Clipping do Observatório Internacional (10/06)

Nesta edição semanal do Clipping do Observatório Internacional, destacamos as notícias e reportagens a respeito da histórica rebelião antirracista nos EUA que se espraia pelo mundo inteiro há alguns dias. Além do assunto principal, indicamos alguns links sobre os seguintes acontecimentos: os novos protestos em Hong Kong contra a Lei de Segurança Nacional aprovada pela China, as manifestações no Uruguai e no Equador contra as políticas de ajuste neoliberal, a estatização de uma grande empresa por Fernández na Argentina, as novas evidências do golpe de novembro de 2019 na Bolívia, a volta triunfal dos médicos cubanas da Itália após o pico da pandemia, os protestos da população no Líbano em exigência de condições de mínimos de sobrevivência, os protestos em Israel contra a linha de anexação acelerada de novos territórios na Cisjordânia e a resposta do primeiro-ministro palestino às ameaças de Netanyahu.

Uma excelente leitura a todos e até a próxima semana!

NOTÍCIAS E ARTIGOS DA IMPRENSA INTERNACIONAL

Rebelião negra nos EUA

THE GUARDIAN (10/06): “Após 15 dias impressionantes de protestos anti-racistas … o que acontece a seguir?” (em inglês)

Enormes multidões, esmagadoramente pacíficas e altamente diversificadas, surgiram nas cidades do país; um movimento contra a brutalidade policial foi recebido com brutalidade policial; o presidente dos EUA respondeu com uma das fotos mais memoráveis – e violentas – da era moderna.

THE NEW YORK TIMES (09/06): “Depois dos protestos, os políticos reconsideram os orçamentos e a disciplina da polícia” (em inglês)Numa mudança abrupta de direção, o prefeito de NY prometeu cortar o orçamento da maior força policial do país. Em Los Angeles, o prefeito pediu que se redirigissem milhões de dólares da polícia depois que os manifestantes se reunissem fora de sua casa. E em Minneapolis, os membros do Conselho Municipal se comprometeram a desmantelar sua força policial e a reinventar por completo como se administra a segurança pública. Como dezenas de milhares de pessoas se manifestaram contra a violência policial nas últimas duas semanas, surgiram chamados em cidades de todo o país para que realizem mudanças fundamentais na polícia estadunidense.

BBC (08/06): “Por que os protestos dos EUA são tão poderosos desta vez” (em inglês)

A morte de Floyd se produziu no meio da pandemia de coronavírus que levou a que se ordene os cidadãos estadunidenses que fiquem em seus lares, e provocou o maior nível de desemprego desde a Grande Depressão na década de 1930.

THE NEW YORKER (10/06): “Por que as pesquisas são alarmantes para Donald Trump?“, por John Cassid (em inglês)

Mais de dois terços dos estadunidenses dizem que o país está no caminho equivocado, a marca mais alta desde que o presidente assumiu o cargo. Nos últimos dois meses, Trump não liderou uma só pesquisa nacional. A vantagem de Biden parece estar crescendo.

Manifestações antirracistas na Europa

FRANCE24 (09/06): “Manifestantes contra o racismo em Paris se ajoelham por George Floyd” (em inglês)

Centenas de manifestantes contra o racismo em Paris se ajoelham e mantiveram um silêncio de oito minutos na terça-feira em memória de George Floyd, o estadunidense negro cuja morte depois de que um oficial da polícia se ajoelhou em seu pescoço desatou uma torrente global de tristeza e indignação.

THE LOCAL (07/06): “Dezenas de milhares se manifestam na Alemanha contra o racismo e a brutalidade policial” (em inglês)

Embora os protestos do sábado não foram as primeiras na Alemanha, foram os esforços maiores e coordenados até a data. Se reportaram 20000 em Munique, 14000 em Hamburgo, 10 000 em Stuttgart, e também se levaram a cabo grandes reuniões em Dusseldorf, Friburgo, Colônia, Hannover, Frankfurt e várias outras cidades.

POLITICO (07/06): “Milhares protestam contra o racismo em Bruxelas enquanto o movimento estadunidense se expande para a Europa” (em inglês)

O protesto foi o mais recente de uma série de manifestações em toda a Europa inspiradas no movimento dos EUA contra o racismo e a violência policial. Segundo a polícia de Bruxelas, até 10.000 pessoas estavam presentes na Place Poelaert, em Bruxelas, fora do tribunal do Palácio da Justiça da cidade. A manifestação não foi oficialmente permitida, mas foi “tolerada” pela cidade de Bruxelas, disse um porta-voz do prefeito antes. A primeira-ministra Sophie Wilmès manifestou na semana passada preocupações sobre a manifestação por causa da pandemia de coronavírus.

