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Os resultados das eleições na Galícia e Euskadi têm muitas leituras, grandes triunfadores e debacles inesperadas. Feijóo salvou a cara do PP mas supõe já um oponente para Casado (líder do Partido Popular). O Partido Nacional Vasco (PNV) ganha como (quase) sempre. Mas em ambas as nação crescem muito o BNG e EH Bildu (partidos independentistas de esquerda).

As chaves nacionais são decisivas neste tipo de eleições, por óbvio, mas há também consequências estatais: o PSOE fica como terceira força em ambos os pleitos com resultados muito discretos e Sánchez não poderá dizer que sua gestão da pandemia sai fortalecida.

O PP de Casado tampouco sai bem na foto: sua coalizão com C’s em Euskadi com a múmia de Iturgaiz como candidato perde a metade dos votos que tinha, além de 3 cadeiras. E, além disso, entra Vox. Quanto mais se assemelha com a ultradireita pior para Casado. E agora tem Feijóo ainda mais no cangote…

Unidas Podemos é a grande derrotada da noite: desaparece na Galícia e perde quase a metade de deputados em Euskadi. Há muitas causas desta debacle (na Galícia se passa de segunda força a ficar de fora), também objetivas pelo esgotamento político do ciclo.

Mas uma derrota como esta deve ser compreendida sobretudo por razões políticas: a estratégia tem sido a de se oferecer como dobradiça de governos com o PSOE e com o BNG e Bildu. E quando se faz isso, o povo costuma preferir votar nos grandes a votar nos subalternos.

As crises internas e o esvaziamento militante também influíram mas as quedas nos votos são uma tendência do espaço UP em cada eleição: os exemplos históricos estão aí, desde Carrillo até Bertinotti passando por Valderas… governar com os social-liberais cobra sua fatura.

As esquerdas nacionalistas de BNG e EH saem muito reforçadas e se consolidam as boas perspectivas deste tipo de esquerdas com enraizamento popular. Seu papel de oposição de esquerdas no Congresso lhes beneficiou. O BNG sabem bem o que acontece quando se governa com o PSOE…

Não nos enganemos: a situação para as esquerdas alternativas a escala estatal é muito difícil: há muita decepção acumulada e uma passivização crescente. Mas toca apelar ao otimismo da vontade. Seguimos necessitando um projeto alternativo ao neoliberalismo progressista.
Que tenha uma ancoragem social forte, recupere o compromisso ético e moral, se relacione fraternal e solidariamente com as esquerdas nacionalistas desde um projeto confederal e aprenda a gestionar suas diferenças com debates e não com exclusões. O caminho será longo.

Mas há que iniciar a transitá-lo já. O primeiro é ajudar a construir um tecido social muito golpeado também. E nos organizar para que não nos retirem nem mais um direito ante a crise que vem. Seguimos adiante porque a única luta que se perde é a que se abandona.

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