NOTÍCIAS E ARTIGOS DA IMPRENSA INTERNACIONAL
Ameaça de Trump a filhos de pais não-cidadãos
THE NEW YORK TIMES (30/10): “Trump quer acabar com direito de cidadania para os nascidos em solo americano” (em inglês)
O presidente estadunidense, Donald Trump, disse que prepara um decreto para por fim à cidadania por nascimento nos Estados Unidos, a manobra mais recente em matéria migratória às vésperas das eleições intermediárias; na campanha vem buscando mobilizar sua base de eleitores com promessas de reduzir a migração. “Somos o único país do mundo onde se chega uma pessoa e dá a luz, esse bebê basicamente se torna cidadão dos Estados Unidos durante 85 anos com todos os benefícios”, disse Trump ao site de notícias Axios numa entrevista publicada nesta terça-feira. “É ridículo. É ridículo. É preciso acabar com isso.”. Na realidade, dezenas de outros países, entre eles o Canadá, o México e muitos outros do hemisfério ocidental, dão cidadania por nascimento de maneira automática, segundo uma investigação do Centro para Estudos Imigratórios, organização que promove a redução da migração e cujos trabalhos e informes usualmente são citados pelos assessores de Trump.
Caso Khashoggi
WASHINGTON POST (31/10): “Promotor turco diz que Khasoggi foi estrangulado e desmembrado no consulado saudita“, (em inglês)
O promotor público da Turquia disse na quarta-feira que Jamal Khashoggi foi estrangulado e desmembrado ao chegar ao Consulado da Arábia Saudita em Istambul no início deste mês como parte de um plano premeditado de matar o proeminente jornalista saudita e se desfazer de seu corpo. A declaração, entregue como o promotor da Arábia Saudita deixou Istambul para Riad, marcou a descrição oficial mais conclusiva até o momento do que aconteceu com o importante jornalista e colunista contribuinte do Washington Post quando ele entrou para a missão diplomática em 2 de outubro. Também intensificou a pressão sobre a Arábia Saudita – agora no centro de uma tempestade global – para encontrar uma saída para uma crise que provocou fortes críticas dos aliados ocidentais e colocou em evidência a estreita relação do governo Trump com o reino.
Crise migratória na América Central
THE NEW YORK TIMES (29/10): “Trump envia 5200 policiais efetivos para a fronteira com o México por causa da caravana migrante“, (em espanhol)
O Departamento de Defesa estadunidense mandará pelo menos 5200 soldados na ativa para a fronteira com México no final desta semana para fortalecer a segurança, anunciaram os funcionários do governo de Donald Trump. A movimentação seria uma resposta, motivada em parte pela campanha eleitoral antes das eleições legislativas de 6 de novembro, à viagem de uma caravana de migrantes centro-americanos que se dirige para o norte a partir do México.
BBC (31/10): “JOH: 3 políticas do presidente Juan Orlando Hernández e como marcaram seu governo em Honduras” (em espanhol)
Através dos anos, a maioria dos migrantes hondurenhos asseguraram que escapam da falta de empregos, a pobreza e a violência que se vive em sua nação. Mas muitos deles alegam agora também que tratam de fugir do que consideram uma piora das condições em Honduras com o atual governo de Juan Orlando Hernández, segundo conta a correspondente no México da BBC Mundo, Ana Gabriela Rojas, que seguiu a caravana.
Cancelamento da construção do aeroporto na Cidade do México
BBC (29/10): “Novo Aeroporto do México: AMLO confirma que seu governo cancelará a construção do aeródromo” (em espanhol)
O presidente eleito do México, Andrés Manuel López Obrador (AMLO), anunciou nesta segunda-feira que seu governo – que começa seu mandato em 1 de dezembro – cancelará a construção do Novo Aeroporto Internacional do México (NAIM). López Obrador informou que esta decisão se baseia na consulta nacional que sua equipe de transição organizou no fim de semana, na qual apenas 30% dos participantes apoiaram a edificação do NAIM em Texcoco.
