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Hoje faz 15 anos que Pierre Broué morreu. Ele é provavelmente um dos historiadores que mais influenciou minha formação política. Antes de tudo, ele foi o historiador do movimento revolucionário e das revoluções. Sua bibliografia é simplesmente impressionante. O primeiro livro que eu li foi A Primavera dos Povos Começa em Praga, sobre a revolução política da ex República da Thecoslovaquia, uma obre que retrata brilhantemente o processo do histórico movimento contra a burocracia estalinista e as contradições vividas pelos revolucionários em busca do estabelecimento da República dos Sovietes. Como em seus outros livros, nota-se a riqueza de detalhes, mas também sua consistente busca pela verdade, não importa se ela lança uma luz negativa sobre o próprio movimento revolucionário. Assim, ele não é condescendente ao criticar decisões erradas e erros, rompendo com a visão estereotipada do Comintern como completamente errônea ou incondicionalmente gloriosa.

Seus livros sobre a Guerra Civil Espanhola também me abriram os olhos, assim como seu trabalho monumental sobre a oposição de esquerda russa. Uma pista nos escritos de Broué é o anti-stalinismo, não apenas como um julgamento moral, mas como uma busca de uma explicação materialista para a degeneração da Revolução Russa. É claro que isso não aconteceu sem uma grande dose de simpatia pelos que lutaram contra o stalinismo, não importando se eram os russos famintos em Kolymna-Magadan ou os revolucionários que trabalhavam ilegalmente na parte ocupada pelos nazistas da Europa. Estou certo de que, no futuro, as obras de Broué serão lidas por mais e mais pessoas, especialmente jovens, numa época em que o sistema capitalista está em uma terrível recessão.

No momento da redação deste artigo, a tradução em espanhol de sua enorme biografia de Trotsky está finalmente pronta para publicação. Ainda faltam traduções de muitos de seus livros, disponíveis apenas em francês, por exemplo seu livro sobre Leon Sedov, sobre Rakovsky e sobre a história do Comintern. Há utilidade para eles, pois eles não são apenas trabalhos acadêmicos, mas ferramentas para mudar o mundo.

José Carlos Miranda é ativista dos movimentos sociais desde os anos 1981, é da Coordenação Nacional da Resistência/PSOL, membro do Conselho Curador da Fundação Lauro Campos (PSOL) e da Direção do PSOL-SP

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