FONTE: El Pulso | 18/08/2020 | TRADUÇÃO: Charles Rosa
Em 6 de janeiro deste ano 2020, Carlos Eduardo Reina no programa La Entrevista que dirige o jornalista Raúl Valladares, anunciava o nascimento de um novo esforço político dentro do Partido Libertad y Refundación, Libre. Para muitos, sem dúvida, representou uma grande surpresa, para outros/as que vínhamos discutindo a necessidade de renova a proposta partidária e adaptar a instituição política a um novo cenário no qual a crise econômica e social era mais profunda, se tratava de iniciar um debate interno em Libre e também dentro da oposição política e social de Honduras.
Em 11 de fevereiro se organizou um simples lançamento público da proposta política e também o convite a toda a militância do partido, assim como a cidadania em geral, a fazer parte da Nova Corrente. Tal como o mencionou Reina no evento e como preconizava o documento fundacional do novo espaço em construção, era pertinente recolocar a oposição no país levando em conta o afiançamento da narcoditadura, o acelerado processo de decomposição social, a crise econômica e a ação cada dia mais desbragada do regime para saquear o Estado de Honduras. Mas isso também era necessário regressar aos princípios fundacionais do partido, ao espírito de luta da Frente Nacional Resistência Popular e renovar o vínculo estreito com as organizações populares.
Apenas algumas semanas depois do lançamento, Carlos Eduardo Reina havia visitado lideranças de 10 departamentos do país que anunciavam sua adesão à Nova Corrente e o respaldo a sua pré-candidatura presidencial, ao mesmo tempo se sustentava comunicação telefônica e por via eletrônicas com representações dos demais departamentos. Começaram as primeiras assembleias de dirigentes, líderes, militantes e simpatizantes em bairros, colônias, municípios em todo o território nacional e o eco favorável chegou também dos/as compatriotas que vivem nos Estados Unidos e Europa, já que muitos deles/as são muito ativos no seguimento da situação de Honduras. Foi na primeira viagem rapidamente planejada a Los Angeles, Califórnia, (no qual ademais se tinha planejados sendo encontros em outro par de cidades da Flórida), onde o confinamento obrigatório produzido pela pandemia do COVID-19 deteve o giro do Coordenador Nacional do novo esforço.
Desde esse momento o desafio foi diferente e sem dúvida mais difícil. A necessidade de comunicar as ideias que estavam amadurecendo desde um ano atrás, de escutar as inquietudes e propostas para renovar as estratégias partidárias e os mecanismos políticos para aprofundar a democracia dentro do Libre, levaram a desenvolver uma corrida virtual de aproximação, debate, construção e seleção de lideranças e direções provisórias. Desde esse momento se realizaram as primeiras assembleias por meios eletrônicos, por certo que desde um início foram amplamente concorridas e participativas. Daí também surgiu o Código de Ética da Nova Corrente, documento fundamental para conseguir o compromisso militante que demanda a situação atual e do qual falaremos em profundidade em outro artigo.
O caráter provisório destas diretivas foi aprovado pela Coordenação Nacional no entendido que somente uma vez que pudessem ser presenciais as assembleias, estas poderiam ficar firmes. Ainda assim se organizaram todos os cargos que mandam os estatutos e duas secretarias mais que se somaram à estrutura oficial: a Secretaria de Transparência e Anticorrupção, e a Secretaria de pessoas com Capacidades Especiais. Também três estruturas que se constituíram de maneira prioritária são as de juventudes, mulheres e hondurenhos/as no estrangeiro.
Recentemente terminaram de se organizar as Coordenações Departamentais provisórias e com isso também deu início a estruturação dos municípios. O compromisso é a inscrição das 298 estruturas nacionais para a participação nas Eleições Internas que selecionarão as novas autoridades partidárias, as Eleições Primárias nas quais se elegerão os candidatos/as para as 298 eleições municipais e as 18 planilhas departamentais dos pré-candidatos/as ao Congresso Nacional da República.
A primeira vitória da Nova Corrente é ter vencido a pandemia ao começar a desenvolver o processo de organização nacional e internacional de suas estruturas de apoio. Nas próximas semanas dará início a Escola de Formação Política e Ideológica para contribuir com o nível de formação da direção e garantir assim o aumento substantivo de sua consciência política e o conhecimento da situação no qual o regime e a pandemia estão deixando o país.
À par de todo este esforço organizativo também foi iniciada uma aproximação a setores sociais organizados para concretizar a proposta do Levante Popular Eleitoral, estratégia fundamental da Nova Corrente que estabelece que, embora o triunfo nas urnas deva ser uma realidade – tal como o foi em 2013 e em 2017 – em 2021 o povo deve assumir a luta contra a ditadura de maneira simultânea desde diferentes trincheiras para garantir seu final. Para isso se propuseram espaços de participação para dirigentes – homens e mulheres – das organizações sociais cujos setores desejam postulá-los no interior da Nova Corrente, logrando assim a integração efetiva das visões mais próximas ou diretas da luta popular.
O crescimento da Nova Corrente é vertigino e promissor, incide positivamente na dinâmica interna do partido e se manifestou desde o início com uma campanha sã, sem ataques, nem armadilhas para os companheiros/as de partido que ainda militam em outras correntes; conscientes da importância da unidade partidária, coloquemos ênfase diariamente de que depois do processo interno Libre deve sair fortalecido. O futuro está aqui…
Gilberto Ríos Munguía é dirigente do Partido Libertad y Refundación.