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Nesta edição do Clipping Semanal do Observatório Internacional, selecionamos os seguintes assuntos com bastante repercussão na imprensa mundial: a pandemia do coronavírus e seus impactos sociais e econômicos em diferentes partes do planeta, a guerra de preços do petróleo travada entre Rússia e Arábia Saudita, as manifestações do 8 de março pelo mundo, a consolidação da liderança de Joe Biden nas primárias democratas nos EUA, os novos capítulos da crise política na Bolívia e na Venezuela, as eleições municipais na França, a alteração constitucional na Rússia que permitirá a perpetuação de Putin no poder até 2036, a declaração de default por parte do governo libanês, a posse de dois autodeclarados presidentes no Afeganistão, o aumento da violência sectária na Índia estimulada pelo governo ultranacionalista hindu.

NOTÍCIAS E ARTIGOS DA IMPRENSA INTERNACIONAL

Pandemia do coronavírus

THE VERGE (11/03): “OMS declara que o surto de novo coronavírus é uma pandemia” (em inglês)

O coronavírus varrendo o mundo é uma pandemia, declarou hoje a Organização Mundial da Saúde. Atualmente, existem mais de 118.000 casos de COVID-19, a doença causada pelo vírus, em 114 países ao redor do mundo.

THE GUARDIAN (09/03): “Como a China conseguiu lidar com o surto de coronavírus?“, (em inglês)

Nos últimos dias, o número de novos casos diários na China passou de quase 2.000 a menos de três semanas atrás para menos de 100. Na segunda-feira, a comissão nacional de saúde da China registrou 40 novos casos, o mais baixo diariamente desde que as autoridades começaram a rastrear o surto em janeiro. Segundo dados oficiais, novas infecções no resto da China, fora da província de Hubei, que foram as mais atingidas, pararam quase completamente.

BBC MUNDO (10/03): “O governo da Itália estende as medidas de isolamento pelo covid-19 a todo seu território” (em espanhol)

Desde terça-feira a Itália inteira está sujeita a medidas de isolamento para tratar de estancar a propagação do coronavírus.

EL PAÍS (13/03): “Europa se converteu no epicentro da pandemia do coronavírus” (em espanhol)

O avanço do coronavírus na Europa é hoje mais rápido do que foi na China em seu pior momento. Há um mês se discutia sobre restringir o trânsito de pessoas procedentes do país asiático, hoje é China a que teme que os estrangeiros voltem a introduzir um vírus que na quinta-feira tão somente provocou 15 novos casos. Nesse mesmo dia, na Europa, com a metade de população, superava de longe os 4000.

THE GUARDIAN (12/03): “Trump suspende viagens vindas da maioria da Europa, exceto do Reino Unido” (em inglês)

Donald Trump anunciou que os EUA suspenderão temporariamente a maioria das viagens da União Europeia, já que o país calcula a disseminação do coronavírus e a Casa Branca lida com a gravidade da situação. As restrições, que começaram na sexta-feira e durarão 30 dias, não se aplicam a cidadãos dos EUA ou a viajantes do Reino Unido. As restrições se aplicam à maioria dos estrangeiros que estiveram nos 26 países da área de Schengen durante os 14 dias antes de sua chegada planejada aos EUA.

PUBLICO (14/03): “O Governo ordena o semiconfinamento: permitirá deslocamentos a trabalhos, assistência sanitária e para alimentação” (em espanhol)

O Governo acordou um semiconfinamento domiciliar mas permitirá os deslocamentos aos lugares de trabalho que permaneçam abertos, a centros sanitários e a estabelecimentos de alimentação. Esta restrição de circulação entrará em vigor na segunda-feira às 8 horas e, no início durará por quinze dias, ainda que possa ser revisável em qualquer momento dependendo de como evolua a crise.

Impacto econômico do coronavírus

THE GUARDIAN (12/03): “Coronavírus pode causar crise na escala de 2008, Lagarde alerta” (em inglês)

A presidente do Banco Central Europeu alertou que o surto de coronavírus provocará uma desaceleração econômica na Europa semelhante à crise financeira de 2008, a menos que os governos da UE forneçam apoio financeiro para suas economias. Christine Lagarde manteve uma ligação com os líderes da UE na noite de terça-feira para exortá-los a agir e aumentar os gastos a fim de combater os efeitos econômicos do Covid-19, disse à Bloomberg uma fonte com conhecimento do assunto.