Crise venezuelana
EL PAÍS (31/10): “Maduro destitui o chefe da polícia política três semanas depois da morte do vereador Albán” (em espanhol)
O Governo da Venezuela tornou oficial nesta terça-feira a destituição de Gustavo González López como chefe do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin). A expulsão ocorre depois da controvertida morte do vereador Fernando Albán enquanto estava na sede da polícia política, e depois de ter sido denunciadas torturas contra vários opositores. Sua demissão foi feita com discrição. Depois de vários dias de rumores, foi na Gazeta Oficial onde se pôde confirmar a saída de González López. Seu substituto será o general de divisão Manuel Ricardo Cristopher Figuera que, em anos anteriores anteriores, esteve junto ao ex-presidente Hugo Chávez, como vice-diretor da Direção Geral de Inteligência Militar e presidente do Centro Estratégico de Segurança e Proteção da Pátria.
LA VANGUARDIA (31/10): “Milhares de venezuelanos ingressam no Peru no último dia para solicitar permissão” (em espanhol)
Milhares de cidadãos venezuelanos ingressam hoje no Peru pela região de Tumbes, na fronteira com o Equador, no último dia disposto pelo Governo peruano para poder tramitar logo a Permissão Temporal de Permanência (PTP), um documento com o qual podem residir, trabalhar e estudar de maneira formal no país.
Crise econômica na Argentina
REUTERS (30/10): “À mesa, a crise está fazendo os argentinos trocarem carne por massa” (em português)
Embora os argentinos sejam os maiores consumidores de carne do mundo, a carne de boi é cada vez mais rara nas mesas das famílias de classe média, enquanto o país se afunda na turbulência econômica, segundo uma análise da Reuters sobre dados da indústria de carne e entrevistas com consumidores, açougueiros e fazendeiros. É um dos sinais mais claros de quanto os argentinos viram seu poder de compra reduzido pela inflação, que deverá superar 44% no final do ano, segundo a última pesquisa do Banco Central.
Angela Merkel prepara sua saída
THE GUARDIAN (29/10): “Chanceler alemã Angela Merkel não buscará reeleição em 2021“, (em inglês)
Depois de dominar a política europeia por mais de uma década, Angela Merkel disse que seu quarto mandato como chanceler da Alemanha será seu último. Falando depois de eleições regionais desastrosas em Hesse e na Baviera para seus democratas cristãos e seu partido irmão, único na Baviera, Merkel disse na segunda-feira que viu os resultados como um “sinal claro de que as coisas não podem continuar como estão”.
Crescimento da pobreza na Alemanha
DW (30/10): “Pobreza ameaça quase 20% da população” (em inglês)
Quase uma em cada cinco pessoas na Alemanha esteve ameaçada pela pobreza ou outras formas de exclusão social em 2017, informou o Escritório Federal de Estatísticas da Alemanha na quarta-feira, citando dados de um estudo da União Europeia. Cerca de 15,5 milhões de pessoas estavam em risco, o que equivale a 19 por cento da população, segundo o estudo. O número é ligeiramente inferior ao do ano anterior, que descobriu que 19,7% estavam ameaçados pela pobreza. Mulheres em todas as faixas etárias foram consideradas particularmente em risco em comparação aos homens. Os resultados da Alemanha ainda são inferiores à média da UE, que foi de 22,5%. Os números são particularmente preocupantes, uma vez que a Alemanha tem alguns dos menores custos de alimentos e energia do bloco e está experimentando uma taxa de desemprego historicamente baixa.
Eleições municipais em Israel
EL PAÍS (31/10): “Netanyahu comprova sua força política nas municipais antes de convocar eleições em Israel“, (em espanhol)
Antes de convocar eleições legislativas antecipadas nas quais confia revalidar um quarto mandato consecutivo, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu preferiu comprovar seu peso político nos pleitos municipais celebrados na terça-feira em Israel. Os resultados confirmaram a derrota do candidato designado pelo chefe do Governo para a prefeitura de Jerusalém, onde foi determinante o voto da comunidade ultra-ortodoxa judia (cerca de 40% do censo), e forçaram a celebração de uma segunda volta dentro de duas semanas entre um aspirante laico e outro conservador.
