Clipping do Observatório Internacional (22/04) – Especial: Crise econômica
Nesta edição especial do Clipping do Observatório Internacional, reunimos artigos e reportagens com as projeções de importantes economistas de várias escolas, bem como prognósticos de consultorias financeiras, a respeito dos impactos econômicos do Covid-19 em todo o planeta. Confira abaixo essa compilação!
NOTÍCIAS E ARTIGOS DA IMPRENSA INTERNACIONAL
THE NEW YORK TIMES (17/04): “Mata de fome a besta, alimente a depressão“, por Paul Krugman (em inglês)
“Qualquer um que espere uma recuperação econômica em forma de V, na qual voltemos rapidamente aonde estávamos há alguns meses, é provável que fique muito decepcionado. Se há algo positivo em tudo isso, é que as pessoas que estão sabotando a nossa resposta à economia do Covid-19 também podem estar sabotando seu próprio futuro político. Depois de tudo, Trump conta com uma rápida recuperação econômica para apagar as recordações públicas de sua desastrosa gestão da pandemia. Entretanto, ele e seus aliados no Senado estão fazendo com que essa recuperação seja muito menos provável”.
PROJECT-SYNDICATE (24/03): “Uma maior depressão?” (em inglês)
Essa tríade de riscos – pandemia não-contida, arsenais insuficientes de políticas econômicas e cisnes brancos geopolíticos – bastará para fazer cair a economia global numa depressão persistente e uma derrubada galopante dos mercados financeiros. Depois da crise de 2008, uma resposta contundente (ainda que demorada) conseguiu tirar a economia global do abismo. Talvez desta vez não tenhamos tanta sorte.
FINANCIAL TIMES (15/04): “Uma melhor sociedade pode emergir dos confinamentos“, por Amartya Sen
Nas políticas contra a pandemia atual, a equidade não foi uma prioridade particularmente notável. Nos Estados Unidos, os afro-americanos estão morrendo a um ritmo enormemente maior de Covid-19 que os brancos. Em Chicago, mais de 70% das mortes têm sido de afro-americanos que constituem somente um terço da população residente. As disparidades internas no sofrimento parecem não ter sido menos em muitos outros países, desde Brasil e Hungria até a Índia.
THE NEW YORK TIMES (14/04): “Os Estados Unidos podem bancar um sistema de saúde de alto padrão mundial. Por que não temos um?“, por Anne Case e Angus Deaton (em inglês)
Os Estados Unidos são um país rico que pode se permitir um sistema de cuidado médico de alto nível. Nós deveríamos estar gastando um monte de dinheiro no atendimento e sobre as novas drogas. Mas necessitamos gastar para salvar vidas e reduzir enfermidades, não em procedimentos custosos e geradores de rendas que fazem pouco para melhorar a saúde. Ou pior de tudo, em enriquecer as companhias farmacêuticas que alimentam a epidemia de opioides.
THE GUARDIAN (22/04): “Joseph Stiglitz: A resposta do coronavírus dos Estados Unidos é semelhante a de países de terceiro mundo“, por Larry Elliot (em inglês)
“As cifras que se dirigem aos bancos de alimentos são enormes e estão muito além da capacidade de suprimento. É como um país do terceiro mundo. A rede pública de segurança social não funciona. (…) Temos uma rede de segurança que é inadequada. A desigualdade nos Estados Unidos é muito grande. Esta enfermidade se dirigiu às pessoas com uma saúde mais precária. No mundo avançado, os Estados Unidos são um dos países com a saúde mais pobre em geral e a maior desigualdade em saúde”.
THE NEW YORK TIMES (20/04): “O mundo tem um problema de 2,5 trilhões de dólares. Aqui se explica como resolvê-lo“, por Maitreesh Ghatak, Xaviel Javarel e Jonathan Weigel (em inglês)
Os países em desenvolvimento necessitam recursos para combater as crises gêmeas de saúde e econômicas. Necessitam dinheiro em efetivo para comprar equipamento médico e ajudar as empresas e as famílias pobres. Mas, onde encontrarão os governos estes fundos? Muitos já enfrentam crise de dívida, descartando mais empréstimos. Inclusive as economias de rápido crescimento estão com problemas: Gana e Etiópia, com um crescimento médio de 5 a 6 por cento na última década, agora enfrentam a insolvência. Países de rendas médias como Turquia e África do Sul também estão à beira do abismo.
