Clipping do Observatório Internacional (12/10/2019)

Esta edição do Clipping do Observatório Internacional (12/10) vem recheada de artigos e notícias sobre o que de mais importante aconteceu na política internacional nos últimos dias.

A seguir uma seleção de links sobre os seguintes assuntos: a insurreição popular e indígena no Equador, a ofensiva turca no norte da Síria contra a população curda, os novos capítulos do processo de impeachment contra Trump, o aumento das hostilidades entre Irã e Arábia Saudita, as conversas entre China e EUA para se alcançar uma trégua comercial, novos protestos em Hong Kong por democracia, a vitória eleitoral do Partido Socialista em Portugal, o impasse entre Reino Unido e a União Europeia sobre o divórcio, a concessão do Nobel da Paz ao presidente da Etiópia, as eleições na Tunísia, as pesquisas eleitorais na Argentina, Uruguai e Bolívia, o aumento da popularidade de Martín Vizcarra no Peru após fechar o Congresso dominado pela maioria fujiaprista, novos confrontos nas ruas do Haiti pela renúncia do presidente Jovenel Maise e as mobilizações estudantis na Colômbia.

Uma excelente leitura a todos e até o próximo Clipping!

Notícias e artigos da imprensa internacional

Insurreição popular no Equador

NY TIMES (08/10): “Presidente do Equador transfere sede de governo para escapar de protestos“, (em inglês)

O presidente do Equador, Lenín Moreno, mudou a sede de seu governo de Quito, a capital, para uma cidade costeira a mais de 150 milhas de distância no final de segunda-feira, em uma tentativa de proteger seu governo dos grandes protestos contra a austeridade que assolaram o país na semana passada. Na terça-feira à tarde na capital, um grupo de manifestantes invadiu a Assembléia Nacional, a polícia disparou gás lacrimogêneo em resposta e uma coalizão indígena se aproximou do palácio presidencial, mostrando que a saída do Sr. Moreno não conseguiu acalmar a raiva contra ele.

THE GUARDIAN (10/10): “Equador paralisado por greve nacional enquanto Moreno se recusa a voltar atrás” (em inglês)

O governo de Moreno levantou os subsídios à gasolina e ao diesel na terça-feira passada, como parte de um acordo de empréstimo de $4.2bn com o Fundo Monetário Internacional, alcançado no ano passado, que depende de reformas de aperto de cinto. De acordo com o governo, os pagamentos custaram ao país perto de US$ 1,4 bilhão (£ 1,1 bilhão) anualmente, de acordo com fontes oficiais.

BLOOMBERG (12/10): “Indígenas desprezados do Equador se levantam como a maior ameaça de Moreno“, (em inglês)

Os indígenas equatorianos representam cerca de 7% da população, e historicamente têm sido empobrecidos e despossuídos. Mas durante a semana passada, eles lideraram a oposição ao presidente Lenin Moreno, levando grandes faixas da nação a um impasse com bloqueios de estradas estrategicamente colocados. A decisão de Moreno de acabar com os subsídios ao combustível foi bem recebida pelo FMI, já que eles custam ao governo US$ 1,4 bilhão por ano, mas Heredia disse que a decisão trará miséria para ele e seus vizinhos.

Ofensiva de Erdogan contra os curdos

THE GUARDIAN (10/10): “Tropas curdas avançam dentro da Síria enquanto Trump lava as mãos em relação aos curdos” (em inglês)

As tropas turcas avançaram para o nordeste da Síria, após ataques aéreos e barragens de artilharia dirigidas a forças curdas apoiadas pelos EUA que controlam a região. Os militares turcos confirmaram na quarta-feira que “lançaram a operação terrestre no leste do rio Eufrates” e mais tarde disseram que tinham atingido 181 “alvos militantes”.

EL PAÍS (10/12): “Erdogan ameaça abrir a passagem para 3,6 milhões de refugiados sírios caso Europa critique seu ataque na Síria” (em espanhol)

O governo turco não se comove ante as denúncias internacionais despertadas por sua ofensiva contra as milícias curdas no norte da Síria. E mais, o presidente turco REcep Tayyip Erdogan fez uma ameaça a União Europeia e seus Estados membros, os quais exigiram que Ancara detenha seu avanço militar: caso continuem com suas críticas, ele dará por terminado o acordo antimigratório assinado em 2016 com Bruxelas e permitirá aos refugiados e imigrantes chegar a território europeu.