Manifestação antirracista no Japão

REUTERS (06/06): “Caso curdo se converte em grito de guerra no protesto japonês contra a brutalidade policial” (em inglês)

O caso de um curdo que diz ter sido detido e jogado no chão pela polícia de Tóquio tornou-se um grito de guerra para manifestantes que marcham em solidariedade com a Black Lives Matter no sábado. Várias centenas de pessoas gritando “não consigo respirar” para invocar a morte de George Floyd nos Estados Unidos marcharam pelo elegante distrito de Shibuya em uma tarde abafada, dizendo que o abuso policial – principalmente contra estrangeiros – também era um problema em casa.

Protestos contra a brutalidade policial no Quênia

THE GUARDIAN (09/06): “‘Eles nos matam mais que o corona’: quenianos protestam contra a brutalidade policial” (em inglês)

Uma multidão de até 200 pessoas marchou pacificamente pela favela de Mathare, em Nairóbi, na segunda-feira, para protestar contra a brutalidade policial e um aumento de mortes extrajudiciais na capital queniana. A marcha foi organizada por três organizações de base da região em resposta a um aumento no número de assassinatos policiais desde que um toque de recolher até o amanhecer foi imposto em março para mitigar a propagação do Covid-19. Também foi organizado para mostrar solidariedade aos movimentos em todo o mundo para protestar contra a brutalidade policial.

Protestos no continente africano

THE IRISH TIMES (09/06): “Os africanos lutam com as implicações dos protestos do Black Lives Matter” (em inglês)

Em todo o continente africano, o assassinato de George Floyd nos EUA provocou protestos, mas também debate sobre em que deveria se centrar um movimento Black Lives Matter aqui, com ativistas que destacam tudo, desde a brutalidade policial, o colorismo, as relíquias do colonialismo e o funcionamento das organizações de ajuda.

Protestos na Austrália contra a brutalidade policial

THE GUARDIAN (09/06): “Mortes de aborígenes sob custódia: os protestos Black Lives Matter se referiam a nossa contagem de 432 mortes. Agora são 437 mortes” (em inglês)

No fim de semana, os protestos do Black Lives Matter levaram milhares às ruas em campanha pelo fim das mortes aborígines sob custódia. Muitos cartazes nos protestos referiram-se às 432 mortes que se sabe terem ocorrido desde a comissão real de mortes de aborígenes sob custódia, entregaram seu relatório final em 1991. Esse número é baseado nas descobertas do Guardian Australia de um projeto de dois anos para monitorar mortes de aborígenes sob custódia, Deaths Inside.

Protestos em Hong Kong

EL MUNDO (09/06): “Hong Kong: um ano de protestos contra a China” (em espanhol)

Nesta terça-feira, milhares de pessoas voltaram a sair repartindo-se pelas ruas do centro de Hong Kong para comemorar o primeiro aniversário da marcha histórica. Muitos dos manifestantes levantaram seus telefones com a lanterna acesa, enquanto outros abriram seus guarda-chuvas para ocultar suas identidades. Os agentes antidistúrbios, que já haviam advertido que estas concentrações estão consideradas assembleias ilegais – continuam as restrições por causa do coronavírus, como a proibição de reuniões com mais de oito pessoas -, acabaram carregando e usando gás pimenta para dispersar os manifestantes.

Protestos no Uruguai

PAGINA12 (05/06): “Paralisação e mobilização no Uruguai contra o ajuste em plena pandemia” (em espanhol)

Milhares de pessoas se mobilizaram em Montevidéu para protestar pela perda de postos de trabalho e reclamar ao governo de Luis Lacalle Pou que aborde a situação. A convocatória foi realizada pela central sindical única uruguaia que reúne o Plenário Intersindical de Trabalhadores (PIT) e a Convenção Nacional de Trabalhadores (CNT). Em seu discurso o secretário-geral Marcelo Abdala informou que mais de 200 000 pessoas foram enviadas a seguro-desemprego em meio à pandemia. Foi a primeira medida de força dede que assumiu Lacalle Pou no último 1 de março. Em paralelo se deram fortes debates no Senado pela Lei de Urgente Consideração (LUC) que enviou o executivo à Assembleia Nacional.

Medidas econômicas anunciadas na Argentina

PAGINA12 (08/06): “Governo anuncia a intervenção de Vicentin“, (em espanhol)

A exportadora de soja, endividada e acumulando credores, corria o risco de bancarrota ou de ficar nas mãos de uma multinacional monopólica. Resgate seguido de expropriação. Alberto Fernández anunciou nesta segunda-feira a intervenção do grupo cerealífero Vicentin, mediante um DNU, e antecipou que remeterá ao Congresso um projeto de lei de expropriação da firma, que a declarará de “utilidade pública”.