HARVARD BUSINESS REVIEW (27/03): “Compreendendo o choque econômico do coronavírus“, por Philipp Carlssson-Szlezak, Martin Reeves e Paul Swartz (em inglês)
Onde o choque do coronavírus se encaixa até agora? A intensidade do choque será determinada pelas propriedades subjacentes do vírus, pelas respostas das políticas e pelo comportamento do consumidor e da empresa diante das adversidades. Mas a forma do choque é determinada pela capacidade do vírus de danificar o lado da oferta das economias, principalmente a formação de capital. Neste ponto, tanto uma forma de V profunda como uma U são plausíveis. A batalha pela frente é impedir uma trajetória clara de U.
THE NEW YORK TIMES (23/03): “Nossa economia morrerá de coronavírus?“, por Paul Romer e Alan M. Garber (em inglês)
Durante décadas, os epidemiologistas nos advertiram que necessitamos construir uma grande reserva nacional de tais equipamentos para estar prontos quando chegue a próxima epidemia. Graças ao fato de que não nos preparemos, agora será necessário um aumento massivo na produção para se colocar em dia.
AL JAZEERA (22/04): “Poderia o coronavírus salvar o planeta mudando a economia para sempre?“, por Azhar Sukri (em inglês)
(…) as medidas implementadas pelos governos para controlar a propagação do coronavírus provavelmente sumiram o mundo numa profunda recessão. Com o prognóstico para a economia global ainda enfrentando sinais de interrogação, o vírus pode estar nos obrigando a mudar permanentemente a forma em que medimos nossa riqueza coletiva, nos goste ou não.
TIME (21/04): “O impacto do coronavírus na China está apenas no começo“, por Charlie Campbell (em inglês)
É a primeira contração registrada na China desde antes da abolição da coletivização da era Mao no final da década de 1970. Mas os analistas concordam que mesmo os 6,8% são extremamente otimistas (como costumam ser os números oficiais de Pequim). Em comparação, o JP Morgan está prevendo que a economia dos EUA contrairá 40% no segundo trimestre do ano. Fazer a economia da China voltar a acelerar não é tão simples quanto apertar um botão. Medidas de contenção para impedir a disseminação do COVID-19 significam que centenas de milhares de trabalhadores estão distantes das fábricas. A produção também foi interrompida pelas medidas de abrigo no local que atualmente se aplicam a metade da humanidade. As fábricas que reabriram foram forçadas a reduzir a capacidade, ou mesmo fechar novamente, devido à redução de demanda pelas exportações chinesas.
WALL STREET JORUNAL (17/05): “O coronavírus solapa a economia da China, e está apenas começando“, por Jonathan Cheng (em inglês)
Desde o término da Revolução Cultural em meados da década de 1970, a economia da China, impulsionada pelas reformas do mercado, acumulou mais de quatro décadas de lucros ininterruptos, ampliando a economia nacional aproximadamente cem vezes e transformando o mundo. Essa era lucrativa terminou, com o anúncio de sexta-feira de uma contração anual de 6,8% em sua economia durante os três primeiros meses do ano.
WASHINGTON TIMES (10/04): “Sete princípios para uma economia pós-coronavírus“, por Henry Paulson Jr. (em inglês)
Devemos melhorar significativamente nossa rede de seguridade social enquanto mantemos os incentivos para trabalhar. Sem trabalho, milhões de estadunidenses carecem de poupanças para pagar o aluguel ou a hipoteca do próximo mês sem a ajuda do governo. (…) Necessitamos um sistema mais robusto de rendas suplementares e assistência mensal de alimentos, aluguel e seguro médico.
