Agora mais do que nunca, unidade para luta, unidade para vencer
FONTE: LAMULA.pe | 15/08/2020 | TRADUÇÃO: Charles Rosa
O Peru atravessa uma situação crítica por causa da pandemia e pela falta de uma estratégia para enfrentá-la com o menor custo possível. Nos encontramos entre os países com mais contágios e mortes, ao mesmo tempo, vivemos numa extrema precariedade, desigualdade e abandono por parte do Estado. A Ministra da Saúde repete que graças à quarentena decretada na hora certa foram salvas muitas vidas. Quantas mais poderiam se salvar caso o governo não fosse indolente ante as necessidades mais urgentes.
Chegou o momento de somar forças por saídas radicais, não podemos permitir que siga esta mortandade. Por mais que nas alturas mudem os ministros, não existe uma saída ante a emergência dentro dos parâmetros deste modelo neoliberal. Por isso é necessário algo distinto, que comece por nos organizar desde abaixo, a partir de cada setor, cada distrito, cada bairro, desde a juventude, as mulheres, para ativar a solidariedade e exigir do governo, do Congresso e de todas as autoridades locais que a prioridade número um seja a vida antes que a economia das grandes empresas. Não podemos aceitar que a estas alturas siga a Ministra da Economia negando-se a implementar um imposto sobre as grandes fortunas e permitindo que os Bancos sigam fazendo das suas. Urge dar resposta, avançando para um sistema de saúde integrado sob administração pública, junto a uma verdadeira injeção econômica que ponha fim ao lucro das corporações privadas. Urge uma Renda Básica Universal e a anistia das dívidas pelos serviços básicos, entre outras medidas de urgência que demandam a mais ampla unidade para exigi-las. O novo Primeiro Ministro chama de populismo a toda mudança que favoreça a gente mais necessitada. Segue na mesma lógica que impõe o modelo. Sem dinheiro no bolso das famílias é impossível evitar que o povo arrisque sua vida buscando o pão de cada dia.
Mas, ao mesmo tempo, se faz necessário construir um instrumento político potente para enfrentar o continuísmo neoliberal. Estamos às portas do bicentenário e a oito meses das eleições gerais, se faz imprescindível levantar uma alternativa unitária desde a esquerda. Necessitamos articular um grande bloco desde o campo popular, com organizações sociais, com os sindicatos, desde o feminismo, desde o campesinato e os povos originários, etc.
Este Bloco pode surgir a partir do diálogo com os companheir@s de Perú Libre, Frente Ampla, Juntos por el Perú, RUNA, etc para nos colocar de acordo num programa, com medidas mais estratégicas cuja bandeira central seja uma Nova Constituição para nos dotar de um novo Estado nas mãos do povo e não da CONFIEP. Que parte de seu programa seja recuperar soberania sobre nossos recursos naturais para colocá-los a serviço do desenvolvimento nacional e das grandes maiorias. Assim se gerariam os recursos necessários para enfrentar a crise econômica e dotar de melhores condições de vida e rendas estáveis para a nossa classe trabalhadora evitando que em 70% dela siga na informalidade. Estamos seguros que pontos em comum existem, coloquemos a ênfase neles. Não é tarefa fácil porque prima o fracionamento, mas toda diferença é debatível no ânimo de disputar o governo e o poder com os capitalistas em sua hora mais sinistra.
Uma unidade programática da esquerda, neste momento que a direita não consegue recompor uma representação sólida desde a queda de PPK, seria uma luz em meio desta crise. Em tal sentido, nosso partido, o Novo Peru, aprovou em seu V Conselho Nacional, realizar um chamado público ao diálogo a toda as esquerdas sem exclusão, e ao mesmo tempo, propor as organizações populares e cidadãs a conformação de um grande bloco constituinte e antineoliberal. O VI Conselho Nacional que acaba de concluir ratificou essa orientação e considera que todo avanço no caminho será no marco desse propósito maior de alcançar a mais ampla unidade das esquerdas. Isso sem renunciar à nossa luta por conseguir nosso registro eleitoral enfrentando o bloco sustentado ainda pelas novas autoridades políticas nas mãos dos partidos de sempre.
Tito Prado é dirigente nacional do Mov. Nuevo Perú.