PERFIL (12/03): “FMI colocou à disposição 50 bilhões de dólares” (em espanhol)

O Fundo Monetário Internacional se comprometeu a brindar assistência financeira para mitigar a derrubada econômica provocada pela doença. De fato, não é a primeira vez que faz isso. Quando o vírus do Ebola golpeou os países da Áfricam o ente monetário destinou 378 milhões de dólares para a Guiné, Libéria e Serra Leoa que haviam sido os mais afetados.

THE NEW YORK TIMES (13/03): “Trump vai declarar Emergência Nacional sobre coronavírus” (em inglês)

Espera-se que o presidente Trump declare uma emergência nacional em uma entrevista coletiva na tarde de sexta-feira, uma medida que lhe daria autoridade para usar US $ 40 bilhões em fundos alocados pelo Congresso para alívio de desastres para enfrentar a crise do coronavírus.

BBC MUNDO (12/03): “‘Estamos muito próximos de uma recessão global’ pelo rápido avanço global da pandemia” (em inglês)

A rápida propagação do coronavírus, agora convertido em pandemia, está provocando pânico nos mercados financeiros, fuga de capitais, desvalorização das moedas frente ao dólar e uma crescente ameaça de recessão.

NY TIMES (13/03): “Europa promete bilhões em Ajuda Econômica em raro sinal de unidade” (em inglês)

O número econômico do surto de coronavírus continua aumentando. A montadora francesa Renault e a unidade SEAT da Volkswagen disseram na sexta-feira que fechariam fábricas na Espanha na próxima semana por causa da escassez de peças. A Alemanha, em uma reviravolta notável, abandonou sua insistência em orçamentos equilibrados na sexta-feira e disse que ofereceria tanto crédito quanto as empresas necessárias para permanecer à tona. A França prometeu compensar os cidadãos pelos salários perdidos. A Itália dever introduzir um pacote de ajuda econômica de bilhões de euros.

Guerra de preços do petróleo

VOX (09/03): “A guerra de preços do petróleo entre Rússia e Arábia Saudita, explicada” (em inglês)

Um acordo de longa data entre Arábia Saudita e Rússia, duas das potências produtoras de petróleo do mundo, fracassou durante o fim de semana, enviando os mercados globais a uma espiral e apressando as perspectivas econômicas futuras nos Estados Unidos. E tem quase tudo a ver com o coronavírus ou, mais especificamente, a queda do consumo de petróleo da Ásia que está sendo provocado pelo surto de coronavírus ali.

EL PAÍS (09/03): “Os mercados entram em pânico pela guerra do petróleo e o coronavírus” (em espanhol)

Depois de mais de duas semanas de infarto nos mercados pela Covid-19, a guerra no seio da OPEP entre Arábia Saudita e Rússia derrubou de vez as bolsas. Os investidores sacudiram nesta segunda-feira as grandes praças financeiras e Wall Street chegou a parar durante 15 minutos o pregão para frear o pânico. Os analistas creem que a volatilidade se prolongará durante várias semanas.

Destaques do 8 de Março

EL SALTO (09/03): “Dois milhões de mulheres nas ruas e um processo constituinte em curso marcam o 8 de março no Chile” (em espanhol)

Em 8 de março no Chile foi uma mostra da força transformadora que desde antes da revolta já mostravam as feministas chilenas. A aliança estreita entre o patriarcado e o sistema neoliberal está na alça de mira de um movimento amplo que, com distintos olhares, exige justiça e se prepara para atravessar com perspectiva feminista o processo constituinte. O primeiro passo foi a paridade no órgão redator da constituição, uma garantia inédita no mundo.

EL PAÍS (08/03): “Milhares de mulheres exibem sua força nas ruas da América Latina” (em espanhol)

A mobilização de 2020 foi uma das mais multitudinárias dos últimos anos na região ante a exacerbação das condições que deixaram historicamente num segundo plano a população feminina. México, Argentina e Chile lideram os protestos para exigir um basta à violência machista, igualdade de oportunidades e o direito ao aborto. A situação política e social da América Latina nos últimos anos propiciaram a organização das mulheres para demandar seus direitos.

