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Theresa May sobreviveu aos primeiros trovões da tempestade do Brexit. Mas ela ainda parece seguir em direção ao desastre.

Atingida por renúncias e revoltas dos conservadores, o fim de seu governo nunca pareceu tão próximo.

Quando o Socialist Worker foi impresso na terça-feira, uma tentativa dos parlamentares conservadores de garantir um voto de desconfiança em May parecia ter fracassado.

Mas seus problemas são muito mais profundos do que uma revolta dos apoiadores de Jacob Rees-Mogg e Boris Johnson.

No momento não há como o acordo do Brexit passar pelo parlamento.

Os fanáticos do DUP (Democratic Unionist Party) que sustentam o governo de May parecem ser implacavelmente contrários ao acordo, e um número considerável de conservadores dizem que vão votar contra ele para garantir sua derrota.

Um punhado de deputados trabalhistas pode ser persuadido a colocar grandes negócios em primeiro lugar e apoiar os conservadores, mas isso não será suficiente.

Em resposta, May está encorajando a chantagem e o bullying de grandes empresas que geralmente são reservadas para minar os governos de esquerda.

Avisos diretos de desastre iminente serão apoiados na pressão sobre a libra, quedas nos preços das ações, prometida retirada de investimento e assim por diante.

Se isso não funcionar na corrida pelo voto dos parlamentares, será redobrado quando o acordo for derrotado.

De acordo com o jornal Sunday Times, “o plano é encorajar um crash nos mercados financeiros depois de perder uma primeira votação na esperança de que isso imponha aos parlamentares que se vote uma segunda vez”.

Danos econômicos deliberados estão sendo encorajados para proteger os lucros e quebrar a resistência de uma seção do Partido Conservador. É quão grande a crise de May se tornou.

É urgente que a esquerda pare de assistir e comentar e, em vez disso, busque moldar o que acontece. Isso envolve política e ações claras.

A política começa com a exigência “Fora May, fora conservadores, eleição geral já”. Temos que aproveitar a oportunidade para derrubar os conservadores.

Rejeição

Em termos mais amplos, temos que rejeitar tanto a permanência na União Europeia racista e neoliberal quanto todas as visões conservadoras e patronais sobre o Brexit.

Nossa alternativa é sair da União Europeia e simultaneamente começar a mudar toda a base de uma sociedade baseada em políticas e prioridades capitalistas.

Nós dizemos não para o mercado único e sim à liberdade de circulação para as pessoas.

Mas o mesmo pacote tem que incluir taxar os ricos, acabar com o Crédito Universal, acabar com a privatização, nacionalizar serviços-chave sob controle democrático, ações emergenciais para conter a mudança climática e outras demandas semelhantes.

Tais políticas poderiam se libertar da estreiteza de um debate dominado por duas posições da classe dominante.

Os socialistas têm que dizer o que deve acontecer agora sobre a crise do Brexit.

Eles também precisam ligar esse argumento a uma luta para mudar uma sociedade na qual, de acordo com uma autoridade da ONU na semana passada, 14 milhões de pessoas na Grã-Bretanha vivem na pobreza.

Quatro milhões desses são mais de 50% abaixo da linha da pobreza, e 1,5 milhão é destituído, incapaz de arcar com a cesta básica.

Neste momento de crise, precisamos de mobilização nas ruas e nos locais de trabalho — marchas, grandes reuniões e comícios. É ótimo ver algumas iniciativas locais nesse sentido.

Mas há uma grande ausência onde os sindicatos nacionais e os trabalhistas deveriam se organizar.

O vácuo político que isso cria dá ao fascista Tommy Robinson mais uma chance de colocar milhares nas ruas, talvez em aliança com outros na direita.

Se Jeremy Corbyn e os sindicatos tivessem convocado uma manifestação exigindo Fora May e que houvesse uma solução da classe trabalhadora para a crise do Brexit, a voz de Robinson seria bastante enfraquecida.

Não ao racismo e ao fascismo, não à austeridade, derrubemos os conservadores.

(Publicado em inglês como editorial do Socialist Worker e traduzido pela Revista Movimento)

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