Clipping do Observatório Internacional (04/10/2019)

Nesta edição do Clipping do Observatório Internacional, reunimos reportagens e artigos sobre os seguintes temas: a revolta popular no Equador e no Haiti contra o aumento do preço dos combustíveis e os respectivos regimes políticos, a crise institucional no Peru, a acusação de envolvimento com o narcotráfico contra o presidente de Honduras, o processo de impeachment de Trump nos EUA, o aprofundamento do impasse do Brexit, a derrota eleitoral da extrema-direita na Áustria, as sondagens eleitorais em Portugal, os protestos da juventude no Iraque, a resistência na Palestina, a repressão política no Egito, o processo de paz nos Camarões, o 70º aniversário da Revolução Chinesa e as manifestações pela democracia em Hong Kong.

NOTÍCIAS E ARTIGOS DA IMPRENSA INTERNACIONAL

Estado de Exceção no Equador

El País (03/10): “Equador decreta estado de exceção ante os protestos pelo aumento do preço do combustível” (em espanhol)

Equador decretou nesta quinta-feira o estado de exceção ante os protestos que desatou o aumento do preço do combustível decretado pelo Governo. Com esta medida, que se aplicará em todo o país durante 60 dias, o presidente, Lenín Moreno, pretende “assegurar a segurança” e prevenir uma possível esplosão dos protestos violentos. Desde a meia-noite da quarta-feira não há transporte e as aulas foram suspensas em todo o país.

El Diario (03/10): “Assembleistas ‘correístas’ pedem adiantamento das eleições e o adiantamento das eleições” (em espanhol)

Legisladores leais ao ex-presidente equatoriano Rafael Correa pediram nesta quinta-feira um adiantamento das eleições e uma sessão extraordinária na Assembleia Nacional para exigir a destituição do mandatário Lenín Moreno.

Crise institucional no Peru

BBC Mundo (02/10): “Dissolução do Congresso no Peru: 4 chaves para entender o enfrentamento entre Vizcarra e o Parlamento – e o que pode acontecer agora” (em espanhol)

Vizcarra fez pública sua decisão de dissolver o Congresso e convocar eleições legislativas para o próximo 26 de janeiro aplicando uma norma constitucional que lhe habilita a isso se o Parlamento lhe nega uma questão de confiança a dois gabinetes presidenciais.

El País (04/10): “Editorial: Vizcarra está dentro da lei” (em espanhol)

Não é um “golpe de Estado”, tal como acusaram os fujimoristas, mas uma saída legal e perfeitamente legítima. Em contrapartida, o que sim é uma ruptura institucional é a ação realizada pela oposição que, com o Congresso dissolvido, votou a destituição do presidente Vizcarra e sua substituição pela vice-presidenta, Mercedes Aráoz.

Rebelião no Haiti

La Vanguardia (03/10): “Ao menos 17 mortos em duas semanas de protestos no Haiti” (em espanhol)

Haiti vive uma grave crise política e econômica, que se agravou em meados de agosto pelo desabastecimento de combustível, o que desencadeou protestos violentos que exigem a renúncia do presidente, Jovenel Moise. Os protestos mantêm o país paralisado desde o último 16 de setembro, posto que a maioria de dias as barricadas bloqueiam as principais avenidas e estradas de Porto Príncipe e de outras cidades.

Acusação contra família de presidente hondurenho

La Prensa (02/10): “Promotor dos EUA diz que ‘El Chapo’ entregou 1 milhão de dólares para irmão de presidente” (em espanhol)

O promotor nova-iorquino Jason Richman assegurou nesta quinta-feira que Juan Antonio Tony Hernández, irmão do presidente hondurenho Juan Orlando Hernández, recebeu um milhão de dólares do narcotraficante Joaquín ‘Chapo’ Guzmán para entregar ao mandatário, declaração que faz parte dos argumentos iniciais do processo numa corte de Manhattan.

Acusado de corrupção, juiz da Suprema Corte mexicana renuncia

Sin Embargo (03/10): “Eduardo Medina Mora renuncia à SCJN em meio de acusações de corrupção” (em espanhol)

Em junho, o Senado solicitou à Unidade de Investigação Financeira (UIF) que analisasse as transferências bancárias do Ministro Eduardo Medina Moro, depois de ser acusado de receber supostas transferências milionárias no estrangeiro.

Processo de impeachment contra Trump

Reuters (03/10): “Trump pede publicamente para China investigar Biden” (em inglês)

O presidente Donald Trump na quinta-feira convidou novamente a interferência estrangeira nas eleições presidenciais dos EUA, pedindo publicamente à China que investigasse o rival político democrata Joe Biden, o tipo de solicitação que já desencadeou uma investigação de impeachment no Congresso.

The New York Times (04/10): “Trump está com problemas“, por David Leonhardt (em inglês)

Como já escrevi antes, o impeachment é um processo inerentemente político. Sempre foi uma batalha pela opinião pública, acima de tudo. É por isso que Richard Nixon foi forçado a deixar o cargo e por que Bill Clinton terminou seu mandato. Por enquanto, Trump está perdendo a batalha.