THE INDEPENDENT (11/10): “Militantes do Estado Islâmico fogem de prisão na Síria depois de bombardeio turco” (em inglês)

Cinco militantes do Estado Islâmico fugiram de uma prisão no norte da Síria depois de bombardeios turcos nas proximidades, disse um porta-voz das Forças Democráticas Sírias (SDF) lideradas pelos curdos. Os detentos fugiram de uma prisão na cidade de Qamishli, disse Marvan Qamishlo. Enquanto isso, mulheres filiadas ao Estado Islâmico atacaram escritórios de segurança com varas e pedras durante a agitação em um acampamento na região onde a Turquia lançou ataques.

Processo de impeachment de Trump

THE WEEK (10/12): “Dois homens ligados a advogado de Trump são presos sob suspeita de violações no financiamento de campanha após ajudarem na investigação da Ucrânia” (em inglês)

Dois dos associados de Rudy Giuliani foram presos na quarta-feira passada, suspeitos de violar as leis de financiamento de campanha, informou o The Wall Street Journal nesta quinta-feira. Os homens, Lev Parnas e Igor Fruman, alegadamente trabalharam com Giuliani em um esforço para investigar o ex-vice-presidente Joe Biden.

THE NY TIMES (11/10): “Apoio para impeachment de Trump cresce, apesar de lentamente” (em inglês)

Muitas pesquisas mostrando apoio desigual para o impeachment focam no próprio inquérito de impeachment, incluindo uma esta semana do Washington Post/George Mason University, que mostrou adultos apoiando o inquérito por uma margem de 20 pontos, 58% a 38%.

Tensões entre Irã e Arábia Saudita

AL-JAZEERA (12/10): “Irã condena ‘ataque covarde’ a petroleiro na costa saudita” (em inglês)

Um porta-voz do governo iraniano descreveu como “covarde” um ataque a seu navio petroleiro, que foi atingido nas águas do Mar Vermelho na costa da Arábia Saudita na sexta-feira. A mídia iraniana disse que o incidente pode causar atritos em uma região afetada por ataques a navios-tanque e instalações de petróleo desde maio.

Negociações entre EUA e China

ABC NEWS (11/10): “Trump anuncia ‘fase 1’ de acordo comercial com China: trégua tarifária” (em inglês)

O presidente Donald Trump anunciou na sexta-feira um acordo comercial parcial entre os Estados Unidos e a China, dizendo que um acordo de “fase um” foi alcançado com o objetivo de acalmar mais de um ano de incerteza econômica global, uma vez que as duas maiores potências econômicas do mundo impuseram tarifas retaliatórias aos bens nacionais.

Protestos em Hong Kong

THE GUARDIAN (11/10): “Hong Kong: prisão de 750 crianças durante manifestações provoca protestos“, (em inglês)

As autoridades de Hong Kong revelaram que 750 dos manifestantes presos durante quatro meses de distúrbios são crianças, provocando indignação na cidade, à medida que a raiva continua a crescer devido às medidas cada vez mais rígidas do governo contra manifestantes.

Eleições em Portugal e fim da geringonça

EL PAÍS (11/10): “O socialista Costa governará em minoria em Portugal sem acordos estáveis” (em espanhol)

Não haverá mais geringonça em Portugal. Depois de se reunir com os sócios parlamentares da legislatura anterior, Bloco, PC e Verdes, o líder socialista Antonio Costa, que ganhou as eleições no domingo passado, assegurou que haverá um Governo estável em minoria, mas sem reeditar os pactos assinados em 2015 com os partidos a sua esquerda.

Impasse do Brexit

TELEGRAPH (08/10): “Acordo ‘essencialmente impossível’ após ligação entre Boris Johnson e Angela Merkel” (em inglês)

Os aliados de Boris Johnson acusaram Angela Merkel de tornar o acordo do Brexit “essencialmente impossível”, enquanto as negociações entre a Grã-Bretanha e a UE caíam em um jogo de culpa.

Prêmio Nobel da Paz

CNN INTERNACIONAL (11/10): “Por que Abiy Ahmed ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 2019” (em inglês)

O Prêmio Nobel da Paz foi concedido a Abiy Ahmed, o primeiro-ministro da Etiópia que ajudou a terminar a guerra de 20 anos de seu país com a Eritreia. Ao anunciar o prêmio em Oslo, o Comitê Norueguês do Nobel disse que “os esforços de Abiy merecem reconhecimento e precisam de incentivo”.

