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Na era de Donald Trump, o ativismo das mulheres parecia estar em ascensão nos Estados Unidos. Em 21 de janeiro de 2017, poucos dias após a estreia de Trump no governo, parecia que os EUA haviam entrado em uma nova fase na militância de mulheres. Cerca de 3 a 5 milhões de pessoas participaram nas massivas “Marchas das Mulheres” (Women’s Marches) ao longo de todo o país. E ainda sim, apesar da reedição anual desta primeira marcha, nenhum novo movimento de mulheres veio a se concretizar. Parte disso com certeza tem a ver com uma abordagem específica do feminismo dominante nos estados unidos desde o final dos anos 80.

Esse feminismo corporativo, burguês cooptou a energia do liberalismo radical das mulheres dos anos 70 e a canalizou para gestos comercializados e simbólicos, ao mesmo tempo em que abandonava as necessidades materiais das mulheres da classe trabalhadora. Essa linhagem do feminismo esteve particularmente em destaque durante as eleições primárias de 2016, quando a narrativa da mídia dominante era de que a campanha presidencial de Hillary Clinton representava um divisor de águas para o feminismo, apesar do fato de que sua candidatura não oferecia nada de substancial as mulheres da classe trabalhadora – ela esteve contra o aumento do salário mínimo e contra um sistema de saúde público.

Entretanto, os apoiadores de Bernie Sanders foram tratados como “irmãos do Bernie” (Bernie’s Bros), e uma das maiores ícones feministas dos Estados Unidos insinuou que mulheres o apoiavam como forma de atrair homens. Mas a realidade é que o programa político de Sanders dialoga com as batalhas das mulheres da classe trabalhadora, e o apoio de mulheres e negros e negras que ele tem uma evidência disso.

O primeiro Dia Internacional das Mulheres foi organizado pelo partido socialista nos Estados Unidos em 1909, mas hoje em dia poucas mulheres americanas, inclusive feministas, reconhecem suas raízes históricas ou o celebram. Há um tempo a maior parte das feministas nos Estados Unidos também eram socialistas e ligadas a luta pelos direitos das mulheres e à luta mais ampla da classe trabalhadora, o feminismo no meu tempo tem sido dominado por uma linha de ativismo simbólico cooptado pela classe dominante. As feministas socialistas de hoje estão retornando às raízes históricas e se organizando, em conflito direto com o feminismo corporativista.

Elas seguem em defesa de demandas de massa como Saúde Pública universal, o aumento do salário mínimo, habitação social, e universidades públicas. Essas são pautas altamente populares entre toda a classe trabalhadora, e que representam benefícios concretos e atingíveis para mulheres e suas famílias. Enquanto isso, a militância de trabalhadores nos Estados Unidos é a maior dos últimos trinta anos. As greves que estão varrendo os estados da West Virginia até a Califórnia são na educação e na saúde: dois setores em que historicamente predominam mulheres. As bases estão sendo construídas para um feminismo socialista renovado nos Estados Unidos. Neste dia internacional das mulheres nós estamos ansiosas para continuar a construir esse movimento

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