Massacre em Gaza
EL PAÍS (29/10): “A morte de três adolescentes num ataque israelense comove Gaza” (em espanhol)
Jaled Abu Said, Abdul Hamed Abu Zaher e Mohamed al Sutari, os três de 13 anos, perambulavam na noite do domingo pela fronteira de Gaza com Israel quando foram alcançados em cheio pelos disparos de um avião de combate. Agentes sanitários da Meia Lua Vermelha palestina encontraram os corpos dos menores destroçados junto à vala de separação, no leste de Jan Yunes, na zona sul da Faia. As Forças Armadas de Israel asseguraram que haviam aberto fogo do ar contra uma célula suspeita de estar colocando um artefato explosivo na divisória fronteiriça. A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) denunciou a ação militar como um “crime de guerra”.
Guerra do Iêmen
THE NEW YORK TIMES (29/10): “A tragédia da Guerra da Arábia Saudita“, por Declan Walsh (por espanhol)
A guerra devastadora no Iêmen tem chamado mais a atenção em dias recentes, pois o assassinato de um dissidente saudita em Istambul evidencia os atos que os sauditas cometem em outros lugares. As críticas mais severas da guerra encabeçada pela Arábia Saudita focalizaram nos ataques aéreos que assassinaram milhares de civis, funerais e ônibus escolares, assistidos por bombas e inteligência previstas por Estados Unidos.
Protestos contra maior estátua do mundo na Índia
THE GUARDIAN (31/10): “Inauguração da maior estátua do mundo na Índia incita protestos” (em inglês)
A figura vestida de bronze de Patel, que abriga um jardim memorial e um museu em sua base, custou cerca de 29,8 bilhões de rúpias (314 milhões de libras) e está em construção há quatro anos. Elevadores foram instalados para levar até 15.000 turistas por dia para uma galeria de observação com 152 metros de altura. A taxa de admissão é de 350 rúpias. A polícia negou as alegações de grupos comunitários locais de que policiais à paisana detiveram 12 pessoas na terça-feira para impedir que protestassem no local. O governo de Gujarat diz que 185 famílias foram transferidas para acomodar a estrutura e receberam indenização e 1.200 acres (475 hectares) de novas terras.
Perseguição a gays na Tanzânia
CNN (31/10): “Repressão na Tanzânia contra LGBTs: Governador promete prisões em massa em Dar es Salaam” (em inglês)
O governador regional da maior cidade da Tanzânia, Dar es Salaam, prometeu prender pessoas suspeitas de serem homossexuais até a próxima semana, em uma ofensiva crescente contra comunidades LGBT no país do Leste Africano. “Recebi relatos de que há tantos homossexuais em nossa cidade e esses homossexuais estão anunciando e vendendo seus serviços na internet”, disse o funcionário, Paul Makonda. “Portanto, estou anunciando isso para todos os cidadãos de Dar es Salaam. Se você conhece algum gays … denuncie-os para mim”, disse ele a repórteres em suaíli em um vídeo de uma coletiva de imprensa que surgiu na mídia social.
ARTIGOS E DEBATES DA ESQUERDA INTERNACIONAL
Questão catalã
VIENTO SUR (30/10): “Dez teses sobre a situação política catalã“, por Martí Caussa (em espanhol)
O que faz falta é construir uma estratégia alternativa: de aliança entre soberanistas e independentistas, radicalmente democrática e com um forte conteúdo social, que se postule para liderar o movimento popular catalão em toda sua diversidade e que busque alianças com outras forças dos povos do Estado espanhol, inserindo a República catalã no combate contra o regime de 78 e a monarquia, sem subordinar seus ritmos e suas oportunidades, mas sabendo que há um inimigo comum e que são necessárias lutas compartilhadas.
