Clipping do Observatório Internacional (12/01/2020)
Nesta edição semanal do Clipping do Observatório Internacional, destacamos a crise no Irã, a vitória do movimento operário francês, os mega-incêndios na Austrália, as eleições em Taiwan, o golpe na Bolívia, o impasse político na Venezuela, a desaceração do crescimento econômico global em 2019.
NOTÍCIAS E ARTIGOS DA IMPRENSA INTERNACIONAL
Protestos no Irã por queda de avião
AL-JAZEERA (12/01): “Protestos em Teerã depois de Irã admitir abatimento de avião” (em inglês)
Um grupo de manifestantes iranianos exigiu que o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, e outros líderes renunciassem depois que Teerã admitisse que suas forças derrubaram por engano um avião de passageiros ucraniano, matando todas as 176 pessoas a bordo.
THE GUARDIAN (08/01): “Mísseis lançados pelo Irã contra bases aéreas dos EUA no Iraque” (em inglês)
O Irã lançou ataques com mísseis direcionados às tropas dos EUA no Iraque, no que disse ser uma retaliação pelo assassinato na semana passada do principal general iraniano Qassem Suleimani. O Pentágono confirmou que a base aérea de Al-Asad, na província de Anbar, no Iraque, e a base de Erbil, no norte do Iraque, que abrigam um contingente americano, foram atingidas por uma salva de mais de uma dúzia de mísseis lançados do Irã.
BBC (07/01): “Trump criticado por ameaçar sítios culturais do Irã” (em inglês)
Trump fez as ameaças em meio às consequências do assassinato americano do comandante iraniano Qasem Soleimani. O presidente disse que os sítios culturais estão entre os 52 alvos iranianos identificados que podem ser atacados se os iranianos “torturarem, mutilarem e explodirem nosso povo”.
AL JAZEERA (08/01): “Como o governo Trump salvou a República Islâmica“, por Ahmad Sadri (em inglês)
A liderança iraniana estava lutando com uma grande crise de legitimidade quando Trump veio em seu socorro.
Vitória parcial dos trabalhadores franceses
EL PAÍS (12/01): “O governo francês cede em um ponto chave da reforma da Previdência” (em espanhol)
Um começo de compromisso com a reforma previdenciária começa a ser delineado após mais de um mês de greve indefinida no transporte público e vários dias de manifestações. O primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, ofereceu neste sábado a retirada de uma das medidas mais controversas: 64 anos de idade para se aposentar com pensão completa.
Emergência climática
EUROPA PRESS (08/01): “2019, ano mais quente da Europa e segundo a nível mundial” (em espanhol)
O conjunto de dados de temperatura proporcionado pelo C3S mostra que a temperatura média global do ar na superfície foi somente 0, 04 º C menor que a de 2016, o ano mais quente registrado até o momento.
Desaceleração econômica global
EL PAÍS (09/01): “O Banco Mundial rebaixa o crescimento global ao mínimo desde a crise de 2008” (em espanhol)
A economia mundial cresce no ritmo mais lento desde que saiu da Grande Recessão. O Banco Mundial estima que o aumento em 2019 tenha sido de apenas 2,4%, de acordo com sua série estatística, os dados mais baixos em uma década. E as perspectivas para este ano não melhoram muito. A instituição liderada por David Malpass espera um crescimento de 2,5%, dois décimos a menos do que nas previsões de junho. Este agravamento das previsões foi maior na zona do euro: de 1,4% para 1% em 2020.
Crise política venezuelana
BBC MUNDO (05/02): “Quem é Luis Parra, o polêmico deputado que se proclamou ‘presidente’ da Assembleia Nacional no lugar de Guaidó” (em espanhol)
Luis Alberto Parra Rivero, mais conhecido como Luis Parra, 41 anos, proclamou-se presidente da Assembléia Nacional em um dia marcado pelos golpes e confrontos no hemiciclo, aos quais Juan Guaidó, até agora presidente da Câmara, não podia acesso porque foi impedido pela Guarda Nacional.
EL PAÍS (06/01): “México e Argentina condenam o bloqueio do Parlamento da Venezuela” (em espanhol)
Os governos do México e da Argentina se alinharam no domingo com os principais aliados internacionais de Juan Guaidó em sua rejeição ao golpe que encerrou a auto-proclamação como presidente da Assembléia Nacional da Venezuela de um deputado dissidente da oposição com o apoio do Chavismo.
Golpe na Bolívia
EL PAÍS (09/01): “O Governo boliviano recrudesce a perseguição a Evo Morales e o MAS“, por Fernando Molina (em espanhol)
O Executivo de transição ativou uma ordem internacional de busca e apreensão contra Morales, acusado de terrorismo e sedição. A herança de todos os ministros, vice-ministros, diretores, governadores e prefeitos do Movimento ao Socialismo (MAS) está sendo revisada.
Conflito na Líbia
AL JAZEERA (08/01): “Rússia e Turquia emergem como líderes políticos na Líbia” (em inglês)
A Rússia e a Turquia formaram uma aliança para explorar a insolvência do Ocidente na crise da Líbia, para se posicionar como patrocinadora de uma futura solução política no país do norte da África, segundo reportagem do jornal francês Le Monde.
Protestos na Argélia
EL PAÍS (07/01): “Liberados na Argélia 80 ativistas do movimento de protestos” (em espanhol)
A justiça argelina libertou de 2 a 76 de janeiro os detidos do chamado Hirak (movimento em árabe), a grande onda de protestos que começou em 22 de fevereiro para exigir uma abertura democrática no país. Alguns defensores dos direitos humanos valorizam um gesto de apaziguamento por parte do poder, enquanto outros asseguram que a medida é uma manobra para que tudo permaneça o mesmo.