Impasse no Brexit

The Guardian (04/10): “Johnson enfrenta nova crise constitucional por alegação de “sem atraso no Brexit” (em inglês)

Boris Johnson está se aproximando uma nova crise constitucional, depois de insistir que “não haverá demora” para o Brexit apenas algumas horas depois que os advogados do governo prometeram que ele obedeceria à lei e solicitaria uma prorrogação se não conseguisse fechar um acordo dentro de duas semanas.

Derrota eleitoral da extrema-direita na Áustria

DW (02/10): “Extrema-direita perde terreno na Áustria” (em inglês)

As eleições na Áustria resultaram em uma clara vitória do Partido Popular conservador. O governo de coalizão do país entrou em colapso em maio, depois que seu parceiro júnior, o partido da extrema direita, foi envolvido em escândalos de corrupção. Mas o vitorioso Partido do Povo, liderado por Sebastian Kurz, novamente terá que entrar em negociações de coalizão, como informa Natalie Carney de Viena.

Eleições legislativas em Portugal

Observador (04/10): “PS sem maioria, PAN alcança CDS e partidos pequenos podem chegar ao Parlamento. O que dizem as sondagens sobre as legislativas” (em português)

Com algumas variações entre si, também há constantes: o PS aparece sempre à frente dos restantes partidos embora em queda, o PSD recupera e aproxima-se dos socialistas (mas não o suficiente para ambicionar uma vitória), enquanto o Bloco de Esquerda mantém-se a terceira força política com mais intenções de voto. Entre os partidos com assento parlamentar, CDU continua a estar à frente do CDS, que perde deputados, e o PAN aproxima-se dos resultados do partido de Assunção Cristas — em algumas das sondagens, chega mesmo a ultrapassá-lo.

Protestos no Iraque

Al-Jazeera (04/10): “Manifestações antigovernamentais abalam o Iraque, rico em petróleo, enquanto a raiva generalizada irrompe por má administração econômica e corrupção“, (em inglês)

O Iraque está no meio de uma grande crise desencadeada pelo que parece ser uma explosão espontânea de raiva pelo desemprego, maus serviços e corrupção. Dias de protestos contra o governo convulsionaram a capital, Bagdá e várias outras cidades.

Resistência palestina

Publico.es (04/10): “Um palestino morto e 18 feridos por disparos do Exército israelense durante os protestos em Gaza” (em espanhol)

Um palestino morreu e dezoito resultaram feridos por balas do Exército israelense durante os protestos semanais registrados há mais de um ano e meio em Gaza junto à fronteira com Israel, informaram fontes médicas do enclave.

Repressão no Egito

The New York Times (04/10): “Repressão severa no Egito atrapalha movimento de protesto” (em inglês)

Reconhecendo claramente uma ameaça, el-Sisi agiu rapidamente para reunir seus partidários, culpar os funcionários do governo e aplacar os egípcios da classe trabalhadora que foram derrotados por suas políticas econômicas e medidas de austeridade, cujo descontentamento com a alta dos preços e cortes de subsídios é considerado dirigindo os protestos.

Processo de paz nos Camarões

Washington Post (03/10): “Fim do derramamento de sangue nos Camarões“, por Nkongho Felix Agbor Balla, Yonah Diamond e Jeremy Wiener (em inglês)

Em um raro discurso no mês passado, o Presidente Paul Biya, que está chegando aos 38 anos no poder, anunciou a convocação de um “diálogo nacional” de uma semana que termina hoje. O anúncio de hoje de que ele libertará 333 detidos anglófonos é um passo na direção certa.

70 anos da Revolução Chinesa

El País (01/10): “Editorial: A ascensão da China” (em espanhol)

Sendo o país mais povoado do mundo, há anos apresenta estatísticas espetaculares de crescimento – durante o primeiro trimestre deste exercício foi de 6,3% apesar das ameaças de guerra comercial com os Estados Unidos -, com um desenvolvimento material e tecnológico que transformou tanto a sociedade chinesa como a imagem que o gigante asiático projeta para o mundo. Em poucas décadas, passou do subdesenvolvimento e a irrelevância internacional mais além do teatro de operações regional a ser um país com interesse estratégico mundial e uma liderança em investigação e desenvolvimento – é o caso do 5G – que o coloca numa das posições dominantes ante a próxima revolução tecnológica mundial.

The Guardian (01/10): “China celebra 70º aniversário enquanto Xi adverte ‘nenhuma força pode abalar uma grande nação’

A China celebrou 70 anos de governo do partido comunista e sua ascensão ao status de superpotência global com um desfile militar mostrando a tecnologia do país e uma promessa do presidente Xi Jinping de que “nenhuma força pode abalar o status desta grande nação”. Mas enormes e violentos protestos em Hong Kong lançaram uma longa sombra sobre a projeção cuidadosamente coreografada de unidade e poder nacional de Pequim.