BBC (08/06): “Argentina quer imposto sobre grandes fortunas para fortalecer área de saúde e mais pobres” (em português)

A Argentina começou a discutir um imposto extraordinário para quem tem patrimônio declarado acima de US$ 3 milhões e planeja destinar o dinheiro arrecadado, principalmente, para a área da saúde, foco de atenção do governo do presidente Alberto Fernández em tempos de pandemia do novo coronavírus.

Protestos contra a austeridade neoliberal no Equador

SPUTNIK (08/06): “No Equador se mobilizam contra medidas econômicas ditadas pelo Governo” (em espanhol)

A Frente Unitária de Trabalhadores do Equador, representantes de educadores e organizações de estudantes desse país se mobilizaram em Quito em rechaço às medidas econômicas ditadas pelo Governo durante a emergência sanitária por Covid-19. Os trabalhadores exigem que o presidente Lenín Moreno (2017-2021) que vete a denominada Lei Humanitária, aprovada pela Assembleia Nacional (parlamento unicameral) que contém reformas laborais. Ao mesmo tempo, pedem derrubar um decreto Executivo que reduz a jornada de trabalho dos professores, o que implica 8,33% menos na remuneração mensal dos professores fiscais.

Crise política na Bolívia

LA RAZÓN (07/06): “The New York Times: A análise da OEA sobre as eleições ‘era deficiente’” (em espanhol)

Um estudo independente que utilizou dados encarregados pelo diário estadunidense estabeleceu que os métodos do organismo multilateral não eram corretos e não há evidência estatística do “fraude”. Antes, o The Washington Post havia apresentado uma conclusão similar.

PAGINA 12 (09/06): “Evo Morales: O embaixador do Brasil participou do golpe contra o meu governo” (em espanhol)

O ex-presidente Evo Morales é contundente na hora de afirmar que a embaixada do Brasil participou do golpe de Estado que o tirou do poder em 10 de novembro de 2019. Sua afirmação nasce depois de o Página12 publicar no domingo passado o detalhe dos 25 voos que o avião presidencial da Bolívia realizou a partir do dia seguinte do golpe a várias cidades do Brasil. Morales sustenta, além disso, que esta atitude do Brasil está na linha com o que pretende o governo dos Estados Unidos para a América Latina. De todas as formas, antecipa que o MAS e seus candidatos triunfarão nas eleições de 6 de setembro.

Volta dos médicos cubanos da Itália

INFOBAE (08/06): “Médicos cubanos regressam da Itália à ilha como heróis” (em espanhol)

 Dezenas de médicos e especialistas em saúde que durante dois meses estiveram atendendo a pacientes com o novo coronavírus na Itália regressaram na segunda-feira a Cuba, onde foram recebidos como heróis. Bandeiras, flores e uma mensagem por teleconferência do presidente Miguel Díaz-Canel lhe deram as boas-vindas a 36 médicos, 15 enfermeiros e um especialista de apoio que conformaram a brigada que se desempenhou numa das zonas de maior crise inicial da pandemia, a cidade de Crema na Lombardia.

Protestos no Líbano

THE GUARDIAN (06/06): “Dezenas de feridos no Líbano enquanto manifestantes demandam direitos básicos” (em inglês)

Os manifestantes acudiram às ruas da capital libanesa para denunciar o colapso da economia, à medida que surgiram enfrentamentos entre partidários e opositores do grupo xiita respaldado por Irã, Hezbollah. Centenas encheram as ruas dentro e ao redor do centro dos protestos da Praça dos Mártires no centro de Beirute, com escaramuças entre os manifestantes e as forças de segurança, que lançaram gases lacrimogêneos.

Questão palestina

AL-JAZEERA (07/06): “Israelenses protestam contra plano de Netanyahu de anexar a Cisjordânia” (em inglês)

Vários milhares de israelenses protestaram no sábado em Tel Aviv contra o plano do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de anexar o vale do Jordão e assentamentos ilegais na Cisjordânia ocupada. A anexação de fato das terras palestinas ocupadas levou a Autoridade Palestina a ameaçar que se retiraria de todos os acordos com Israel.

EL PAÍS (09/06): Palestina declarará sua independência como Estado se Israel anexa Cisjordânia” (em espanhol)

A três semanas de que se abra o prazo da anexação parcial da Cisjordânia a Israel, a liderança palestina subiu o tom para mobilizar a comunidade internacional. O primeiro-ministro, Mohamed Shtayyeh, advertiu ontem de que a Palestina declarará unilateralmente a independência como Estado, dentro das fronteiras de 1967, se o Governo de Benjamin Netanyahu cumpre a “ameaça existencial” de estender a soberania aos assentamentos e o vale do rio Jordão. Shtayyeh apelou também à União Europeia a impor sanções se Israel aplica sua legislação sobre território palestino ocupado.