Extrema-direita na Europa
VIENTO SUR (27/10): “Direitas radicais, neoliberalismo e pós-democracia“, por Jaime Pastor (em espanhol)
Num momento de globalização capitalista cada vez mais caótica, portadora de crescentes desigualdades e de maiores conflitos e “sem modelo que possa substituir ao que entrou em crise há dez anos, que seja aceitável para a oligarquia mundial” (Husson, 2018), a tendência dominante no panorama internacional se caracteriza pelo avanço no controle da agenda política pela extrema-direita, quando não em sua conquista de governos, adotando distintas caras em função dos contextos nacionais, dos inimigos internos ou externos com os quais se enfrenta e da correlação de forças.
Capitalismo financeiro
SIN PERMISO (28/10): “Contração bursátil?“, por Michael Roberts (em espanhol)
O mercado de valores dos Estados Unidos voltou a ficar volátil e perdeu tudo o que ganhou até agora em 2018 em apenas uma semana. Nisso, ficaram os fantasmas de Trump de que os investidores ricos nunca estiveram melhor. A queda nas bolsas dos Estados Unidos estiveram acompanhadas de que declínios similares nos mercados de valores da Europa e da Ásia. O índice mundial bursátil foi o pior desde a crise da dívida em euros de 2012.
ESQUERDA.NET (27/10): “O nervosismo das bolsas“, por Francisco Louçã (em português)
O que é aconteceu neste 10 de outubro? Caíram as bolsas, mas ninguém sabe porquê. Nos Estados Unidos, foi a pior sessão em oito meses; no Japão e na Ásia foi pior. Em Xangai chegou-se ao nível mais baixo dos últimos quatro anos. A 6 de fevereiro, tinha acontecido algo parecido e notou-se então que Greenspan, que dirigiu o banco central norte-americano até à véspera da crise, tinha constatado a existência de bolhas especulativas. Mas o mercado financeiro estaria tão “nervoso” só por causa de uma declaração? O facto é que as bolsas antecipam alguns dos maiores riscos económicos, mas não todos.
A esquerda nos EUA
EL DIARIO (24/10): “Os socialistas estão vindo! A Casa Branca está em alerta ante o auge da esquerda” (em espanhol)
Para neutralizar o avanço democrata no tema do atendimento médico, a agência estadunidense de assessoria econômica do presidente levanta o espectro de Marx, Bernie Sanders e as mães trabalhadoras da Suécia.
Relações entre a África e a China
VIENTO SUR (31/10): “Ilusões nocivas” por Paul Martial (em espanhol)
As políticas das potências ocidentais e as da China ou de outros países emergentes, como a Índia, não se diferenciam fundamentalmente umas das outras. A história da China, que não tem um passado culpado de escravismo e colonialismo, e o fato de que compartilha com a África vicissitudes de países pobres, conferem atrativo ao discurso oficial chinês. No entanto, a China passou a ser uma potência imperialista de primeira ordem, e atualmente o que têm mais em comum os dirigentes chineses com a maioria de dirigentes africanos é a governança autoritária e corrupta, a exploração e a opressão das populações e a destruição do meio ambiente.
Entrevista com Costas Lapavitsas
REBELION (31/10): “A classe trabalhadora não tem país” (em espanhol)
As pessoas querem se sentir a mando do lugar onde vivem. Querem saber qual é seu futuro e o futuro de seus filhos. Podemos confiar nisso, e devemos criar um grande movimento atrás de um programa radical. Há muita força na Grã-Bretanha, que pode ser mobilizada. Não tenho nenhuma dúvida. Um governo com um programa radical; que nacionalize os recursos-chave, que tome conta de certos bancos, que regule o sistema bancário, que tenha uma política industrial que modifique os atuais desequilíbrios. Um governo assim terá uma grande margem de êxito. A UE faria uma tenaz oposição a um governo deste tipo: estaria contra um governo britânico de esquerda porque demonstraria que há outra maneira de se fazer as coisas. Eles temem que isso possa ocorrer.