Protestos em Hong Kong

Al-Jazeera (03/10): “Hong Kong se move para proibir máscaras faciais enquanto protestos continuam” (em inglês)

A líder de Hong Kong Carrie Lam invocou o uso de poderes de emergência na sexta-feira, permitindo ao governo proibir máscaras nos protestos, numa tentativa de reprimir ainda mais os protestos pró-democracia que abalam a cidade desde junho.

ARTIGOS E DEBATES DA ESQUERDA INTERNACIONAL

Crise institucional no Peru

Portal da Esquerda em Movimento (01/10): “Vitória democrática e popular“, por Tito Prado (em português)

O movimento social no Peru não deixa de ser um fator determinante em todos os momentos da crise do regime que ocorre desde 2016, sendo em alguns casos o fator de aceleração da crise. Lembremos que quando o ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski (que precedeu Vizcarra) libertou Alberto Fujimori milhares de peruanos decidiram ganhar as ruas no dia 24 de dezembro, sacrificando sua noite de Natal para expressar o repúdio à liberdade de um genocida e ladrão como o ex-presidente Fujimori.

La Republica (04/10): “Não devem voltar os mesmos congressistas… não deveriam“, entrevista com Veronika Mendoza (em espanhol)

Nós temos muito claro que o que ocorreu em nosso país é que o presidente dissolveu constitucionalmente um Congresso que lhe negou uma questão de confiança, não de maneira tácita ou implícita, mas de maneira muito concreta e em reiteradas oportunidades.

Estado de exceção no Equador

Correspondencia de Prensa (03/10): “Todos a lutar contra o pacotaço neoliberal de Lenín Moreno“, por Mario Unda (em espanhol)

Com seu pacote de medidas anunciadas à noite, Moreno terminou de se lançar ao abismo pantanoso do neoliberalismo, e pretende nos arrastar a todos com ele. As medidas são uma declaração de guerra contra o povo equatoriano: mais flexibilização laboral, aumento do custo de vida, festim privatizador, mais dívida externa e mais recessão.

CLAE (04/10): “O pacotaço do FMI leva a Lenín Moreno à beira do precipício“, por Eloy Osvaldo Proaño (em espanhol)

Não seria descartável que dada a fragilidade de Moreno, esses mesmos setores sejam os que acelerem a assunção do vice-presidente para que possa seguir com as medidas econômicas e o caminho traçado. Algo similar se sucedeu, recorda o ex-vice-chanceler Kintto Lucas, no ano 2000 com Mahuad-Noboa quando se declarou a dolarização.

Rebelião no Haiti

Haití Libre y Soberana (02/10): “Haiti bloqueada: seus escritores lançam um chamado ao mundo, por escritores haitianos (em espanhol)

Dizemos ao mundo: não há reconciliação possível entre o povo haitiano e a presidência de Jovenel Moïse/PHTK. O único apoio para este poder criticado proviria de poderosas embaixadas estrangeiras. É às custas do sangue do povo, da radicalização e da violência repressiva que Jovenel Moïse permaneceria no poder. Fazemos um chamado aos cidadãos do mundo para que apoiem a causa haitiana. O humanismo de hoje exige uma escolha entre um povo e um presidente, entre um povo e seus carrascos.

Protestos em Hong Kong

Jacobin Magazine (04/10): “Onde estão as coisas em Hong Kong“, por Valentina Pegolo (em inglês)

Por que Pequim está tão preocupado com os protestos de Hong Kong? Porque eles sabem que o movimento, agora em sua vigésima semana, pode se tornar um símbolo de resistência democrática que todas as pessoas desprovidas de privilégios da região poderiam apoiar.

The Nation (02/10): “A geração perdida de Hong Kong“, por Benjamin Haas (em inglês)

Há cinco anos, durante a última grande rodada de protestos pró-democracia, conhecida como Movimento Guarda-Chuva, os manifestantes bloquearam as principais vias do lado de fora do escritório principal do governo de Hong Kong por quase três meses. Durante esse período, era comum ver crianças em seus uniformes escolares caminhando pela estrada vazia. Havia até uma área de estudo improvisada, repleta de mesas de madeira construídas às pressas e um sistema de iluminação acionado por uma bicicleta ergométrica.

Experiência do Syriza

Viento Sur (30/09): “O caminho rumo ao referendo e a capitulação de Tsipras e Varoufakis”, por Eric Toussaint (em espanhol)

Este artigo constitui um guia para os leitores e leitoras que não se contentam com a narrativa dominante apresentada pela grande mídia e pelos governos da Troika, nem tampouco lhes satisfaz a versão dada pelo ex-ministro de Finanças do primeiro governo de Syriza. Em contraposição ao relato de Varoufakis, que Costa Gavras retoma em sua película, Éric Toussaint nos fala de acontecimentos que o ministro silencia. Porém o autor também expressa uma opinião diferente à de Varoufakis sobre o que teria sido necessário fazer, sobre a apreciação do que fez e sobre a estratégia adotada pelo governo dirigido por Tsipras.