AFP (22/04): “A pandemia vai provocar a pior recessão na América Latina” (em inglês)
Segundo a CEPAL, em toda a região somente a economia da República Dominicana vai se manter estável em 2020, todas as demais vão cair. Espera-se que a economia da Venezuela seja a mais afetada com uma contração de 18%, seguida de Argentina, México e Equador, com 6,5%. A América do Sul, graças a uma queda de 5,2%, se verá mais afetada que América Central ou o Caribe “graças a que vários países se viram gravemente afetados pela queda da atividade da China, que é um importante mercado de exportação” (…) A pobreza na América Latina aumentará de 30.3% para 34,7%, um aumento de 29 milhões de pessoas, em 2020, enquanto o desemprego passará de 8,1% para 11,5%, deixando 37,7 milhões de pessoas sem trabalho, projetou a CEPAL.
WORLD BANK (20/04): “O impacto da COVID-19 (coronavírus) na pobreza mundial: por que a África subsaariana poderia ser a região mais afetada“, por Daniel Gerszon Mahler, Christoph Lakner, R. Andres Castaneda Aguilar e Haoyu Wu (em inglês)
Ao mudar os supostos de crescimento e desigualdade, as projeções sugerem estimativas de pobreza global entre 8,4% e 8,8%, ou em outras palavras, o número de pessoas empurradas para a pobreza extrema será aproximadamente entre 40 e 60 milhões. Nos cenários mais pessimistas, a pobreza global em 2020 estaria próxima do nível em 2017, o que significa que o progresso do mundo na eliminação da pobreza extrema se atrasaria em três anos.
SOCIAL EUROPE (22/04): “Um plano Marshall para a Europa ou um plano Draghi?“, por Carlo Spagnolo (em inglês)
Um plano Draghi poderia resgatar a zona do euro, mas poderia estabilizar a Europa sem reestruturar sua sistema capitalista? Sobre este tema, a coragem política parece vacilar. A crise oferece espaço para eleger entre um controle mais estrito do capitalismo sobre os indivíduos ou um programa democrático inclusivo: junto com o plano Draghi, um novo plano Beveridge para o bem-estar? Sem uma estratégia política valente, o legado do plano Marshall se perderá. Ou a UE ou suas democracias morrerão afogadas, e não pelo coronavírus.
BUSINESS DAY (20/04): “Intervenção estatal: a chave keynesiana para ativar o reavivamento posterior ao fechamento“, por François Viruly (em inglês)
A economia keynesiana sugere que os governos podem alterar a confiança dos investidores e estimular o crescimento ao reduzir a incerteza. Isso, por exemplo, inclui estimular e estabilizar a macroeconomia através de intervenções fiscais governamentais específicas. Isso pode significar priorizar o gasto do setor público, enfocar-se nos lares através de subvenções sociais melhoradas e focar em setores específicos que necessitam assistência. As subvenções sociais são efetivas no sentido de que satisfazem as necessidades imediatas dos lares e estimulam indiretamente o gasto de consumo.
CNN (19/04): “60 milhões de europeus poderão sofrer com licenças, demissões ou cortes salariais” (em inglês)
Quase 60 milhões de empregos na União Europeia e no Reino Unido estão em risco pela pandemia de coronavírus, segundo McKinsey. A empresa de consultoria adverte num informe publicado na segunda-feira que a taxa de desemprego da UE poderia elevar-se ao redor de 6% a mais de 11% e permnecer elevada durante anos se a enfermidade não é contida rapidamente. McKinsey estima que um em cada quatro empregos na União Europeia e no Reino Unido corre risco de uma redução de horas ou salários, licenças temporárias ou demissões permanentes. As profissões que não requerem contato próximo com outras pessoas, inclusive contadores e arquitetos, são considerados de baixo risco, junto com aquelas que brindam serviços essenciais como a polícia.
HAARETZ (30/03): “O coronavírus matou o neoliberalismo. Até Trump sabe disso“, por Shlomo Avineri (em inglês)
A crise do coronavírus demonstra que quando as coisas ficam feias, as forças de mercados são as primeiras em colapsar, incapazes de oferecer soluções. Finalmente, em tempos de crises, todos olham para o estado. Inclusive um presidente radical como Donald Trump, que fez todo o possível para debilitar o estado, se deu conta de que sem uma intervenção massiva do governo, o mercado, co, a bolsa de valores como indicador, continuará colapsando-se.
