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Fonte: Plataforma Cidadã em Defesa da Constituição/ Aporrea | 22/07/2020 | Tradução: Charles Rosa

Além da pandemia pela qual a humanidade vem atravessando há vários meses, para os venezuelanos outra epidemia começou muito antes.

O governo de Nicolás Maduro arruinou não apenas os avanços que nossa sociedade havia alcançado anteriormente em diferentes áreas como educação, saúde, segurança alimentar, exercício democrático, soberania, reconhecidos mundialmente, mas, o que é pior, até as esperanças pareceram se dissipar; aqueles que governam e aqueles que tentam nos governar por meio de intervenção estrangeira, querem nos converter, e isso faz parte de um projeto, em um povo sem esperança, um povo sem espírito de luta, um povo resignado à entrega de seus recursos naturais, um pessoas resignado à deterioração acelerada dos serviços públicos; um povo resignado ao trabalho sem salários, sem capacidade de contratar sua relação de trabalho, sem defesa sindical; um povo que precisa de esmolas para sobreviver.

Por outro lado, o antigo inimigo dos povos que o Libertador já havia denunciado em 1829, o imperialismo dos EUA, encontrou, como nunca antes tão abertamente, aliados internos que propõem diretamente a nossa invasão: Juan Guaidó e Leopoldo López, o chamado G4 e grande Empresários com “nacionalidade” venezuelana, mas com espíritos transnacionalizados, chamem-se de americanos, russos, chineses, europeus, turcos etc. Espírito e consciência do grande capital.

De acordo com nossa Constituição, aprovada soberanamente em 1999, a mesma que o governo Maduro propôs mudar, a mesma que é repetidamente violada por Guaidó e G4 e pelo próprio governo Maduro-Cabello-Padrino, está prevista uma eleição para a Assembléia Nacional que deve ocorrer e já está anunciada para o próximo dia 06/12/2020.

Embora as pesquisas de opinião indiquem uma rejeição do governo, que fica perto de 80%, dentro das enormes restrições impostas pela pandemia e pelo controle social que o governo exerce, e considerando que o povo, o cidadão comum, deve empregar o pouco tempo disponível para mobilizar-se na busca precária de alimentos e medicamentos, essa escolha representa, para a elite dominante, a opção menos desfavorável, pois considera que um povo desmobilizado e também desmotivado pode ser manipulado por seu mecanismo político e muito mais quando dispõe dos recursos do poder. Daí o seu interesse pelas eleições deste ano. Não é precisamente porque querem cumprir a Constituição que já pisotearam tantas vezes.

No entanto, tal como a história venezuelana e universal mostrou muitas vezes, um plebiscito, um referendo ou eleições em que o verdadeiro povo se expresse massivamente diante de observadores de todo o mundo para mostrar sua rejeição tanto ao governo como aos que planejam uma selvagem intervenção estadunidense em nossa terra, pode constituir uma demonstração de força democrática que, em prazos insuspeitadamente curtos, poderia ser capaz de impulsionar as mudanças democráticas ineludíveis que deseja a sociedade.

No início deste mesmo mês de julho, publicamos, a partir deste espaço, o documento intitulado “Acordo pré-eleitoral para enfrentar a emergência social, voto para salvar a República” [1], documento que, mais uma vez, convidamos você a ler e, que Agora, permite-nos reafirmar POR QUE VOTAR.

Vote porque esse processo eleitoral pode abrir uma brecha democrática para resgatar a legitimidade e constitucionalidade da AN. Um poder, acrescentamos agora, que abandonou sua capacidade de exercer a função constitucional de legislar e exercer vigilância sobre as ações dos outros poderes públicos. Um Poder que somente pode recuperar sua Autoridade e Ascendência sobre os cidadãos se a grande maioria dos eleitores visualiza e faz parte da Outra Opção, não somente de partidos mas de organizações sociais, que emergem à margem do desgaste e repúdio do que ainda chamam “polarização”, articulada sobre a base de uma orientação de rechaço a qualquer Intervencionismo e capaz de consensuar um Acordo e Compromisso Pré-Eleitoral centrado em Medidas Urgentes dirigidas a abordar a Emergência Social e Humanitária vivida pelas famílias trabalhadoras e pela imensa maioria da população.

Votar com o propósito de recuperar condições e espaços de vida, que estimule a qualificação do Ato Eleitoral e promova a Qualidade do Voto como Ato Decisório sustentado no mais amplo Acordo e Compromisso Eleitoral.

Votar porque nos permite, além de promover candidatos a mudar a situação atual, apostar para que a participação massiva dos cidadãos nesse processo se torne um ato refratário contra os responsáveis ​​por esse desastre que violaram a Constituição e colocaram em risco a República, o População e seu território.

Vote porque acreditamos que nada e ninguém pode substituir o povo organizado na solução de seus problemas. Esse desastre de um país em queda livre só pode ser reconstruído pela vontade determinada de seu povo. As eleições parlamentares são uma oportunidade para melhorar as condições de luta em que nos encontramos, para impedir que continuemos a cair no abismo do desespero. A tarefa histórica que corresponde à nova Assembleia Nacional que for eleita é a de propiciar, propor, auspiciar, facilitar o diálogo nacional para enfrentar a gravíssima situação do serviço de Água Potável e Saneamento em todo o país, a gravíssima situação da escassez de gás doméstico, a intolerável escuridão que se vive no interior da República pela falha estrutural do Sistema Elétrico Nacional, a gravíssima situação da falta de combustível que paralisa o país, a dissolução do sistema escolar venezuelano, a agonia do sistema de saúde, e em geral a debacle da economia nacional.

Por todo o anterior, NÃO PODEMOS NOS ABSTER DE PARTICIPAR. A única resposta possível é VOTAR; manifestar-nos com a arma poderosa disponível do exercício da soberania popular através do sufrágio e da força da opinião pública, mas fazer isso contra os que causaram o desastre no qual nos encontramos: o governo de Maduro e o governo imperial de Donald Trump representado pelo “Guaidoismo”. Votar conscientemente, exigindo garantias eleitorais e o respeito à vontade popular, evitando as provocações do governo e dos opositores abstencionistas que fazem o seu jogo, para evitar uma participação eleitoral massiva que o faria balançar no poder e enviasse uma mensagem ao mundo de que os venezuelanos somos um povo soberano. Façamos de nosso voto uma arma para abrir o caminho em direção à mudança democrática e pacífica que nos permita sair do labirinto. Sim, há futuro, mas temos que lutar por ele.

VOTAR CONTRA OS CAUSADORES DO DESASTRES É CONVERTER AS ELEIÇÕES PARLAMENTARES EM UM REFERENDO LIBERTADOR!

ABSTER-SE É DEIXAR O CAMINHO ABERTO PARA A ENTREGA DO PAÍS, PARA A VIOLÊNCIA E PARA A DESTRUIÇÃO!

Héctor Navarro, Gustavo Márquez, Roberto López, Juan García, Esteban Emilio Mosonyi, Edgardo Lander, Oly Millán Campos, Santiago Arconada, Ana Elisa Osorio.

[1] Publicado em diversos portais: https://www.aporrea.org/actualidad/n356984.html

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