BBC (08/03): “Dia Internacional das Mulheres: Marchas por todo o mundo pedem igualdade” (em inglês)

Marchas para aumentar a conscientização sobre a discriminação contra as mulheres estão ocorrendo em cidades ao redor do mundo para marcar o Dia Internacional da Mulher. Os protestos foram generalizados e bem assistidos, apesar das preocupações com o coronavírus. Pessoas de todo o mundo marcam o dia 8 de março como um dia especial para as mulheres há mais de um século.

Primárias democratas

FINANCIAL TIMES (11/03): “Biden vence Michigan e cimenta liderança na corrida democrata” (em inglês)

Joe Biden cimentou seu status de líder na disputa pela nomeação presidencial democrata em 2020 na terça-feira, com o apoio de uma coalizão de eleitores afro-americanos e suburbanos que levou o ex-vice-presidente a vitórias decisivas sobre Bernie Sanders em Michigan, Mississipi, Missouri e Idaho.

Bolívia

INFOBAE (10/03): “Segue a queda de braço entre Jeanine Áñez e o MAS: restituiu o ministro da defesa derrubado pelo Parlamento” (em espanhol)

Num novo episódio da luta de poder entre o governo interino da Bolívia e o MAS, que tem maioria no Parlamento, Jeanine Áñez restaurou nesta terça-feira em seu cargo de ministro de Defesa, Luis Fernando López. Um dia antes havia sido destituído, em cumprimento da decisão adotada na semana passada pela Assembleia Legislativa Plurinacional, que havia pelo papel dos militares na crise política.

Eleições municipais na França

EL PAÍS (12/03): “Macron se prepara para a derrota em eleições marcadas pelo coronavírus” (em espanhol)

LREM não será, segundo essas previsões, o primeiro partido nem seguramente o segundo, como nas eleições europeias de maio de 2019, onde ficou a menos de um ponto do vencedor, a extrema-direita do Reagrupamento Nacional (RN) de Marine Le Pen. E também o terá difícil para conquistar grandes cidades onde nas presidenciais e nas europeias obteve os melhores resultados.

Crise política na Venezuela

LA JORNADA (10/03): “Governo e oposição da Venezuela retomam as ruas” (em espanhol)

O partido no poder e a oposição liderada por seu líder, Juan Guaidó, marcham nesta terça-feira em Caracas, desta vez em direção ao mesmo destino: a sede da Assembléia Nacional que se tornou o alvo mais recente da luta pelo poder político no país produtor de petróleo.

Mudança constitucional

DW (10/03): “Parlamento da Rússia passa reformas permitindo Putin a buscar reeleição” (em inglês)

A câmara baixa do parlamento russo aprovou reformas constitucionais que permitiriam ao presidente Vladimir Putin se candidatar à reeleição depois de 2024. Nenhum parlamentar votou contra as reformas.

Default do Líbano

THE ECONOMIST (08/03): “Não mais resiliente – pela primeira vez Líbano anuncia default de sua dívida” (em inglês)

Uma crise de liquidez fez o que anos de sangria sectária não puderam. Em 7 de março, o primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, anunciou que seu país não pagaria um Eurobond de US $ 1,2 bilhão devido dois dias depois. Será o primeiro default soberano na história do Líbano. Mesmo durante os dias mais sombrios de sua guerra civil na década de 1980, o Estado pagou suas obrigações.

Crise política na Afeganistão

VOA (09/03): “Dois presidentes fazem juramento no Afeganistão” (em inglês)

O presidente eleito do Afeganistão, Ashraf Ghani, e seu rival nas eleições, o segundo colocado Abdullah Abdullah, participaram de cerimônias de posse paralela na segunda-feira, alimentando tensões políticas e colocando um novo desafio aos esforços de paz liderados pelos EUA.

Extrema-direita na Índia

EL PAÍS (09/03): “Um piromaníaco na Índia“, editorial (em espanhol)

O primeiro-ministro da Índia, o ultranacionalista hindu Narendra Modi, se comporta como um piromaníaco desde que foi reeleito até quase um ano, agitando o sectarismo com leis discriminatórias com a população muçulmana ou com medidas de duvidoso fundamento jurídico, como a retirada da autonomia da Caxemira. Esta deriva nacionalista já degenerou numa tragédia dos piores distúrbios em três décadas na capital, Nova Délhi, durante o que mais de 50 pessoas foram assassinada, 250 resultaram feridas e quatro mesquitas foram incendiadas, além de numerosas casas e comércios arrasados.


