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France's 'Yellow Vest' Protesters Return to Champs-Elysees
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Clipping Semanal do Observatório Internacional da Fundação Lauro Campos – 09/12

Nesta edição do Clipping Semanal do Observatório Internacional, destacamos a vitalidade da revolta dos Coletes Amarelos na França, que empareda Macron e parece contagiar outros países da Europa, como Holanda, Bélgica e Hungria. Na Europa, monitoramos ainda a perigosa ascensão eleitoral da extrema-direita na Espanha, a sucessão de Angela Merkel no CDU e o prenúncio de uma nova divisão na centro-esquerda italiana.

Dos EUA, selecionamos a implicação de Donald Trump no caso de silenciamento de mulheres que se disseram assediadas pelo presidente norte-americano que resultou no pedido de prisão de Michael Cohen, ex-advogado de Trump. No México, Lopez Obrador tomou posse e anunciou como primeiras medidas de seu governo o corte de privilégios presidenciais e a instauração de uma Comissão da Verdade para investigar o desaparecimento dos 43 estudantes de Ayotzinapa.

Daqui da América do Sul, enfocamos a continuidade das marchas estudantis na Colômbia reivindicando mais recursos para a educação pública, a negação do pedido de asilo feito por Alan García ao Uruguai e a indignação das mulheres argentinas após um tribunal rejeitar a acusação de feminicídio para o assassinato da jovem Lucia Perez que motivou a primeira paralisação nacional convocada pelo movimento Ni Una Menos.

Desejamos uma excelente leitura internacionalista a todos e até a próxima semana!

Charles Rosa – 09/12


NOTÍCIAS E ARTIGOS DA IMPRENSA MUNDIAL

Protestos dos coletes amarelos

Bloomberg (04/12): “História para Macron: manifestantes franceses sempre vencem“, por Helene Fouquet (em inglês)

A França está acostumada a protestos violentos. Afinal, a identidade da nação foi formada pela revolução de 1789. Então, as manifestações e os motins do Colete Amarelo são muito familiares para os franceses de hoje. Eles são o quinto de uma série de grandes levantes públicos no último meio século que ajudaram a moldar a nação como ela é hoje. Sua história não augura nada para o presidente Emmanuel Macron. De estudantes atiradores de paralelepípedos em 1968 a determinados trabalhadores de transportes em 1995, os manifestantes do passado têm uma coisa em comum: o governo recuou e principalmente atendeu às suas demandas.

The NY Times (04/12): “Paris em chamas“, Editorial (em inglês)

O recuo é uma aposta perigosa. Na opinião dos manifestantes, Philippe e seu chefe só ouviram sua raiva quando começaram a incendiar carros na avenida Kléber, não quando ardiam em aldeias distantes. As redes sociais já clamam por mais. As demandas agora incluem a renúncia do Sr. Macron e a dissolução do Parlamento. Tais passos seriam grandes erros. Certamente o Sr. Macron e seu governo têm que prestar atenção muito maior à França fora de Paris e de outras grandes cidades, e precisam fazer esforços muito maiores para explicar suas medidas e reduzir o fardo sobre as muitas pessoas que lutam na fronteira da pobreza. .

Publico.es (08/12): “Mais de mil detidos e 135 feridos nos protestos dos coletes amarelos“, (em espanhol)

O epicentro dos protestos foi pelo quarto sábado consecutivo a zona dos Campos Elíseos, onde manifestantes lançaram objetos contra os agentes destacados, que responderam com gás lacrimogêneos. Também em Bruxelas se registraram centenas de detenções.

Eleições em Andaluzia

El Diario (02/12): “A onda europeia de extrema-direita irrompe na Espanha através de Andaluzia“, (em espanhol)

O discurso de Vox contra o independentismo catalão, a migração e o establishment tem entrada na Andaluzia e abre a porta para uma mudança política. A irrupção de Vox no Parlamento andaluz com 12 cadeiras convergem com o ascenso da extrema-direia europeia e com o franquismo sociológico que até pouco tempo atrás se abrigava no PP.

El País (04/12): “Vox: três focos do ascenso da extrema-direita em Andaluzia“, (em espanhol)

A irrupção de Vox no Parlamento andaluz removeu o tabuleiro político. O partido de extrema-direita contou com o apoio de quase 400 000 andaluzes. O auge da formação foi especialmente acusado em alguns lugares que eram celeiro de voto para o PP, como El Ejido (Almeria) ou no bairro sevilhano de Los Remedios. Em Albuñol (Granada) ganhou o PSOE, mas Vox escalou para a terceira posição.

Protestos na Hungria


Al Jazeera (08/12): “Trabalhadores húngaros protestam contra ‘lei da escravidão’; estudantes se juntam“, (em inglês)

Milhares de pessoas se manifestaram em Budapeste contra as mudanças propostas na lei trabalhista que aumentariam o patamar máximo de horas trabalhadas. Estudantes também saíram às ruas para pedir mais liberdade acadêmica, inspirados nos protestos dos coletes amarelos na França

Sucessão de Angela Merkel no CDU

The Guardian (08/12): “Annegret Kramp-Karrenbauer eleita como sucessora de Merkel na liderança do CDU“, (em inglês)

Annegret Kramp-Karrenbauer, uma político católica conservadora de carreira, foi eleito o sucessora de Angela Merkel na liderança dos democratas cristãos da Alemanha. Kramp-Karrenbauer venceu por apenas 25 votos após um segundo turno contra seu principal oponente, o multi-milionário Friedrich Merz.

