a ex-candidata presidencial da Guatemala Sandra Torres por corrupção eleitoral” (em espanhol)

Sandra Torres, a ex-candidata presidencial da Guatemala, foi detida nesta segunda-feira por uma acusação de corrupção. Torres é acusada pelo delito de financiamento eleitoral ilícito.

Protestos em Hong Kong

The Guardian (04/09): “Líder de Hong Kong retira projeto de extradição que incendiou protestos em massa” (em inglês)

A líder de Hong Kong, Carrie Lam, disse que seu governo vai retirar formalmente um projeto de extradição que já desencadeou meses de protestos e mergulhou o território em sua maior crise política em décadas. Em um discurso televisivo de cinco minutos na quarta-feira, Lam disse que seu governo retiraria formalmente o controverso projeto de lei para “acalmar completamente as preocupações da população”.

Al-Jazeera (04/09): “Protestos de Hong Kong continuam apesar da retirada do projeto de lei que dividiu o país“, (em inglês)

Os manifestantes prometeram continuar se manifestando mesmo depois que a líder Carrie Lam tentou na quarta-feira neutralizar semanas de caos político, retirando formalmente um controverso projeto de extradição.

Conflito Comercial entre EUA e China

El País (04/09): “China denuncia os Estados Unidos para a Organização Mundial do Comércio” (em espanhol)

China apresentou uma queixa formal contra os Estados Unidos para a Organização Mundial do Comércio (OMC) para protestar contra as sanções norte-americanas a seus produtos na guerra comercial que mantêm ambos países. A decisão, mais significativa simbolicamente que por seus efeitos jurídicos, foi anunciada pelo Ministério do Comércio chinês nesta segunda-feira.

Possível acordo de paz entre EUA e Taliban

NY TIMES (02/09): “Para iniciar a retirada do Afeganistão, os EUA remanejariam 5400 tropas em 135 dias“, (em inglês)

Os Estados Unidos retiraria 5.400 soldados de Afeganistão dentro dos 135 dias da assinatura de um acordo com os talibãs, disse na segunda-feira o enviado especial dos EUA aos líderes afegãos. Essa retirada seria o começo do que se espera que seja a retirada gradual das 14 000 tropas dos Estados Unidos que poderiam colocar fim à guerra mais longa dos Estados Unidos.

Al-Jazeera (03/09): “O acordo de ‘paz’ afegão não trará paz ao povo afegão“, por Sahar Halaimzai e Horai Mosadiqi (em inglês)

Quase 4000 civis foram assassinados no Afeganistão na primeira metade deste ano, com um aumento de 27% nas mortes de civis relacionadas com a guerra no segundo trimestre. Muitas destas mortes foram reclamadas pelos talibãs, ainda que caiba destacar que as forças de segurança afegãs e seus aliados estadunidenses mataram a um maior número de civis no primeiro trimestre. Entretanto, nas últimas semanas surgiu um padrão constante de aumento dos ataques dos talibãs. As chamadas conversas de “paz” alimentam mais violência à medida que os talibãs utilizam a força militar para manter sua posição negociadora.

Conflito entre Israel e Hezbollah

The Guardian (01/09): “Israel e Hezbollah trocam fogo na fronteira pela primeira vez em anos” (em inglês)

Hezbollah lançou um ataque contra posições militares israelenses e atraiu fortes retornos de fogo no primeiro enfrentamento transfonteiriço dos últimos anos entre os antigos inimigos. O exército israelense disse que “dois ou três mísseis antitanque” foram disparados desde o sul do Líbano em direção a uma base militar e uma ambulância militar, mas que não haviam causado mortos nem feridos.

Guerra no Iêmen

CNN (03/09): “EUA, Reino Unido, França e Irã podem ser cúmplices dos crimes de guerra no Iêmen, segundo a ONU” (em inglês)

Estados Unidos, Reino Unido, Francia e Irã podem ser cúmplices de crimes de guerra no Iêmen ao fornecer armas a várias partes envolvidas no conflito, disse um painel das Nações Unidas. O fornecimento de armas “perpetua o conflito” e prolongou o sofrimento do povo iemenita, disse Melissa Parke, membro do Grupo de Especialistas Eminentes sobre o Iêmen da ONU, durante uma coletiva de imprensa na qual apresentou as conclusões do painel.