EL PAÍS (20/04): “Anatomia de uma (difícil) recuperação econômica“, por Ignacio Fariza (em português)
A economia está, talvez mais do que nunca antes, nas mãos da ciência. Existem duas variáveis que podem mudar completamente o cenário, para melhor, é claro: um medicamento que permita a cura dos doentes de coronavírus ou, no melhor cenário possível, uma vacina contra a doença disponível em pouco tempo.
FITCH RATINGS (22/04): “Inigualável recessão global” (em inglês)
Fitch Ratings realizou novos cortes nas previsões do PIB Mundial em sua última Perspectiva da Economia Mundial (GEO) em resposta ao prolongamento da quarentena relacionados com o coronavírus e fluxos de dados entrantes. “Agora se espera que o PIB mundial caia cerca de 3,9% em 2020, uma recessão de uma profundidade sem precedentes no período de pós-guerra”, disse Brian Coulton, economista-chefe de Fitch Ratings. “Isso é duas vezes maior que a diminuição antecipada em nossa atualização GEO do início de abril e seria duplamente severo em relação à recessão de 2009”.
THE NEW YORK TIMES (19/04): “Colapso do petróleo e Covid-19 criam estofado geopolítico tóxico” (em inglês)
O Iraque não poderá pagar milhões de trabalhadores e aposentados. Os grandes planos do México para desenvolver o país foram desorganizados. O Equador está cortando os salários do governo e a Venezuela está em suporte vital. A Nigéria está buscando um empréstimo de emergência de quase 7 bilhões de dólares. A pandemia de coronavírus e o colapso dos preços do petróleo que causou criaram uma monstruosa calamidade para os países que dependem em grande medida da produção de petróleo para sua sobrevivência econômica, e obrigaram a outros a mudar as políticas que já não têm sentido econômico. Enquanto que Rússia, Arábia Saudita e Estados Unidos, os maiores produtores de petróleo, têm grandes amortecedores financeiros, a queda abrupta da demanda porque bilhões de pessoas se viram obrigadas a ficar em casa atrapalhou tudo. Era uma possibilidade que inclusive os experts veteranos da indústria não previam.
AL-MONITOR (19/04): “O coronavírus mata o que resta da economia na Faixa de Gaza“, por Mohammad Habosh (em inglês)
Jamal al-Khudari, chefe do Comitê Popular contra o Assédio na Faixa de Gaza, disse a Al-Monitor: “As perdas econômicas ascenderam a 200 milhões de dólares durante o mês de março. Estas perdas incluem os setores econômico, industrial, comercial, de contração e turismo. A maior parte do trabalho se suspende e o estancamento econômico prevalece na Faixa, o que piora as coisas para os 2 milhões de cidadãos de Gaza”.
FINANCIAL TIMES (20/04): “A Índia dá os primeiros passos para reabrir a economia depois do bloqueio do coronavírus” (em inglês)
Os analistas dizem que a quarentena na Índia freou a propagação do patógeno e a contagem de novos casos se duplica a cada 10 dias. Segue havendo preocupações de que a Índia esteja se submetendo a provas e muitos portadores de coronavírus podem não mostrar nenhum sintoma em absoluto.
BBC (19/04): “‘Não estamos preparados para nada’: Haiti, já empobrecido, enfrenta uma pandemia“, por Will Grant (em inglês)
Com apenas 60 ventiladores para 11 milhões de pessoas, o Haiti é a nação mais vulnerável das Américas ao coronavírus. Embora muitos países apresentem dificuldades para fazer frente a uma séria propagação de Covid-19, o Haiti nunca se recuperaria de uma. A capacidade de resposta do país se vê confundida por suas dificuldades econômicas. Ao redor de 60% dos haitianos vivem abaixo da linha da pobreza e muitos precisam enfrentar uma cruel escolha: seguir com seus afazeres diários e correr o risco de contrair COVID-19, ou ficar em quarentena, como aconselha o governo, e não poder colocar comida na mesa.
REUTERS (08/04): “Cubanos descartam temores de coronavírus para buscar alimentos mais escassos“, por Mark Frank (em inglês)
A Cuba comunista importa mais de 60% de seus alimentos, mas a pandemia obrigou a seu governo a fechar as fronteiras, negando-lhe a moeda forte do turismo necessária para pagar os bens do estrangeiro. A indústria do lazer representa 25% dos ingressos de divisas do país.