Social-democracia na Itália

El País (07/12): “A esquerda italiana volta a implodir“, (em espanhol)

Matteo Renzi estuda criar um novo partido que se aproxime da sociedade civil e provoca o último terremoto num PD à beira da decomposição.

Escândalos de Trump

Chicago Tribune (07/12): “Promotoria implica Trump em pagamentos ilegais para silenciar mulheres” (em inglês)

Os promotores federais implicam diretamente o presidente Trump nos pagamentos ilegais a duas mulheres para silenciar potenciais escândalos sexuais que ameaçavam prejudicar sua campanha presidencial. Estado pede ainda a prisão do ex-advogado do presidente, Michael Cohen, apesar de sua cooperação com a investigação.

Condenação de extremista de direita de Charlottesville

LA Times (07/12): “Homem que jogou carro em multidão de Charlottesville é condenado em primeira instância” (em inglês)

Um promotor disse a um júri na quinta-feira que James Alex Fields Jr. tinha ódio e violência em sua mente quando ele deliberadamente dirigiu seu carro contra uma multidão de contraprotestes em uma manifestação branca nacionalista, matando uma mulher, ferindo dezenas e deixando corpos espalhados pelo chão. Enquanto os promotores pediam aos jurados que considerassem Fields culpados de assassinatos em primeiro grau e outros crimes pelo acidente mortal de agosto de 2017, seus advogados fizeram uma tentativa final de convencê-los de que Fields havia entrado na multidão por medo.

Primeiras medidas de AMLO

The Guardian (03/12): “Novo presidente do México cria comissão da verdade para investigar o desaparecimento dos 43 estudantes de Ayotzinapa“, (em inglês)

Cumprindo promessas de campanha, Andres Manuel Lopez Obrador instala comissão para tentar desvendar crime de 2014 jamais solucionado que abalou o mandato de seu antecessor, Enrique Peña Nieto.

Corrupção no Peru

BBC Mundo (03/12): “Caso Odebrecht: Uruguai rechaça pedido de asilo de Alan García, ex-presidente do Peru“, (em espanhol)

O governo do Uruguai rechaçou nesta segunda-feira a solicitação de asilo feita pelo ex-presidente peruano Alan García na embaixada deste país em Lima. García está impedido pela Justiça peruana de sair do país por 18 meses, graças à investigação de seu possível envolvimento em casos de corrupção com a construtora brasileira Odebrecht.

Protestos estudantis na Colômbia

NTN24 (06/12): “Estudantes das universidades públicas da Colômbia voltaram às ruas para exigir mais recursos“, (em espanhol)

As ruas de Bogotá voltaram a ficar cheias de estudantes universitários, que reiteraram sua exigência ao governo do presidente Iván Duque, para que entregue mais recursos para a educação pública.

Ni Una Menos

TN (05/12): “Uma multidão marchou em repúdio ao julgamento do caso Lucía Perez”, (em espanhol)

Para a Justiça de Mar del Plata o assassinato de Lucía Perez não foi feminicídio. Uma semana depois dessa decisão, o repúdio das mulheres foi absoluto, que convocaram uma Paralisação Nacional e uma marcha até a praça de Maio.

Assange

The Telegraph (06/12): “Julian Assange rejeita acordo entre Reino Unido e Equador para que ele deixe a embaixada“, (em inglês)

O advogado de Julian Assange recusou um acordo anunciado pelo presidente equatoriano para que ele deixe a embaixada do país em Londres, depois de seis anos de asilo. Lenin Moreno não esconde de ninguém que deseja ver o fundador do Wikileaks fora da embaixada.

Conflito Comercial

El País (06/12): “Diretora financeira da gigante chinesa de celulares Huawei é presa no Canadá“, (em português)

Meng Wanzhou, filha do fundador da empresa, teria violado sanções contra o Irã. Pequim demonstrou indignação e exigiu que ela seja solta.

 


ARTIGOS E DEBATES DA ESQUERDA INTERNACIONAL

Eleições em Andaluzia

Viento Sur (04/12): “E a Europa entrou por Andaluzia…“, por Miguel Urbán (em espanhol)

Além das causas múltiplas e das consequências e lições variadas, na foto que nos deixa o 2D, Andaluzia, e com ela o Estado espanhol, parecem-se hoje um pouco mais com a Europa: bipartidarismo quebrado, extremo centro neoliberal em recomposição, sua pata social-lieberal se afundando, extrema-direita em ascensão, uma esquerda impotente e parlamentos resultantes fragmentados. A tendência vem de longe no tempo e no espaço. Hoje aqui estamos um pouco mais próximos dela.