Eleições na Tunísia

AL-JAZEERA (10/10): “Resultados preliminares mostra vitória de Ennahda” (em inglês)

O partido de Rached Ghannouchi ganhou 52 de 217 assentos nas eleições do domingo, muito abaixo dos 109 necessários para governar. O recém formado partido Qalb Tounes (Coração da Tunísia) do magnata midiático e candidato presidencial Nabil Karoui ficou em segundo lugar com 38 assentos. Com uma grande quantidade de partidos e movimentos, o cenário parece pronto para negociações longas e complexas.

Pesquisas eleitorais na Argentina, Bolívia e Uruguai

EL PAÍS (12/10): “O que antecipam as pesquisas eleitorais na nova onda eleitoral latino-americana“, por Jorge Galindo (em espanhol)

Argentina, Bolívia e Uruguai observam como a esquerda parte como favorita segunda as pesquisas no primeiro turno de suas respectivas eleições presidenciais, todas durante outubro.

Mobilização estudantil na Colômbia

SPUTNIK (11/10): “Marchas estudantis em toda a Colômbia nesta quinta-feira” (em espanhol)

​Em 10 de outubro, estudantes universitários, que somaram dez mil em Bogotá, protestaram com massivas marchas pelas principais vias da cidade contra a corrupção nas universidades públicas e pelo que dizem ser o descumprimento do Governo com acordos pactuados em dezembro do ano passado para financiar a educação superior.

Crise política no Peru

REUTERS (10/10): “Popularidade de Vizcarra chega a 82% depois de fechar o Congresso” (em espanhol)

O apoio ao presidente peruano Martín Vizcarra saltou 30 pontos percentuais para 82%, o maior nível de sua gestão, depois que o mandatário dissolveu o Congresso há quase duas semanas depois de um duro enfrentamento com a oposição, mostrou uma pesquisa nesta quinta-feira.

Protestos no Haiti

DW (12/10): “Quatro mortos em nova jornada de protestos no Haiti” (em espanhol)

A oposição no Haiti denunciou nesta sexta-feira que ao menos quatro pessoas morreram e dezenas ficaram feridas durante manifestações em Porto Príncipe e outras cidades do país contra o presidente haitiano, Jovenel Moise. “Os dias de Jovenel Moise” no poder “estão contados”, dizem os manifestantes, que tentaram entrar na residência presidencial para exigir “sua carta de renúncia”.

ARTIGOS E DEBATES DA ESQUERDA INTERNACIONAL

Situação equatoriana

PORTAL DA ESQUERDA EM MOVIMENTO (12/10):Equador pode inaugurar um novo ciclo na América Latina“, por Bernardo Corrêa (em português)

A revolta tomou as ruas das principais cidades do país desde quinta-feira (2/10), quando o presidente anunciou um pacote a mando do FMI. O aumento (de 123%) preço dos combustíveis. Uma Reforma trabalhista (bastante semelhante à vivida pelo Brasil em 2018), privatizações generalizadas e cortes dos gastos sociais. Lenín Moreno, que não honra o nome que tem, foi eleito para fazer o oposto. Mentiu nas eleições, contou com apoio de setores indígenas e populares, mas traiu seu programa, como se acostumaram a fazer os políticos lá e aqui.

NUEVA SOCIEDAD (10/10): “Equador contra Lenin Moreno“, por Pablo Ospina Peralta (em espanhol)

Que efeitos terá tudo isso num prazo maior sobre um governo frágil e inepto ou quem será capaz de capitalizar o descontentamento dependerá da política dos próximos dias e os meses seguintes. A sorte não está lança. O que sim está claro é que qualquer governo que venha pensará três vezes mais antes de tomar medidas similares.

REBELION.ORG (09/10): “A rebelião dos ‘zánganos’“, por Alberto Acosta e John Cajas Guijarro, (em espanhol)

As lutas populares são múltiplas. Têm uma dimensão classista e ambiental (trabalho e Natureza contra o Capital), uma dimensão étnica (como a histórica reivindicação indígena), uma dimensão feminista e antipatriarcal, uma dimensão oposta à xenofobia e ao racismo… em definitivo, uma luta múltipla que busca uma manhã mais justa para todas e todos.