Eleições em Taiwan
THE OBSERVER (11/01): “Tsai Ing-Wen tem vitória avassaladora em castigo para China” (em inglês)
Os eleitores de Taiwan reelegeram o presidente em exercício Tsai Ing-Wen em uma eleição esmagadora que serve como uma forte repreensão a Pequim e suas tentativas de intimidar e persuadir Taiwan a fazer parte da China. Com mais de 8 milhões de votos, o máximo que qualquer candidato presidencial conquistou desde que Taiwan começou a realizar eleições diretas para o cargo em 1996, Tsai derrotou facilmente seu oponente Han Kuo-yu, cujo partido do Kuomintang promove laços mais estreitos com a China.
Incêndios na Austrália
ABC (10/01): “Incêndios levam milhares a protestar contra primeiro-ministro e políticas de mudança climática” (em inglês)
Comícios da mudança climática foram realizados na maioria das capitais da Austrália após a crise dos incêndios florestais, com milhares de manifestantes criticando o tratamento do primeiro-ministro Scott Morrison das emergências de incêndio em Nova Gales do Sul, Victoria e Austrália do Sul.
THE GUARDIAN (09/01): “Incêndios florestais ameaçam a segurança da água potável – e as consequências podem durar décadas” (em inglês)
Os incêndios florestais representam sérios impactos de curto e longo prazo para a qualidade da água potável pública. Eles podem danificar a infraestrutura de abastecimento de água e as captações de água, impedindo os processos de tratamento que normalmente tornam nossa água segura para beber.
ARTIGOS E DEBATES DA ESQUERDA INTERNACIONAL
Tensão no Oriente Médio
VIENTO SUR (07/01): “A posição socialista ante o ataque dos EUA ao Irã: o assassinato de Suleimani“, por Dan La Botz (em espanhol)
De fato, o presidente Donald Trump declarou guerra ao Irã com o assassinato do general Qassim Suleimani, comandante da tropa de elite iraniana Quds, em um ataque aéreo perto do Aeroporto Internacional de Bagdá. O assassinato de Suleimani provavelmente provocará uma guerra, embora não esteja claro como essa guerra se desenvolverá ou de que forma será. Que posição os socialistas americanos assumem nessa nova situação?
EL DIARIO (10/02): “O assassinato de Suleimani e o destino dos que sempre perdem“, por Leila Nachawati (em espanhol)
O recente assassinato em Bagdá do general iraniano Qasem Suleimani, responsável por uma unidade da Guarda Revolucionária Islâmica Iraniana, gerou inúmeras análises, muitas delas centradas nas dicotomias em torno de sua figura: Suleimani era o flagelo do ISIS ou uma ameaça a paz na região? Devemos lamentar o assassinato do homem forte do Irã ou celebrar o fim de um terrorista perigoso?
REBELION.ORG (09/01): “Matar um general“, por Rafael Poch (em espanhol)
Os Estados Unidos assassinaram uma das principais personalidades do Irã que estava oficialmente visitando um país amigo em uma missão diplomática. A mensagem do assassinato de Gasem Soleimani é a persistência de Washington no esforço de manter a primeira região energética do mundo revoltada e evitar qualquer distensão entre o Irã e a Arábia Saudita
REBELION.ORG (10/01): “Algumas reflexões sobre a resposta iraniana“, por Adrián Abrahan (em espanhol)
Aparentemente, a situação saiu das mãos de Trump. Outra possibilidade era que o polêmico presidente dos Estados Unidos percebesse a situação como uma opção ganha-ganha: se o Irã não reagisse, pareceria um homem forte dominante nas eleições.
Emergência climática
VIENTO SUR (10/01): “A década em que a mudança climática se fez realidade“, por Liza Featherstone (em espanhol)
A humanidade conhece o fenômeno do aquecimento global desde a década de 1980. No entanto, foi na década de 2010 que as mudanças climáticas perderam sua natureza abstrata, mesmo para aqueles que vivem em países ricos. A mudança climática passou do tempo futuro para o presente.
PUBLICO (10/01): “Como a crise climática agrava as consequências dos incêndios“, por Alejandro Tena (em espanhol)
O país oceânico sofre intensos incêndios florestais há mais de um mês. No momento, os lhamas já mataram mais de vinte pessoas e estima-se que cerca de um bilhão de animais tenham morrido.
Golpe na Bolívia
REBELION.ORG (11/01): ” ‘Com a crise diplomática com a Espanha, a Europa se dá conta agora da ditadura que temos na Bolívia’“, por Javier Borelli (em espanhol)
A primeira vez que Evo Morales chegou à Argentina, ele tinha menos de cinco anos. Ele fez isso acompanhando seu pai, que, como milhares de bolivianos, mudou-se para trabalhar na colheita de cana de açúcar nas províncias do norte.
VIENTO SUR (09/01): “Miséria da teoria: Bolívia e o golpe de Estado“, por Martín Mosquera (em espanhol)
Na Bolívia, um governo reformista de base indígena e camponesa, que parecia encerrar em 2006 o domínio histórico de uma minoria racista de mestiços brancos, foi derrubado por um golpe de Estado contra-revolucionário. A base social do golpe está enraizada nas antigas castas deslocadas e é hegemonizada por setores protofascistas.