Portal da Esquerda em Movimento (06/12): “Eleições na Andaluzia: irrompe a extrema-direita, alerta antifascista!“, por Israel Dutra (em português)

O alerta é real, o perigo existe e combatê-lo é uma necessidade. São três grandes tarefas que o movimento tem pela frente: organizar a luta antifascista, apresentar uma alternativa radicalmente nova e disputar os rumos das ações, desorganizadas e confusas, do movimento de massas.

Publico.es (03/12): “O que se passou em Andaluzia? Notas para democratas e irresponsáveis“, por Juan Carlos Monedero (em espanhol)

VOX –nosso Bolsonaro aconselhado pelo mesmo Bannon- construiu uma “identidade dos esquecidos” enfrentando a esquerda de Susana Díaz no governo. E mobilizou um voto do ódio (machista, racista, ultra) que já não votava. Ao não ter poder nenhum

Esquerda.net (08/12): “Andaluzia: análise de um tsunami político“, por Jorge Martins (em português)

As eleições autonómicas realizadas na Andaluzia no passado dia 2 foram marcadas por uma verdadeira “onda” de extrema-direita, que produziu um verdadeiro “tsunami político”. Este traduziu-se, essencialmente, na perda da maioria de esquerda, que se mantinha desde a primeira eleição dos órgãos da Comunidade Autónoma, em 1982, e na entrada em força do VOX, um partido da extrema-direita, no Parlamento Regional.

Revolta dos “coletes amarelos” na França

Jacobin Magazine (08/12): “Podem as vestes amarelas falar?“, por Édouard Louis (em inglês)

Um dos jovens romancistas mais brilhantes da França, o trabalho de Édouard Louis enfatiza as humilhações diárias e a brutalidade insignificante da vida na pequena cidade francesa. Um crítico do governo de Emmanuel Macron, ele tem apoiado os protestos de “gilets jaunes” ou “coletes amarelos” que varreram o país nas últimas semanas, provocados por uma disputa sobre o aumento dos preços dos combustíveis. Em particular, o escritor tem combatido as tentativas da mídia de difamar os participantes como oponentes estúpidos do progresso. Neste texto, originalmente publicado em Les Inrockuptibles, Louis proclama que “aqueles que insultam os gilets jaunes estão insultando pessoas como meu pai”.

NPA (08/12): “A intensa repressão não impediu a mobilização. Macron deve ceder!“, por NPA (em francês)

Diante desse movimento profundo contra a vida cara, Macron deve ceder: acabar com os impostos injustos, fazer os ricos pagar, aumentar os salários e a renda. Na noite deste novo dia de mobilização, que reconhece o fato de que Macron e suas políticas são ilegítimas, podemos fazê-lo recuar.

Rebelion.org (08/12): “Os coletes amarelos, revelador de um modelo social de crise“, por Alex Anfruns (em espanhol)

Como vimos, a política defendida por Macron implica a contradição entre um modelo econômico que produz fortes desigualdades sociais e o começo de uma consciência da urgência de brindar soluções às consequências deste sistema no meio ambiente. Mas, ao não proporcionar alternativas como o transporte público gratuito ou o desenvolvimento do transporte de mercadorias por ferrovia, esta medida não foi efetiva para incentivar os automobilistas a mudar seus hábitos.

México

Rebelion.org (05/12): “Transformação e transformismo“, por Massimo Modonesi (em espanhol)

AMLO aproveita o momento favorável para impulsionar sua aposta hegemônica, de criação de um consenso interclassista, tanto em relação a seus aliados como a seus aliados. Isso pode ser bem expressado num equilíbrio entre transformação e transformismo, um equilíbrio que evoca outras experiências históricas e a antiga tradição priista, que não deixou de se expandir e se reproduzir nas oposições de esquerda e de direita que a rodearam.

New Politics (05/12): “Presidente Andres Manuel López Obrador promete o ‘renascimento do México’“, por Dan La Botz (em inglês)

O novo presidente enfrentará desafios dos antigos partidos políticos. O Partido da Ação Nacional, historicamente o partido religioso e pró-comércio, já está realizando uma campanha de difamação com um panfleto que compara AMLO a Stalin, Hitler, Nicolás Maduro, Hugo Chávez e Kim Jong-un, prometendo defender a liberdade. E, ao mesmo tempo, o Partido Revolucionário Institucional, por setenta anos o partido no poder, pediu uma frente única do povo para resistir às reformas propostas pelo AMLO e o que eles dizem ser a militarização do país. Ambas as partes comparam a AMLO a Maduro e apontam para o desastre da ditadura e a desintegração da economia. AMLO terá as mãos cheias.

Financeirização

The Next Recession (02/12): “Financeirização ou rentabilidade?“, por Michael Roberts (em inglês)

Apesar das afirmações da escola da financeirização, a evidência empírica não a sustenta. Por exemplo, Mian e Sufi calculam que a Grande Recessão foi causada por um colapso imediato no consumo. Esta é a visão tradicional keynesiana. Mas a grande recessão e a posterior e frágil recuperação não foi o resultado do consumo, mas da queda do investimento.

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