ARTIGOS E DEBATES DA ESQUERDA INTERNACIONAL

Pandemia do coronavírus

JACOBIN MAGAZINE (13/03): “Bernie Sanders pode liderar o combate contra o coronavírus. Joe Biden não pode“, por Branko Marcetic e Meagan Day (em inglês)

No debate de domingo, Bernie Sanders tem a oportunidade de deixar claro que as políticas pelas quais ele luta há décadas, e Joe Biden há muito tempo se opõem, são as que precisamos para combater a pandemia de coronavírus. Sanders tem uma chance de acertar Biden com força – ele não deve se segurar.

VIENTO SUR (10/03): “Oito teses sobre o Covid-19, por Daniel Tanuro (em espanhol)

O risco climático é infinitamente mais global e mais grave que o do vírus. E o mesmo se pode dizer de suas consequências se as e os explorados e oprimidos não se unem para pôr fim a este modo de produção absurdo e criminoso. O Covid-19 é uma advertência; uma mais: é preciso acabar com o capitalismo que conduz a humanidade rumo à barbárie.

VIENTO SUR (14/03): “Coronavírus: crise agrícola nas cadeias de produção“, por Marijke Colle (em espanhol)

É imperativo promover a produção e o consumo local, assim como abolir toda a agricultura intensiva e de cultivo químico das plantas. Somente um sistema agroflorestal nos dará a solução tanto para uma alimentação sadia contra os perigos dos novos vírus como para a luta contra o aquecimento climático.

VIENTO SUR (14/03): “Itália: da emergência sanitária à crise social“, por Marta Autore, Salvatore Corizzo (em espanhol)

Inicialmente houve uma subestimação das possíveis consequências derivadas da propagação do vírus, entre os governadores que convidavam a viver normalmente para não deter o crescimento econômico e uma opinião pública que falava do Coronavírus como pouco mais que uma gripe normal.

REBELION (14/03): “Em águas desconhecidas“, por Rafael Poch de Feliu (em espanhol)

É uma “sensação Chernobyl”. Tampouco então sabíamos as consequências daquelas nuvens radioativas. Especulava-se muito, mas havia uma clara certeza de que era algo péssimo. E depois disso ficava uma sensação na sala dos fundos: a de um desastre que se somava a outros e que concluía na afirmação da “perestroika”: não se pode vivendo assim (так жить нельзя!), isso tem que acabar! Este sistema é desumano. Não serve, não é viável para um futuro decente. O problema é que não sabemos para onde nos levará o anunciado shock mundial nem que futuro nos preparam.

Outras Fitas (29/02): “Contágio Social – coronavírus, China, capitalismo tardio e o ‘mundo natural’”, por coletivo Chuang (em português)

Em uma China em quarentena, começamos a vislumbrar tal paisagem, pelo menos em seus contornos: ruas vazias no final do inverno polvilhadas pelo mais fino filme de neve imperturbada, rostos iluminados por celulares espiando pelas janelas, barricadas ocasionais formadas por algumas poucas enfermeiras ou policiais ou voluntários ou simplesmente atores pagos encarregados de levantar bandeiras e dizer para você colocar sua máscara e voltar para casa. O contágio é social. Portanto, não é de surpreender que a única maneira de combatê-lo em um estágio tão tardio seja travar um tipo surreal de guerra contra a própria sociedade.

LA JORNADA (11/03): “A crise se anunciava antes do coronavírus”, por Alejandro Nadal (em espanhol)

Vários analistas preveem quedas de 2 e até 3% no PIB mundial se a recessão é declarada e se estende mais tempo. Mas que ninguém se deixe enganar neste contexto. Os temores que se vêm prognosticando estão presentes há meses e os remédios que supostamente estavam desenhados para aplacar a dor intensificaram-nos. As contradições do capitalismo são sentidas desde a crise de 2008 e os remédios não constituem a superação destes problemas.

Libertação de Chelsea Manning

ESQUERDA.NET (13/03): “Juiz manda libertar Chelsea Manning” (em português)

Um dia depois de ter tentado suicidar-se, o juiz decidiu mandar libertá-la, considerando que a sua presença perante um grande juri já não é necessária. Chelsea Manning recusa-se a testemunhar contra a Wikileaks.

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