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Ecuador
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O início do mês de outubro de 2019 entrará para a história do Equador e da América Latina, que foi contagiada pelos ventos equatorianos, como se vê no Haiti, Chile, Colômbia e Honduras. Após o anúncio pelo governo Lenín Moreno, no dia 1°, de um novo acordo com o FMI e a consequente aplicação de um pacote de medidas econômicas exigidas pelo Fundo, que afetariam drasticamente a vida da população trabalhadora, a resposta das massas equatorianas, tendo na vanguarda as comunidades indígenas, foi marcada por uma jornada de 11 dias de luta e uma greve geral, que impôs o recuo do governo equatoriano da primeira medida anunciada: o corte nos subsídios estatais dos combustíveis, que existem há mais de quatro décadas no país, e que elevaria os preços dos combustíveis em 123%, fora os impactos que este aumento causaria no custo de vida da população trabalhadora.

Os termos finais do acordo ainda não foram redigidos e, apesar do recuo, não podemos deixar de registrar que o governo de Lenín Moreno desencadeou uma brutal repressão contra a mobilização, que resultou em milhares de detidos (1.300), dezenas de mortos, centenas de feridos e desaparecidos. 

Contraofensiva

Enquanto isso, Lenín Moreno segue buscando demonstrar seu compromisso com o FMI, sua disposição de atender aos interesses do capital financeiro e da burguesia equatoriana, que querem descarregar sobre as costas da classe trabalhadora equatoriana o peso da crise econômica capitalista.

O governo já sinalizou em apresentar uma proposta de Reforma Trabalhista e, na última sexta, 09, encaminhou um plano de Reforma Tributária para a Assembleia Legislativa Equatoriana. Dentre as medidas anunciadas, que tem como objetivo reduzir gastos públicos na ordem de US$ 4 milhões, estão reduções no imposto sobre a movimentação de divisas e a demissão de 38.000 funcionários públicos. O que demonstra de forma categórica que o plano da classe dirigente equatoriana é atacar as condições de vida do povo através de um ajuste fiscal que trará retrocessos para o povo trabalhador e benefícios para as grandes empresas. 

Mas, para os defensores do grande capital, é necessário ainda mais sacrifícios. Em matéria do jornal “La Hora”, Napoleón Santamaría, especialista em legislação tributária, expressa de forma aberta quais medidas deveriam ser adotadas pelo governo: “A direção não é ruim, mas a profundidade sim é questionável, porque a arrecadação que projeta a lei é minúscula. Sem a eliminação dos subsídios, sem o incremento de três pontos ao IVA, sem a delegação de empresas públicas (privatização), o governo não tem um plano econômico, não tem nada que fazer”.

Resistência

As organizações dos trabalhadores e do povo equatoriano, moralizadas com as jornadas de outubro, já tem uma nova data de mobilização marcada: o próximo 30 de outubro. Cabe agora não apenas repetir o que foram as jornadas do início do mês, mas superá-las com a entrada em cena dos sindicatos em unidade com os setores populares que foram vanguarda neste primeiro momento da luta para derrotar os planos neoliberais do governo traidor de Lenín Moreno e avançar numa saída dos trabalhadores e dos povos indígenas que supere, inclusive, os limites dos dez anos do projeto da “Revolução Cidadã” de Rafael Correa.

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