BRECHA (11/10): “País de luta“, por Decio Machado (em espanhol)

A explosão popular desencadeada pelas exigências do FMI sacode um país em transição e põe em xeque ao governo de Lenín Moreno. Enfrentando tanto à atual administração como à oposição correísta, um renovado movimento indígena lidera os protestos com uma ambiciosa plataforma de reivindicações.

Rebelião no Haiti

TELESUR (11/10): “”O imperialismo norte-americano se vale do Haiti para sabotar a unidade regional”: entrevista com Camille Chalmers“, por Lautaro Rivara (em espanhol)

Nesta entrevista, o intelecutal Camille Chalmers oferece uma análise do ciclo de multitudinários protestos em seu país e sobre as razões da crise. Também realiza um balanço dos 15 anos de ocupação internacional no Haiti e sobre os desafios da integração regional na América Latina e no Caribe.

Ofensiva turca contra os curdos

INTERNATIONAL VIEWPOINT (10/10): “A “facada nas costas” de Trump no movimento nacional curdo“, por Gilbert Achcar (em inglês)

Em mais uma flagrante demonstração de seu caráter errático, irresponsabilidade política e descuido humano, o presidente norte-americano Donald J. Trump anunciou abruptamente na noite de domingo, 6 de outubro, após um telefonema com o presidente turco Recep T. Erdogan, que havia ordenado a retirada das tropas norte-americanas estacionadas no nordeste da Síria (numeração próxima a mil). Essas tropas haviam estado lá para apoiar as Forças Democráticas Sírias (SDF), uma coalizão multiétnica liderada pelas forças curdas das Unidades de Proteção Popular (aka YPG), em sua luta contra o chamado Estado Islâmico (IS, aka ISIS).

Processo de impeachment de Trump

DSA (09/10): “Declaração do Comitê Nacional Político do DSA sobre impeachment” (em inglês)

Enquanto os Democratas pressionam por um impeachment, acreditamos que é essencial que a DSA continue a lutar como e com a classe trabalhadora por demandas que desviem o poder do 1%. Sabemos que tanto Nancy Pelosi quanto Trump fazem parte dessa elite governante. Embora eles possam se encontrar em desacordo agora, no final ambos serão contra as demandas da classe trabalhadora e de qualquer plataforma que os una. Como a maior organização socialista do país, continuaremos a lutar contra toda a classe capitalista, fazendo campanha pelo Medicare for All, um New Deal Verde, melhor educação pública para todas as idades e Bernie Sanders.

TRUTHDIG (03/10): “O problema do impeachment“, por Chris Hedges (em inglês)

O impeachment de Trump seria visto pelos seus apoiantes como um esforço para acabar com esta forma de desafio primordial, ainda que ineficaz. É mais uma mensagem para os excluídos, especialmente os da classe trabalhadora branca, de que suas vidas, suas preocupações, suas esperanças e suas vozes não importam.

Eleições em Portugal

Jacobin Brasil (07/10): “O que a esquerda deve fazer em Portugal“, por Catarína Príncipe (em português)

Há três tópicos principais para a análise dos resultados da noite de domingo. O PS foi o vencedor, a direita perdeu e Portugal enfrenta novamente uma situação em que o resultado das eleições não indica claramente a composição do próximo governo.

VIENTO SUR (09/10): “PS sem maioria, direita sofre derrota histórica“, por Alda Sousa e Luís Branco (em português)

Nas eleições de 6 de outubro, a esquerda ampliou a sua maioria no parlamento graças à subida do PS, que no entanto falhou o objetivo da maioria absoluta. O Bloco consolidou a posição de terceira força política do país. A grande dúvida do início da campanha eleitoral —iria o PS conseguir a maioria absoluta que lhe permitiria livrar-se dos parceiros da geringonça?— ficou desfeita nas últimas semanas, com a recuperação do PSD nas sondagens. Era o sinal de que a desmobilização do eleitorado de direita não ia ser tão grande quanto o previsto nos últimos meses. No entanto, essa mobilização não foi suficiente para evitar uma derrota histórica deste campo político: o PSD acabou com menos de 28% —o pior resultado neste século— e o CDS caiu para os 5%, passando de 18 para apenas 5 deputados.