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FONTE: Coordinadora Socialista Revolucionaria | 10/09/2020 | TRADUÇÃO: Charles Rosa

À escalada de massacres que em tão somente dois meses chegam a 47 casos em diversas regiões do país deve se somar a ocorrida a noite do 9 de setembro, quando oito jovens, incluindo um menor de idade, foram assassinados pela polícia quando dispararam a queima roupa sobre centenas de manifestantes que protestavam frente às unidades policiais de bairro denominadas Comandos de Ação Imediata – CAI – pelo assassinato do advogado Javier Ordoñez, quem indefeso foi detido e, assassinado a golpes com e com choques elétricos, por uma patrulha da polícia nas imediações do CAI de Villaluz horas antes de que se iniciassem os protestos. Os feridos já alcançam a soma de duzentos. Os protestos foram convocados pelas redes virtuais uma vez se conheceram as gravações nas quais pôde observar-se a crueldade com a que foi ultimado Javier Ordoñez.

Este massacre faz parte de uma cadeia de assassinatos, agressões e violações sistemáticas aos direitos humanos por parte do corpo policial em todo o país. A repressão às mobilizações populares contabiliza muitos mortos nos distintos pontos da geografia nacional. As denúncias cidadãs a agressões e estupros a mulheres nos mesmos CAI ocorrem diariamente.

O corpo de polícia e seu comportamento repressivo fazem parte de uma institucionalidade vertebrada em torno ao terrorismo de Estado, oficializada na doutrina do “inimigo interno” que traz como consequência a criminalização do protesto social e da própria mobilização cotidiana dos cidadãos.

O Movimento Ecossocialista considera que a justificação midiática desenhada pelas elites segundo o qual a responsabilidade dos fatos ocorridos na capital do país deve atribuir-se a “vândalos” condenáveis judicialmente é uma falácia que tenta esconder a responsabilidade da violência oficial.

Nos somamos às vozes que desde as organizações populares e de direitos humanos propõem a Reforma da Polícia para convertê-la numa entidade de caráter civil agregando que uma reforma dessas características deve ser tão somente um componente de uma modificação integral que aponte a desmontar o terror de Estado e a impunidade judicial que o acompanha. Compartilhamos a proposta da renúncia imediata do Ministro de Defesa e do Comandante em exercício da Polícia de Bogotá.

As mobilizações de 9 de setembro foram majoritariamente juvenis. Gratificam não tão somente a raiva contra a repressão policial, mas, igualmente, o repúdio à marginalidade social à que foram submetidos milhões de jovens que carecem de estudo e trabalho. A forma como o governo de Duque gestionou a pandemia produzida pela Covid-19 aumenta esse rechaço juvenil.

A entrega de grandes quantidades de dinheiro do orçamento público aos banqueiros e aos grandes empresários enquanto nega recursos aos hospitais, aos centros de saúde e a uma população cada vez mais empobrecida pela paralisia econômica sintetiza a conduta, o caso de AVIANCA é emblemático.

O governo nacional acaba de autorizar a entrega de US$370 milhões a essa empresa de aviação quebrada, com personalidade jurídica obtida no Panamá para evadir impostos e administrada por bancos norte-americanos, tirando os recursos do Fundo orçamentário destinado a mitigar os efeitos sociais da Covid-19 enquanto a população experimenta grandes dificuldades para conseguir a subsistência.

O movimento Ecossocialista compartilha a indignação e reconhece a legitimidade social dos protestos que se apresentaram neste 9 de setembro em Bogotá e das quais se vêm desenvolvendo durante os últimos semanas em todo o país para enfrentar tanta injustiça e barbárie. Consideramos que é urgente coordenar esforços entre todos os que estamos interessados em mudar o atual estado de coisas para unificar reivindicações de caráter urgente tais como a renda básica universal, o aumento do gasto público em saúde, impostos às grandes fortunas, planos de emprego e financiamento para as pequenas e medianas empresas, o desmonte da repressão, entre outros.

O movimento Ecossocialista faz um chamado à solidariedade internacional. Consideramos urgente declarar a Colômbia em emergência humanitária, dada a escalada de massacres que vem apresentando-se no país na absoluta impunidade, e a repressão indiscriminada que pratica a Força Pública como parte do terror de Estado. As declarações de funcionários de Nações Unidas ou das Instituições internacionais responsáveis do seguimento de violações aos direitos humanos condenando estes fatos não são suficientes.

Requeremos medidas urgentes. Chamamos às organizações sociais, democráticas e aos cidadãos que em qualquer parte do mundo entendam a gravidade da tragédia humanitária que padece a população colombiana a manifestar sua solidariedade e a exigir a chamada “comunidade internacional” a que tome as medidas da gravidade dos fatos que vêm ocorrendo no país.

Que viva a revolução dos povos e xs que lutam!

Movimento Ecossocialista Colombia

10 de Setembro de 2020

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