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FONTE: Blog do Tito Prado | 03/08/2020 | TRADUÇÃO: Charles Rosa

O primeiro-ministro Pedro Cateriano acudirá nesta segunda-feira ao Congresso, a solicitar o voto de confiança, depois de expor a política geral do Governo. Entretanto, terá que explicar ao país o que deixou de fazer o presidente Martín Vizcarra em sua última mensagem à Nação. Ou seja, o que aconteceu com o plano de emergência que não conseguiu seus objetivos?

O último 28 de julho foi uma oportunidade para que o Presidenta faça uma reflexão séria sobre a situação grave que vive o país. Entretanto, não partiu da realidade. Não disse nada dos mais de 650 mil infectados e 40 mil mortos, segundo a própria Ministra da Saúde, o que torna o Peru num dos países mais afetados do mundo.

Falou como se estivéssemos numa situação normal, com excesso de triunfalismo. Duas horas listando obras e medidas como se quisesse o aplauso da galeria, com promessas para o futuro. Ante a emergência isso é muito pouco. Entre o que disse, destaca-se um segundo bônus familiar de 760 soles que não tem nada de universal. O primeiro foi válido para 4 meses e este segundo terá duração de 3 meses. Parece mais a uma esmola, porque até agora dos 60 bilhões destinados para a emergência somente se gastou menos de 10% nestes subsídios, cerca de 90% foi parar nos cofres dos bancos e das grandes empresas. Não disse nada sobre as cobranças abusivas dos serviços básicos e da banca usureira que segue apertando os cidadãos com juros altíssimos como se nada tivesse passado.

Para a emergência em saúde somente foram destinados um bilhão de soles. Os pedidos para mitigar a escassez de equipamentos médicos e outros insumos como respiradores ou oxigênios se fez tarde quando já estava bem agravada a crise por desabastecimento. A distribuição a nível local agregou trâmites burocráticos repletos de corrupção. Até agora continuam os protestos de médicos e enfermeiras porque não chega a ajuda prometida e seguem morrendo os da linha de frente. A anunciada saúde universal é somente a unificação do SIS e ESSALUD, ou seja, dos sistemas públicos enquanto as clínicas privadas seguirão igual mercantilizando com a vida dos peruanos.

Durante décadas se poupou para ter fortes reservas internacionais, se chegou a ter 70 bilhões de dólares, o que representa 32% do PIB, um dos mais altos do mundo. Mas essa poupança custou o sacrifícios de investimentos em saúde ou educação que estão entre os menores do continente. O anúncio de 20 bilhões de soles para a saúde em 2021 é igual ou menor que o destinado até agora. O governo priorizou a salvação da banca e dos grandes empresários da CONFIEP. A empresa privada quando há ventos favoráveis não quer que o Estado se meta na economia mas quando há crise querem que o Estado se ponha com toda a força a salvar seus negócios com a grana de todos os peruanos.

A quarentena não esteve acompanhada de medidas preventivas e de contenção. Não se atacou a pandemia na atenção primária, não se fez participar a população, se esperou os infectados nos hospitais e estes colapsaram. Não pôs dinheiro no bolso das pessoas para reforçar o confinamento. Os bônus focalizados não foram suficientes para cobrir as necessidades e veio a transbordar. Cerca de 70% da mão de obra informal contribuiu para isso. O que não deveria estranhar. Somos um país primário exportador, sem indústria. Na divisão do mundo, a economia capitalista e imperialista nos condena a ser um “país minerador” para sempre, sem valor agregado em sua produção de matérias-primas.

A situação é grave. À crise sanitária, acrescenta-se a crise econômica com uma brutal recessão, além da crise social, que não tardará em se expressar em maior protestos e novas ações nas ruas, como já está ocorrendo no Chile. Tudo isso, por sua vez, levaria a novas crises políticas. O novo gabinete presidido pelo premier Pedro Cateriano entra com a perna lá em cima, anunciando que sua prioridade serão os projetos mineradores, o que equivale a uma declaração de guerra com os povos e comunidades que resistem a esses empreendimentos. Para acalmar as águas, o Presidente fala de um “Pacto Perú” buscando apoio político à sua gestão nesta última fase de seu mandato. Nem antes nem agora essa política nacional serve aos interesses do povo, mas exatamente contrário. A presença da CGTP aí é um contrassenso com os interesse que representa.

O Gabinete pró-empresarial de Cateriano deve ser rechaçado. O que necessitamos é gestar um grande pacto político social do povo em torno das medidas de emergência que fazem falta e para resgatar o país das mãos da CONFIEP e das multinacionais.

RENDA BÁSICA UNIVERSAL DE 1000 SOLES, MÍNIMO DE 3 MESES

SAÚDE ÚNICA, UNIVERSAL E GRATUITA

CONDENAR PAGAMENTOS DE SERVIÇOS BÁSICOS DURANTE A EMERGÊNCIA

BÔNUS PRODUTIVO AGRÁRIO

Tito Prado é dirigente nacional del Mov. Nuevo Perú.

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